A chuva contínua que caiu sobre o solo de Santa Cruz do Sul e de alguns municípios do Vale do Rio Pardo nessa segunda-feira, 26, voltou a animar o setor agrícola, que já enfrenta problemas com a falta de umidade e segue preocupado com a previsão de forte estiagem nos próximos meses. De acordo com a Estação Meteorológica da Gazeta Grupo de Comunicações, até as 20 horas da segunda, a precipitação acumulada no Centro era de 21,7 milímetros.
Entretanto, segundo o técnico agropecuário da Emater de Santa Cruz, Vilson Pitton, as precipitações dos últimos dias – sobretudo dessa segunda – ajudam, mas ainda são insuficientes. “Seria necessário uma chuva de pelo menos 40 milímetros para ajudar nas plantas e também reiniciar o plantio ou preparar o solo para plantio. Precisa haver uma determinada quantidade de chuva, para manter uma umidade boa que dê para plantar”, explica.
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Pitton observa que, nas lavouras de soja, foi preciso aguardar para o plantio em virtude da secura do solo. “Às vezes, chuvas de 10 ou 15 milímetros são praticamente insignificantes diante da necessidade das lavouras. Semanalmente seria necessário pelo menos uma chuva de 30 ou 40 milímetros para repor a umidade que foi perdida. Com os dias agora mais quentes, perde-se muita umidade por causa da evapotranspiração.”
Quem também está na expectativa das chuvas são os produtores de tabaco. Pitton esclarece que as lavouras já estão todas plantadas. Uma das vantagens é que as mudas novas ainda reagem bem à seca, mas se as chuvas se tornarem regulares, ainda há esperança de se chegar próximo da normalidade.
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A cada 10 anos, três são de estiagem no Estado
Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9 na manhã dessa segunda-feira, o professor de Agrometeorologia do curso de Engenharia Agrícola da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Marcelino Hoppe, explicou que, tradicionalmente na região central do Rio Grande do Sul, ocorrem um ano com muita chuva, um ano normal e um de seca. “A cada dez anos, nós temos mais ou menos três anos com problema de falta de chuva no verão”, ressaltou.
No entanto, o professor esclareceu que de maio até setembro choveram 1.028 milímetros, com evaporação de 415. Ou seja, choveu mais que o dobro do necessário. Já em outubro, quando o problema começou a aparecer, choveu apenas um terço do esperado. De acordo com Hoppe, não se trata de uma questão de falta de chuva. Ela acontece, mas de forma irregular no decorrer do ano.
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“Em setembro choveram 273 milímetros e evaporaram 71. Então nós entramos em outubro com o solo relativamente com bastante teor de água. É interessante que se pense, para o futuro, alternativas como manejo do solo, tentar reter mais essa água através de pequenos açudes, reservatórios e cacimbas. A quantidade de água que existe em Santa Cruz é muito grande, mas ela está indo muito rápido para os rios, que também baixam bastante rápido”, detalhou.
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Sem Oktoberfest, sem chuva
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Uma curiosidade levantada pelo professor Marcelino Hoppe é que o mês de outubro foi bem diferente do esperado. “Sempre quando tem Oktoberfest é o período mais chuvoso em Santa Cruz do Sul. Considerando historicamente 30 anos ou mais, esse é o período tradicional de chuvas.”
De acordo com ele, o solo já começa a mostrar a falta de umidade. “Em todo o mês, até agora, nós temos só 33 milímetros de chuva e a evaporação já foi de 90 milímetros.”
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