Finalizando seu quarto ano de realização, a quarta e última edição deste ano do Projeto Gerir – Workshops de Gestão Organizacional foi novamente virtual, respeitando os protocolos de distanciamento social em função da pandemia do novo coronavírus. Realizada na terça-feira, 24, por meio das plataformas digitais, a edição teve como tema “O presente sintonizado com o futuro: as inovações que a pandemia acelerou e o cenário para o futuro na Saúde, Educação, no Comércio e nas Comunicações”.
Para debater pontos de vista e soluções a respeito dessas áreas, os painelistas convidados integram as três instituições que patrocinam e apoiam o Gerir: Eduardo Kroth, vice-presidente da Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp); Rosilene Biveu Doehl Knebel, superintendente executiva da Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo; e Rafael Frederico Henn, vice-reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
A apresentação e a mediação ficaram a cargo do jornalista e comunicador Leandro Siqueira, gerente executivo de Rádios da Gazeta Grupo de Comunicações. Durante quase duas horas, o bate-papo entre os representantes abordou as mudanças que a pandemia impôs nas áreas citadas.
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Após breve explanação do tema e apresentação dos três painelistas, o mediador Leandro Siqueira passou a palavra ao gestor de Conteúdo Multimídia da Gazeta, Romar Rudolfo Beling, que saudou os participantes. Ele exaltou a oportunidade de justamente os apoiadores do projeto desde seu início estarem reunidos debatendo questões que dizem respeito às suas áreas de atuação.
“Temos aqui um espaço privilegiado, com pessoas identificadas com os seus setores, de Saúde, Comércio e Educação. Acreditamos que para os ouvintes e internautas seja uma oportunidade de refletir sobre o que 2020 deixa de lições, aprendizados e experiências que possam, sim, ficar como legado de inovação e de superação para o próximo ano.” Beling finalizou sua fala agradecendo aos patrocinadores e envolvidos na realização do evento.
O Projeto Gerir conclui com pleno êxito seu quarto ano de atuação, chegando à 18ª edição. É uma promoção da Gazeta Grupo de Comunicações e voltada para os líderes empresariais da região do Vale do Rio Pardo. O objetivo principal é fomentar o debate e a troca de experiências entre as lideranças empreendedoras a respeito da gestão empresarial. Conta com patrocínio de Unisc, Assemp e Unimed VTRP. A transmissão na última terça-feira ocorreu nas plataformas digitais YouTube e Facebook, bem como no Portal Gaz e nas ondas da Rádio Gazeta FM 107,9, permitindo amplo acesso ao conteúdo para as milhares de pessoas que assistiram a esta edição.
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As inovações e as transformações também pautaram a fala de Rafael Frederico Henn, vice-reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Citando o processo de reinvenção pedagógica iniciado pela instituição em 2019, ele também enfatizou a mudança no comportamento do aluno atual do ensino presencial em relação aos alunos de dez ou 15 anos atrás.
“Sou professor da área da Administração há um bom tempo e as minhas aulas sempre foram bem avaliadas. À medida que o tempo foi passando, senti que meus métodos foram ficando defasados e isso incomodava muita gente.” Com esse exemplo, ele aponta as mudanças no processo de ensino e aprendizagem.
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“Isso ocorre por dois vetores: um deles, o propulsor da mudança, é sem dúvida nenhuma a internet, a transformação digital; e o outro vetor é um aluno que já chega na universidade sendo um nativo digital.” Na sequência, Henn convidou os ouvintes e internautas a refletirem sobre o modelo de sala de aula, que foi o mesmo por mais de um século.
“A maioria tinha a mesma configuração física, ou seja, classes umas atrás das outras, na frente um quadro branco ou preto e o professor como o centro do conhecimento. O aluno precisava ir na sala de aula receber a informação e o conhecimento para, a partir daí, fazer alguma discussão, interação ou exercício”, afirmou. Hoje, com o advento e a consolidação da internet, qualquer pessoa pode aprender sobre qualquer conteúdo.
Essa mudança leva também a um questionamento muito necessário nos dias atuais: por que um aluno vai dedicar seu tempo indo até uma sala de aula ver uma aula expositiva se ele pode buscar na internet e aprender esse mesmo conteúdo? Partindo desse princípio, a Unisc iniciou a reinvenção pedagógica.
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“As competências estão se alterando; algumas que eram valorizadas no passado já não são mais, e outras estão deixando de ser. Nós, enquanto educadores, mas também enquanto pais, temos de nos preocupar se os nossos filhos estão sendo educados com as habilidades que serão usadas no futuro.” Henn destaca a importância das competências humanas, como resiliência, trabalho em equipe e adaptação às mudanças, que hoje são trabalhadas na grade curricular dos cursos da universidade.
