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Vale do Rio Pardo

Interior também sente os efeitos da pandemia

Foto: Rafaelly Machado

Diferente de outras regiões do Estado, o Vale do Rio Pardo tem como característica a divisão de sua população entre as áreas urbanas e rurais de seus municípios. Em alguns deles, mais de 80% dos moradores vivem no interior, longe da movimentação das cidades. Com a chegada da pandemia do novo coronavírus, essa peculiaridade exigiu atenção e medidas especiais por parte das autoridades de saúde e instituições que prestam assistência à agricultura familiar.

Apesar de algumas pessoas se julgarem protegidas em razão da distância e do menor contato com as demais, o cuidado não pode ser ignorado. “As orientações são para todos: usar máscara e álcool gel e, quem for grupo de risco, evitar sair de casa”, ressalta a secretária de Saúde de Vale do Sol, Daiane Krainovic. As campanhas feitas pela secretaria têm sido efetivas. “Nos últimos tempos estão aumentando muito as consultas médicas. Antes, as pessoas não estavam buscando atendimento.” Outra preocupação é com os idosos, que se deslocam ao Centro para receber a aposentadoria.

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Em Sinimbu, que tem 88% de seus moradores na zona rural, a situação e as orientações são as mesmas. “Temos que cuidar os costumes, que são diferentes. No interior tem muito os jogos de cartas e isso não podemos mais permitir. Orientamos também sobre as reuniões de família, que não devem mais ocorrer”, diz a secretária de Saúde Sinara Dhiel. Segundo ela, a população tem seguido as determinações, especialmente os moradores do interior e os de idade mais avançada.

Proprietário de um desses tradicionais armazéns, local que costumava receber os moradores para o jogo de cartas – agora proibido –, o comerciante Lautério Steil conta que a rotina mudou. “O jogo era muito forte, principalmente nos fins de semana. Tinha muito movimento sempre.” Ele destaca que os clientes têm seguido as recomendações e ficado em casa, reduzindo o movimento no estabelecimento. Há ainda a questão das máscaras, que faz muitas pessoas desistirem de sair por não gostarem de utilizar o equipamento.

Para garantir a assistência e o cumprimento das regras estabelecidas, as unidades básicas e os agentes comunitários de saúde receberam treinamento específico para identificar e orientar os possíveis casos de Covid-19. Nos postos de saúde a rotina também sofreu alterações: consultas são agendadas com intervalo maior e pacientes com sintomas respiratórios têm prioridade no atendimento. Além disso, as equipes devem monitorar e notificar os casos suspeitos.

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Informação e tecnologia para as pequenas propriedades

Característica forte na região, a agricultura familiar também percebe os efeitos da pandemia. Entidade que representa a categoria, o Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz do Sul teve de se adaptar para atender os associados. “Na segunda-feira começou a questão do Imposto Territorial Rural, então pedimos que cada pessoa agende seu horário e só venha se realmente precisar”, frisa a secretária Salete Faber.

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A tecnologia, antes pouco utilizada, passou a ser uma aliada para viabilizar os encontros impedidos pela Covid-19. “Nesta terça-feira realizamos nossa primeira reunião virtual com a Comissão Municipal de Mulheres, que ainda não havia acontecido em função da pandemia.” O acesso à internet possibilitou a comunicação entre moradoras de Alto Paredão e Linha Júlio de Castilhos e até mesmo de outros municípios atendidos pelo sindicato, que pretende ampliar a iniciativa.

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Principal entidade atuante na assistência às famílias produtoras, a Emater/RS-Ascar também mudou. Visitas são trocadas por contatos telefônicos e, quando necessárias, obedecem a todas as normas de prevenção. “Às vezes até temos que tomar cuidado, as pessoas querem nos cumprimentar, dar a mão, e somos obrigados a dizer que não é possível”, conta a supervisora Marinês Bock. Aos agricultores que também são feirantes, a Emater criou materiais informativos e auxiliou na distribuição de equipamentos de proteção fornecidos por governos e empresas.

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