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Rio de Janeiro

Ator Flávio Migliaccio morre aos 85 anos

Foto: Divulgação

A causa da morte ainda não foi divulgada

O ator Flávio Migliaccio morreu aos 85 anos, no Rio de Janeiro. Ele foi encontrado morto em seu sítio em Rio Bonito, nesta segunda-feira, 4. O último trabalho de Migliaccio na TV foi o personagem Mamede, na novela Órfãos da terra.

O ator dos mil personagens, do teatro à TV
Por Luiz Carlos Merten/Estadão Conteúdo

Você pode até pensar que é piada, mas o primeiro papel profissional de Flávio Migliaccio foi como cadáver na peça Julgue Você. Não parecia muito promissor, mas ele deu a volta por cima, e como. Paulistano – nasceu em 26 de agosto de 1934 -, ligou-se a um grupo de teatro na igreja do Tucuruvi. Foi aluno do lendário encenador italiano Ruggero Jacobi, que participou do movimento de renovação do teatro e do cinema paulistas no fim dos anos 1940, no TBC e na Vera Cruz. Na manhã desse domingo, 3, foi encontrado morto em seu sítio no Rio.

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Nascido numa família de 16 irmãos, entre eles havia a também atriz Dirce Migliaccio, já falecida. Ator de teatro, cinema e TV, Flávio Migliaccio teve uma bela carreira. Criou personagens inesquecíveis. Possuído pelo teatro, Flávio deu duro para se manter, já que a arte, no começo, era um bico. Foi balconista, mecânico. No teatro de periferia, descobriu sua veia cômica. Participou do politizado Teatro de Arena.

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No cinema, teve um papel em O Grande Momento, de Roberto Santos, de 1956, e não parou mais. Com Santos, fez também A Hora e a Vez de Augusto Matraga. Outros papéis destacados – em Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira, Terra em Transe, de Glauber Rocha, Pra Quem Fica Tchau! e Os Machões, de Reginaldo Faria, Boleiros 1 e 2, de Ugo Giorgetti, e mais um grande etc.

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Na TV, que lhe deu popularidade em todo o País, participou de novelas e especiais, desde o Grande Teatro Tupi, no fim dos anos 1950. Depois – Shazan, Xerife e Cia, O Casarão, O Astro, Pai Herói, A Rainha da Sucata, Perigosas Peruas, A Próxima Vítima, uma extensa lista que veio até Órfãos da Terra, pelo qual foi premiado pela APCA, em 2019.

Em 2017, o ator falou ao jornal O Estado de S. Paulo sobre a estreia do espetáculo Confissões de Um Senhor de Idade. Personagem de seu texto, Flávio era visitado por Deus, que propõe um pacto: se ajudá-lo a desvendar um estranho acontecimento no céu, receberá a vida eterna como recompensa. “Mas se for com esses políticos que estão hoje por aqui, prefiro não”, declarou.

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Assumidamente ateu, Flávio escolheu Deus para contracenar. “Num dado momento do texto, Deus indaga: ‘Como vou estabelecer um pacto com alguém que não acredita em mim?’ Entretanto, ele propõe e eu aceito.”

Nesse projeto repleto de questões pessoais, Flávio decidiu acumular funções – de ator, diretor, dramaturgo, cenógrafo e figurinista. “Não consigo distribuir. Não que os outros não tenham capacidade. Mas é que quero saber de tudo”, garante. O espírito empreendedor remete ao início de sua carreira, no Teatro de Arena. O ator pode ser visto atualmente em Êta, Mundo Bom, na Globo, rede na qual brilhou. Flávio deixa um filho jornalista, Marcelo Migliaccio. No imaginário, será sempre o protagonista de As Aventuras do Tio Maneco, que também dirigiu, em 1971.

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