A inovação não é uma transformação única
Rosilene Knebel começou sua participação no Projeto Gerir destacando a importância dos projetos que têm como objetivo a inovação e o lançamento de novos produtos para os clientes. A Unimed já vem há alguns anos investindo no desenvolvimento de novidades, sempre com um olhar atento ao mercado e às necessidades dos consumidores e parceiros.
Com a experiência adquirida, os desafios impostos pela pandemia puderam ser encarados de forma mais precisa. “Em 2019, havíamos testado a telemedicina, independentemente de ela estar ou não regulamentada para atendimento ao cliente. Nós fizemos um piloto interno e testamos a ferramenta. Então, em março, quando vieram a pandemia e o lockdown, nós conseguimos colocar no ar um serviço de telemedicina em apenas dois dias. Isso porque os testes já tinham sido feitos e a tecnologia estava pronta”, salientou.
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A superintendente executiva da Unimed VTRP também ressaltou a importância do Vibee. O Hub de Inovação criado e mantido pela instituição hospeda startups voltadas para a área da saúde, auxiliando no desenvolvimento dos produtos e serviços. “Nós achamos uma startup que trabalha muito forte a questão do autismo, que é muito presente hoje em dia. Então, nós ganhamos velocidade nessa conexão que fazemos com empresas buscando resolver e conectar os nossos clientes dentro da saúde”, frisa. Ela também destacou a colaboração entre Unimed, hospitais, universidades e outras empresas ligadas ao setor para vencer os obstáculos e novos desafios trazidos pela Covid-19.
Rosilene citou ainda a transformação que as novas formas de trabalho e atendimento impuseram na cultura, tanto da empresa quanto dos médicos cooperados e também dos clientes, além da agilidade. “Se antes da pandemia já éramos irrequietos, agora acelerou ainda mais. Ninguém mais quer perder tempo, ninguém mais quer se dedicar a alguma coisa esperando muito tempo.” Além disso, Rosilene salientou a importância e a dificuldade de se pensar em inovação e novas formas de trabalhar e tomar decisões com o pensamento já voltado ao digital.
A inovação é um processo sistêmico
Eduardo Kroth iniciou sua participação no Gerir reafirmando o compromisso da Assemp com a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias, objetivos que são conduzidos pela entidade mediante a realização de palestras e outros eventos voltados ao tema. Ele salientou a menor dificuldade encontrada pelas empresas já ambientadas para enfrentar os desafios da Covid-19, além da aceleração desse processo. “Algumas empresas pretendiam adotar a inovação em 2021, outras em 2023. Com a chegada da pandemia, elas tiveram de fazer isso ainda em 2020”, frisou.
Kroth destaca que esse processo de inovação não pode ser aleatório; ou seja, ideias que surgem em algum momento são apresentadas à chefia, discutidas e implementadas se estiverem de acordo. “A inovação tem de ser sistêmica, a empresa tem de criar rotinas, processos, espaços, ambientes e eventos para que todos discutam sobre.”
Na visão dele, a familiaridade das empresas com o ambiente digital e as novas tecnologias foi o fator determinante para sua adaptação às novas demandas exigidas neste ano. “As que não estavam com seus sistemas na nuvem tiveram dificuldade, tiveram de trabalhar de forma escalonada com seus funcionários indo até o escritório porque os processos rodavam somente no servidor interno.”
Outro ponto abordado pelo vice-presidente da Assemp, ainda no âmbito dos obstáculos da pandemia, diz respeito ao comércio. Quando o lockdown foi determinado pelas autoridades, muitas lojas não possuíam site e nenhuma prática com vendas on-line, fato que tornou ainda mais difícil sua operação. “Vários empresários começaram a se preocupar em como adotar o comércio eletrônico. Aí entra a preparação, porque não é simplesmente comprar um site e colocar produtos, preços e fotos. Existe toda uma estrutura por trás, de logística, de compra, de cadastro, formas de pagamento e tudo mais”, esclarece. Segundo Kroth, quando esse processo não é feito de maneira sistêmica, há o risco de enfrentar problemas durante seu desenvolvimento.
Como uma das grandes inovações de 2020 no âmbito comercial e de pagamentos, Eduardo Kroth destacou a criação do Pix, a nova ferramenta de transferência de valores lançada pelo Banco Central. “Ele vai facilitar a loja no sentido da confirmação do pagamento. Antes, no sistema de boletos, às vezes demorava dois ou três dias para compensar e só então a empresa podia despachar a mercadoria. Agora não, você faz uma compra, paga pelo Pix e a empresa já pode enviar na mesma hora”, finaliza.
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