Carro-chefe da economia do Vale do Rio Pardo, o setor de tabaco ampliou a participação nas exportações brasileiras em 2019, impulsionado por embarques represados do ano anterior. Conforme dados do Ministério da Economia, as vendas externas de tabaco em folha aumentaram quase 20% em volume, na comparação com o ano precedente.
Na prática, isso representa em torno de 86,6 mil toneladas embarcadas a mais. Já em valor, o aumento foi de 7,87% – cerca de US$ 149,1 milhões. A diferença se deve a uma queda de quase 10% no preço médio. Com isso, a participação do tabaco na receita total obtida pelo País com as exportações de produtos básicos passou de 1,59% para 1,73% – foi o 11º produto mais exportado nessa categoria, que não inclui os manufaturados e semimanufaturados.
O volume represado de 2018 foi determinante para esse desempenho. Segundo o presidente da Câmara Setorial do Tabaco, Romeu Schneider, trata-se de um movimento normal do mercado. “Os compradores vêm, escolhem, compram e avisam quando o embarque deve acontecer. Muito do que foi comprado em 2018 acabou sendo embarcado apenas em 2019”, afirma. Segundo ele, isso acabou beneficiando as empresas, já que o dólar subiu ao longo do ano, e compensou os problemas ocorridos durante a safra, decorrentes de fatores climáticos em regiões de Santa Catarina e Paraná.
Entre janeiro e abril, por exemplo, os embarques para a China, que é o principal importador de produtos brasileiros, cresceram mais de 700%. O tabaco chegou a ocupar a nona posição na pauta de exportação com o país asiático no período. Tradicionalmente, esses embarques ocorrem entre agosto e dezembro, tão logo é concluído o beneficiamento da safra. Isso não aconteceu devido a problemas logísticos, como indisponibilidade de contêineres e slots (espaços em navios).
Os números do Ministério da Economia também indicam um crescimento nas exportações de cigarros fabricados no Brasil no ano passado, que movimentaram US$ 19,41 milhões – cerca de 22% a mais do que no ano anterior. Já em volume, o crescimento foi de 17%, o que representa 312 toneladas a mais.
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No Estado, segundo levantamento divulgado pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), o setor de tabaco foi o terceiro que mais exportou, atrás apenas da soja e de materiais de transporte e componentes. A participação do produto na pauta gaúcha cresceu de 7,4% em 2018 para 9,7% em 2019.
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OS NÚMEROS
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Tabaco em folha – 2018 – 2019
Valor – US$ 1,89 bilhão – US$ 2,04 bilhões
Volume – 440,7 mil toneladas – 527,3 mil toneladas
Preço médio* – US$ 4,29 mil – US$ 3,87 mil
Cigarro – 2018 – 2019
Valor – US$ 15,87 milhões – US$ 19,41 milhões
Volume – 1,82 mil toneladas – 2,1 mil toneladas
Preço médio* – US$ 9,1 mil – US$ 8,7 mil
*Por tonelada/Fonte: Ministério da Economia
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Estiagem pode afetar os preços em 2020
Para este ano, apesar do câmbio favorável, a tendência é que os números da exportação de tabaco sejam afetados pela estiagem prolongada. Conforme Romeu Schneider, em regiões como a da Costa Doce, no Sul do Estado, onde a colheita acontece mais tarde, as plantas vêm sendo muito prejudicadas pela falta de chuvas. “A quebra na produção pode chegar a 20% na região de Canguçu e a 40% na região de Camaquã. Pelo volume, isso é muito significativo”, observa. Na região dos Vales, o impacto foi menor porque, quando a estiagem começou, cerca de 75% da produção já havia sido colhida. Segundo uma fonte ligada à indústria, a preocupação é principalmente com a qualidade do produto, que pode afetar o preço, e menos com o volume.
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