Desde o dia 20 de março, quem precisa se deslocar de um bairro a outro de Santa Cruz do Sul enfrenta dificuldades. Por conta da pandemia, as frequências do transporte coletivo foram reduzidas e se adotou maior espaçamento entre um horário e outro – de 30 minutos passou a ser de uma hora. Cinco linhas deixaram de operar: Interbairros (13), Esmeralda Vila Nova (14), João Alves (26), Capão da Cruz (42) e Piratini (46). Passados seis meses, com o comércio em pleno funcionamento e a previsão de retomada das aulas nos próximos dias, o Consórcio TCS, responsável pelo serviço, informou na manhã de ontem que não projeta novos horários, pelo menos por enquanto. A justificativa é que há uma redução de 70% no número de passageiros.
O gerente do TCS, Zaqueu Forgiarini, esclareceu que nos locais onde as linhas foram suspensas os usuários não ficaram desassistidos, pois são atendidos por outras linhas. Ele destacou que, a partir do início da pandemia, houve redução significativa no número de passageiros. “A oferta e a procura são muito importantes neste momento. Temos muitos funcionários de férias e quase 100 foram demitidos”, explicou. “É complicado colocar mais um ônibus para rodar com dois funcionários em horários onde vão apenas seis ou sete passageiros. É muito caro para operar.”
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Forgiarini disse que, em razão da volta às aulas, o horário noturno do transporte coletivo deverá ser estendido, como funcionava antes. “Por enquanto não haverá reforços de linhas após as 20 horas, pois o comércio, que tem uma demanda grande, fecha às 18 horas; por isso, não há necessidade. Quando as aulas retornarem, será até as 22h30”, afirmou.
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Com o modelo de distanciamento controlado, os ônibus estão proibidos de levar mais do que o número de passageiros sentados. “Nos horários de pico, quando a demanda é muita, alguns passageiros acabam ficando nas paradas e um reforço é solicitado para buscá-los. Às vezes demora um pouco porque o ônibus tem que sair da garagem. Então, pedimos a colaboração dos idosos que possuem a gratuidade da passagem em tempo integral, para que evitem usar o serviço nos primeiros horários da manhã, ao meio-dia e à tardinha.”
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Usuários reclamam
O escalonamento dos horários prejudica a rotina da operadora de loja Luiza Garcia, 19 anos. Moradora do Bairro Esmeralda, ela tem que sair de casa todos os dias uma hora e meia mais cedo e ficar esperando até o início da jornada de trabalho. “Saio de casa às 7h30 e começo a trabalhar às 9 horas. Se não pegar este ônibus, depois só tem às 8h40, e chego atrasada.” Para retornar para casa, é preciso se organizar. “Meu expediente termina às 15 horas. Se me atraso cinco minutos, perco o ônibus das 15h05 e tenho que esperar uma hora.” Segundo Luiza, em alguns horários os ônibus estão com lotação máxima nos assentos e, nesses casos, os motoristas não param.
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O corretor de seguros Felipe Frey, 38 anos, que reside no Bairro Progresso, aguardava por um ônibus na superparada da Tenente Coronel Brito na tarde de ontem. Inúmeras vezes ele teve que se deslocar por aplicativo ao trabalho. “Antes tinha ônibus com mais frequência; agora são poucos. Se não ir cedo para a parada, corre o risco de perder.” Frey esclarece que, aparentemente, o serviço cumpre todas as medidas de controle da pandemia, mas ele tem dúvidas. “A maioria dos ônibus sai com as assentos lotados. Embora todos usem máscara de proteção, ficam sentados muito próximos e não são da mesma família.”
Zaqueu Forgiarini esclarece que o Consórcio TCS, juntamente com a Secretaria Municipal de Transportes, Serviços e Mobilidade Urbana, analisa todas as demandas de novos horários. “Se houver oferta e possibilidade, ampliaremos a tabela de horários. Ss linhas atuais são baseadas em reivindicações de usuários.” Sobre o protocolo de segurança, acrescenta que, além do uso obrigatório de máscara, dentro dos coletivos é disponibilizado álcool em gel. Para a ventilação, os ônibus circulam com as janelas abertas e a higienização é feita no intervalo entre uma linha e outra.
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