Com o avanço da vacinação contra o coronavírus em nível mundial, especialistas no setor de turismo projetam uma retomada no número de viagens internacionais a partir do segundo semestre deste ano. Por outro lado, há previsões de um retorno à normalidade em ritmo lento e gradual. Segundo a agência europeia IBA Group, um estudo realizado para a empresa norte-americana Bloomberg revelou que 42 empresas de aviação faliram em 2020. Assim, reduziram-se a cerca de um terço as cerca de 50 mil rotas internacionais que percorriam o globo.
Para 2021, a previsão de especialistas do setor é que mais de 70 empresas aéreas no mundo encaminhem o pedido de falência até a metade do ano, afetando as viagens internacionais em todos os aeroportos do planeta. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 50 países estão completamente fechados para o ingresso de turistas de qualquer origem, e aproximadamente cem países têm restrições a cidadãos de lugares onde a pandemia está fora de controle, como no Brasil.
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Em Santa Cruz do Sul, as empresas que comercializam pacotes de viagens nacionais e internacionais aguardam a normalização do fluxo de viagens tanto para fora do Brasil quanto para o turismo interno. A gerente de vendas da Matte Viagens, Andrea Matte, afirma que é difícil prever quando a situação irá se normalizar. O trabalho das agências de turismo é o de assessorar e tranquilizar quem pretende viajar, pois, segundo ela, todos os protocolos de segurança são seguidos à risca. “Muitas pessoas têm medo de viajar, mas hoje as aeronaves têm filtros que conseguem eliminar até 99% do vírus, o contágio é muito raro. Nosso trabalho é orientar os passageiros e fazer a seleção dos destinos que estão adotando os protocolos de segurança”, explica.
Segundo a gerente, desde o início da pandemia, nos primeiros meses de 2020, a empresa teve que se adaptar com as recomendações contra a transmissão do vírus e a consequente redução no número de turistas. A agência não demitiu funcionários, mas o trabalho foi extenso para adequar as remarcações e cancelamentos.
Para proteger as empresas de turismo brasileiras, o governo federal alterou a legislação. Até o final de 2021, as agências só precisarão reembolsar o turista nas situações de cancelamentos ou adiamentos de voos ou reservas de hotéis caso não haja como a empresa remarcar a viagem ou oferecer crédito em outros serviços.
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Procura por viagens diminuiu 90% desde o início da pandemia
Andrea Matte lembra que nos primeiros meses da pandemia os preços das passagens aéreas e diárias de hotel chegaram a ter diminuição, pela baixa procura. Atualmente, as empresas aéreas e os serviços de hotelaria já normalizaram os valores. “Se antes um hotel recebia 600 pessoas, hoje precisa trabalhar para 300 pessoas, por exemplo, o que aumenta o preço de custo.”
Para oferecer melhores condições de pagamento, Andreia ressalta que a empresa aposta na “poupança turismo”, na qual o cliente pode pagar mensalmente uma quantia com o valor a sua escolha. “A pessoa pode ir juntando mesmo sem saber seu destino e, depois, utilizar esse dinheiro para pagar a viagem, podendo parcelar em dez vezes o restante. O mais importante é planejar a viagem.”
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O custo continua sendo balizado pela variação do dólar, que também sofre influência da pandemia. Segundo a presidente da Associação Pró-Turismo de Santa Cruz do Sul (Aprotur), Leoni Cristina Vila, que também participa das reuniões da União Nacional de Agências de Viagens, as agências trabalham hoje com um movimento de apenas 10% do que existia antes do começo da pandemia. “Se antes eu fazia cerca de dez orçamentos por dia, hoje eu faço um, em alguns dias nenhum”, lamenta a proprietária da Pantur Turismo, de Santa Cruz do Sul.
Leoni ressalta a importância do turismo para a economia. Calcula-se que o setor seja responsável por 8,1% do Produto Interno Bruto do Brasil, com uma contribuição de mais de 150 bilhões de dólares para a economia nacional em 2019. A guia de turismo lembra que cada pessoa que decide viajar movimenta cerca de outros 90 profissionais, que se sustentam através da cadeia do turismo. Lembra também que, na situação atual, recorrer a um agente de viagens é fundamental para evitar contratempos.
Entre os perigos estão os golpes pela internet. Com o auxílio do profissional de viagens, o consumidor também pode resolver mais facilmente os transtornos que podem acontecer, como o cancelamento de voos. “Existem muitos sites falsos na internet, que imitam igualzinho o site do resort. Muitas pessoas chegam em seu destino e não há reserva.”
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Com EUA e Europa fechados, Caribe é opção
Um dos destinos preferidos do turista brasileiro são os Estados Unidos, justamente uma das nações mais afetadas pela pandemia. Em 2019, segundo o Ministério do Turismo, mais de 2,1 milhões de brasileiros fizeram viagens ao país norte-americano, que hoje é o líder de contágio por coronavírus, com mais de 30 milhões de infectados. Pessoas que tentam entrar nos EUA vindas do Brasil precisam cumprir quarentena no México ou outros países da América Central. Já na Europa, no início de fevereiro, 22 dos 27 países da União Europeia estavam fechados para brasileiros. Com isso, nações com taxas menores de infecção, como as da América Central e do Caribe – Cuba, Jamaica, Honduras e Nicarágua, por exemplo –, podem ser opções para quem pretende viajar nos próximos meses.
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