Depois de um período difícil no segundo semestre de 2020, com indícios de uma nova estiagem conforme o verão se aproximava, os produtores de grãos do Vale do Rio Pardo tiveram suas expectativas renovadas com a chuva das últimas semanas. Ainda que algumas áreas cultivadas tenham reduzido em relação à safra 2019/2020 e os insumos estejam mais caros, a perspectiva de boa produtividade e o elevado preço dos produtos no mercado nacional devem garantir retornos satisfatórios aos agricultores.
Conforme o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Josemar Parise, as lavouras de milho plantadas cedo, entre os meses de julho, agosto e setembro, tiveram quebra média de 30% em função da estiagem ocorrida em outubro, quando as plantas estavam em fase de pré-florescimento, florescimento e enchimento de grãos. Em relação à área plantada, houve redução de 6%, de 49,1 mil para 45,8 mil hectares. Essa perda variou conforme os volumes de chuva em cada região e também em função do manejo de solo adotado por cada agricultor.
LEIA MAIS: Emater define como meta a prevenção contra estiagem
Publicidade
Já o milho da safrinha, plantado na resteva do tabaco, já foi beneficiado pela chuva e se desenvolve normalmente. Apesar de o preço dos insumos estar mais alto que no ano anterior, a grande valorização do produto no mercado nacional compensa o investimento. “A cotação ainda é satisfatória. Nas vendas em pequena quantidade chega a R$ 100,00 a saca, mas o preço médio é em torno de R$ 78,00. Você pega 100 sacas, que é a produtividade média de um hectare, e são quase R$ 8 mil. Mesmo que os custos tenham aumentado, o agricultor ainda tem uma boa margem”, salienta Parise.
A soja, por sua vez, segue com a área cultivada em expansão, a exemplo do que já ocorre há vários anos, passando de 183,6 mil para 192 mil hectares plantados na região. “As lavouras foram favorecidas pela chuva das últimas semanas. O solo já tinha um bom teor de umidade e agora está sendo complementado”, explica o extensionista rural da Emater. “A soja reagiu bem, e com essa chuva dos últimos dias, as plantas vão dar um salto no desenvolvimento, desde que o solo tenha boa fertilidade.” A variação é diária, mas ontem a saca de 60 quilos estava cotada a R$ 165,00.
LEIA MAIS: Depois do calorão, chuvas trazem alento aos agricultores
Publicidade
Destino do tabaco ainda está indefinido
Apesar de a colheita do tabaco já estar quase concluída no Vale do Rio Pardo, restando somente cerca de 15% de área na região Centro-Serra, que planta mais tarde, o destino da produção ainda é incerto. Na semana passada, a primeira rodada de negociações entre as entidades representativas dos produtores e as empresas fumageiras terminou sem acordo sobre o preço a ser pago. A área plantada nessa última safra apresentou ligeira queda, de 47,7 mil para 45,6 mil hectares.
Conforme os dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o custo médio teve alta de 7,2%, puxado principalmente pelo aumento do valor da mão de obra e também dos insumos. A falta de chuva em alguns locais foi um dos problemas enfrentados, mas não chegou a causar quebras. Já os ataques de pulgas, ocorridos a partir de dezembro, geraram grandes prejuízos nas lavouras afetadas. Em função da indefinição do preço de venda, a quantidade do produto já entregue ainda é pequena.
Publicidade
LEIA MAIS: Chuva ameniza efeitos da estiagem, mas não reverte perdas na agricultura