Em maio de 2011, tudo estava organizado para a cerimônia do meu casamento. Na capital escocesa, estávamos comovidos e felizes com a mobilização de amigos e familiares que chegariam do Brasil e de outros países para celebrar conosco.
Uma semana antes do enlace, a 1.200 quilômetros dali, iniciava outra movimentação, sob uma geleira islandesa, desencadeando tremores de terra e a subsequente erupção do vulcão Grímsvötn, o mais ativo da Islândia, ejetando viscosas cinzas vulcânicas que logo chegariam à Escócia, fechando todos os aeroportos e cancelando milhares de voos por toda a Europa.
Seis anos depois, visitei pela primeira vez esse curioso país formado por erupções e tremores, onde a lava e o frio intenso formaram uma paisagem única de montanhas curvilíneas e suaves que escondem intensa atividade geológica e vulcânica sob as placas tectônicas norte-americanas e euroasiáticas. Somente na Islândia esses dois continentes se encontram sobre terra firme. A ilha orgulha-se também de ter sido o berço, em 930 d.C., do mais antigo parlamento ainda em funcionamento, chamado de Althing.
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A milenar nação islandesa, independente da Dinamarca desde 1918, tem somente 360 mil habitantes, o que faz dela a nação menos populosa da Europa. Dois terços estão na capital Reykjavík, uma agradável, aconchegante e desenvolvida cidade na costa sudoeste da ilha.
Os islandeses se orgulham de sua origem viking, descrita em detalhes, e de forma parcialmente mitológica, nas chamadas Sagas dos Islandeses, que contam em vários tomos a história das famílias que chegaram à ilha após seu descobrimento, em 874 d.C.
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O caldeirão geológico sobre o qual a Islândia está assentada fornece a energia necessária para uma vida confortável em um clima polar. 90% de sua população é aquecida pela energia geotérmica, trazida aos centros urbanos por uma extensa rede de tubulações. A eletricidade é gerada por usinas hidroelétricas e geotérmicas, com 80% dela usada em usinas de alumínio, uma das maiores fontes de renda do país.
Em Reykjavík, hospedei-me em uma pensão simples, com quartos pequenos, banheiro compartilhado e um generoso café da manhã. Como em outros países escandinavos, a cultura minimalista fornece conforto na medida certa, sem excessos, fazendo-nos refletir sobre a razão pela qual queremos sempre acumular tanto e, paradoxalmente, jogamos tantas coisas fora, em uma fútil armadilha que nos motiva a seguir consumindo sem a devida ponderação.
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No primeiro dia, no chuveiro, tive a impressão de que havia algo de podre naquele reino sanitário, para em seguida lembrar que toda a água quente da ilha, coletada em seu subterrâneo, traz consigo o odor de ovos estragados do enxofre, ao qual logo me habituei.
A Islândia oferece muitas atrações, quase todas ligadas aos recursos naturais. Dezenas de estações termais proporcionam enormes piscinas naturais de águas leitosas e azuis, com temperatura em torno dos 40 graus. O esplendor da natureza do país pode ser percorrido tranquilamente, sem o ranço turístico de países mais populosos.
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Percorrendo as estradas do interior da ilha, a paisagem é deslumbrante, apesar da virtual ausência de árvores. Na vastidão do horizonte, avistam-se cavalos selvagens, montanhas geladas e a vegetação rasteira que nasce sobre os lençóis de lava solidificada.
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