Desde segunda-feira, 30, trabalhadores que ainda não tinham recebido nenhuma parcela do abono salarial de gratificação natalina, o famoso 13º salário, começaram a receber os valores. A empresa que opta pelo pagamento parcelado deve quitar a primeira cota até 30 de novembro. Por isso, a partir de agora a tendência é de um volume maior de recursos em circulação, animando as expectativas de vendas para o Natal. A estimativa é de R$ 113,1 milhões em Santa Cruz do Sul.

A partir dos dados disponíveis no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Brasil (Caged), em 31 de outubro o saldo de empregados no município era de 38.968 trabalhadores. Considerando a média salarial dos santa-cruzenses, calculada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que era de R$ 2.795,00, é possível estimar, com dados do número de empregados em outubro, qual é o valor injetado pelo 13º salário na economia local.

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A professora de Economia Fernanda Sindelar, da Universidade do Vale do Rio Taquari (Univates), explica que para se aproximar da realidade é preciso atualizar o rendimento dos trabalhadores pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumulou 3% de novembro de 2019 a outubro deste ano.

“Esse parâmetro foi utilizado pela maioria dos sindicatos, para pedir a correção de salários neste ano. Com esse percentual, podemos estimar que o rendimento médio atualizado fica na casa dos R$ 2.904,00”, projetou.

O cálculo final resulta em R$ 113,1 milhões, que devem circular a partir do pagamento do 13º salário neste fim de ano. “Não é possível saber com certeza o valor exato. Existem os programas de manutenção de empregos que regulamentaram a suspensão de contratos, por exemplo”, salientou a economista. Segundo Fernanda, trabalhadores com contratos suspensos durante a pandemia receberão o valor proporcional, situação que pode reduzir o percentual do 13º salário recebido agora.

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Quem teve redução de jornada recebe integral

Ainda no mês de novembro passado, o Ministério da Economia publicou uma nota técnica com orientação às empresas quanto ao pagamento do 13º salário. A instrução foi necessária devido à adesão aos acordos para redução de jornada de trabalho e de salário e suspensão de contratos, adotados como forma de preservar os empregos no decorrer da pandemia do novo coronavírus.

A advogada Kellen Eloisa dos Santos, do BVK Advogados, de Santa Cruz do Sul, explica que essa nota técnica confirmou que os trabalhadores que formalizaram acordo de redução de jornada de trabalho e salário, de que trata a lei 14.020/2020, terão a gratificação paga de forma integral.

O mesmo não se aplica àqueles empregados que tiveram suspensão temporária do contrato de trabalho. “Os períodos em que o contrato esteve suspenso ao longo do ano não deverão ser computados no cálculo do 13º salário, salvo quando houver a prestação de serviço em período igual ou superior a 15 dias de trabalho no mês, que, nesse caso, considera-se como mês integral”, esclarece Kellen.

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Comércio foca na recuperação das vendas

Mesmo com a previsão de menor faturamento no fim de ano, os lojistas aguardam ansiosos pelo pagamento da maior parte do 13º salário, que poderá significar a recuperação das vendas em alguns segmentos varejistas de Santa Cruz do Sul.

Conforme o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Márcio Martins, a expectativa é boa. “A gente espera pela recuperação das vendas, com a injeção desse recurso na economia de Santa Cruz”, afirmou o dirigente.

Segundo ele, 90 lojas aderiram à promoção CDL Presente com Você, que teve início em 13 de março e terminará no próximo dia 28, com o sorteio de um Renault Kwid Life, o prêmio principal da campanha. Além do carro, a CDL sorteia dez vales-compras com premiações que vão de R$ 100,00 até R$ 2,5 mil.

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Economista sugere que as compras sejam bem pensadas

De acordo com o doutor em Economia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Heron Begnis, o volume de empregos encolheu 8% em Santa Cruz do Sul durante os meses da pandemia. Para ele, o impacto dessa redução poderá ser medido no volume de recursos em circulação no comércio no fim de ano, mesmo com a injeção do 13º salário.

Outro fator que contribui para colocar menos recursos em circulação neste Natal é o pagamento antecipado do abono aos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Por causa da pandemia, as parcelas foram pagas aos segurados em abril e maio.

“É difícil pensar que os aposentados conseguiram guardar esse dinheiro até agora. Este fim de ano vai ser diferente também por isso”, aponta Fernanda Sindelar, economista da Univates. Conforme o apurado pela Gazeta do Sul em abril deste ano, entre os meses de abril e maio, o INSS pagou R$ 118 milhões aos aposentados e pensionistas, com a antecipação.

Para quem vai receber o 13º, a recomendação é ainda maior quanto à prudência no uso desse dinheiro. Fernanda lembra que a gratificação pode ser usada para pagamento de dívidas, acerto de contas e também para antecipar tributos que vêm com a virada de 2021, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto Sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

A professora de Economia destaca, contudo, que boa parte do valor será absorvida pelo comércio. Para quem vai às compras, é recomendado um “exame de consciência” antes de passar o cartão na máquina. “Deve ser uma compra muito bem avaliada, em que o consumidor meça a necessidade daquilo que estará adquirindo com o 13º salário.”

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