Um movimento iniciado ainda no mês de abril por diferentes entidades, empresas e clubes de serviço quer minimizar um dos efeitos mais dramáticos da pandemia em Santa Cruz do Sul: a fome provocada pela falta de renda, perda do emprego ou puramente pela necessidade de isolamento social. Este problema pode castigar uma parcela considerável da população santa-cruzense. Para direcionar cestas básicas e kits de higiene aos mais necessitados, já está em andamento a campanha Com Vida e Sem Fome, um convite à doação e à solidariedade, a favor da população mais humilde.

“Esta é uma ideia que nasceu compartilhada por várias pessoas. É a própria solidariedade que é a responsável por esta ação”, resumiu o presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz do Sul, Gabriel Borba. A ACI é uma das entidades envolvidas na construção da campanha, apresentada na última quarta-feira, 17, no auditório da Assemp.

LEIA TAMBÉM: Auxílio emergencial de R$ 600 é usado por 14% dos santa-cruzenses

O presidente da Associação das Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp), Eduardo Kroth, destacou que a intenção é montar cestas básicas, no valor de R$ 60,00, com os principais produtos de necessidade básica. “Faremos cotação de preços para compra dos alimentos, pois isso é uma das exigências do Ministério Público, órgão que irá acompanhar esta ação.” Segundo Kroth, a compra de produtos para compor cestas e kits de higiene deverá priorizar empresas locais, para que a ação auxilie também na retomada da economia pós-pandemia.

LEIA TAMBÉM: Prefeitura estima que cinco mil poderão passar fome em Santa Cruz

A expectativa é realizar a distribuição de pelo menos 500 cestas básicas por mês. Clubes de serviço como Rotary e Lions se integraram à mobilização, assim como o 7º Batalhão de Infantaria Blindado (7º BIB), que deve colaborar com a logística e armazenamento das cestas e produtos que serão adquiridos para doação. “As projeções que são feitas apontam que até o fim do ano haverá muita fome e teremos que manter ativas as doações. Teremos um desafio hercúleo pela frente”, complementou o diretor executivo da Gazeta Grupo de Comunicações, Jones Alei da Silva. Conforme ele, os veículos da Gazeta estão integrados a outros órgãos de imprensa na divulgação da campanha para arrecadar doações.

Campanha irá mapear por local a necessidade de doações

Por meio de parceria com a Imply Tecnologia, será empregado um sistema inteligente para o controle de acesso das famílias. A real necessidade por doações ainda é desconhecida. Conforme o padre Josimar Lemos da Silva, o próprio cadastro social da Mitra Diocesana, para ajuda aos necessitados, já não é fiel à realidade de Santa Cruz. O religioso afirma que em abril, no período inicial da pandemia, havia 270 famílias cadastradas para ajuda. “Agora este número está em 350. É um cadastro que contém informações das paróquias dos bairros e do interior”, explicou.

Assim como os dados da igreja, os cadastros de famílias inscritas nos programas sociais do município serão usados no sistema. Conforme a secretária municipal de Políticas Públicas e Assistência Social, Carina Inês Panke da Silva, o Município tornou-se parceiro da campanha e irá colaborar com informações. “O Poder Público irá participar com dados legalmente possíveis para construir um mapa de vulnerabilidade social em Santa Cruz do Sul e, a partir daí, criar estratégias.encontrarmos em conjunto as formas de beneficiar o maior número de munícipes”, destacou Carina.

O empresário Tironi Paz Ortiz, diretor da Imply Tecnologia, conta que o sistema em desenvolvimento irá utilizar a inteligência de outras plataformas para criar, com exatidão, informações necessárias para que as doações alcancem as famílias com mais necessidade. “O controle ocorrerá por meio do número do CPF, que é um cadastro individual, base de dados para vários tipos de listas”, confirmou.

LEIA TAMBÉM: Albergue cria quarentena para proteger moradores

Como funciona

– Por meio de uma conta bancária, aberta para receber todas as doações, os valores serão disponibilizados para as compras. A Com Vida e Sem Fome irá usar os recursos financeiros arrecadados para aquisição de produtos para as famílias necessitadas.

– As doações podem ser feitas por transferência bancária ou por meio do PagSeguro, que aceita até cartão de crédito.

– O Ministério Público irá auditar a compra de produtos a cada 15 dias. A organização da campanha terá que fornecer os extratos de compra e os valores de cotação de produtos adquiridos.

– Será criado um sistema de computador para o cruzamento de dados e informações das famílias carentes. A intenção é que as doações não sejam repetidas e que a real necessidade das pessoas em dificuldade seja atingida por meio da ação.

– Com o cadastro das famílias, o Exército, por meio do 7º BIB, fará a entrega dos kits, direto nos bairros de Santa Cruz do Sul.

LEIA TAMBÉM: VÍDEO: Sopa do Bem garante até mil refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade em Santa Cruz

Já dá pra doar

A conta bancária do Com Vida e Sem Fome foi aberta com o CNPJ do Rotary Club Santa Cruz Oeste, junto ao PagBank. Para fazer uma transferência bancária é preciso selecionar o PagBank, código 290, agência 0001, conta 01195714-9. O CNPJ é o 90.156.910/0001-50.

Outra forma de doar é por meio da Fanpage da campanha, no Facebook. A página está disponível no @ComVidaESemFome. Ao acessar a rede social é preciso clicar no botão “comprar agora”. O Facebook direciona o doador para a página do PagSeguro, onde a doação pode ser feita.

As doações podem ser no valor que o colaborador desejar. Pelo Facebook, é possível fazer com o cartão de crédito ou por meio de boleto.

LEIA MAIS: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA SOBRE O CORONAVÍRUS