Até o final do mês, representantes das indústrias e dos produtores devem retomar a negociação do preço do tabaco para a safra 2019/20. Enquanto isso, os primeiros fardos começam a chegar às esteiras das fumageiras no Vale do Rio Pardo. A perspectiva é de que a partir de agora seja ampliada a contratação dos safreiros, já recrutados em uma pequena parte no início das atividades.
A aquisição de funcionários temporários, porém, deve ser impactada pela estiagem que atingiu o Estado nos últimos dois meses. “Isso (a estiagem) altera o nível de contratação. As empresas podem até chamar o mesmo número de pessoas, mas por um período menor, devido às perdas estimadas de 20% a 30% no volume da safra deste ano”, explica o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo), Gualter Baptista Júnior.
Essa situação, conforme Gualter, deve atingir diretamente a economia. “As contratações por períodos mais curtos vão impactar financeiramente, pois o dinheiro deixará de circular nas ruas”, afirma. Ainda assim, o presidente da Fentifumo mantém o otimismo. “Se os níveis de chuva melhorarem, o produto pode ter uma rápida recuperação para que, ainda que de forma tardia, seja possível finalizarmos uma grande safra.”
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E as empresas iniciam as compras na região
Desde ontem os estoques das empresas JTI e Philip Morris, ambas de Santa Cruz do Sul, já começaram a ser abastecidos com as primeiras compras de tabaco do ano. Para tanto, as duas fumageiras já agilizam a contratação de safreiros. Atualmente, a JTI possui cerca de cem vagas disponíveis, com previsão de contratação de novos colaboradores temporários para este mês de janeiro e em março.
A Universal Leaf começará a compra do tabaco hoje. Já iniciou, no entanto, a aquisição de temporários. Conforme a assessoria da fumageira, as contratações devem se intensificar nos meses de fevereiro e março, com a previsão de chamar cerca de 2 mil trabalhadores. Na Souza Cruz, as compras do tabaco devem começar na segunda quinzena deste mês. Já a empresa ATC deu início às compras ainda em dezembro. De acordo com o proprietário da empresa, Lauro Goerck, 180 safreiros devem ser contratados para atender à demanda.
Em Venâncio Aires, a Alliance One e a CTA também começaram ontem as compras de tabaco, assim como a China Brasil Tabacos, que prevê a contratação de 370 funcionários temporários. “Pelo fluxo de compra inicial bastante significativo que possuímos, já estamos com cerca de 70% dos nossos temporários contratados”, comenta o gerente de área de produção da empresa, Eduardo Müller.
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Igualmente de Venâncio Aires, a Tabacos Marasca antecipou-se às demais: iniciou as compras no dia 8 deste mês. “Já é algo cultural na empresa começar esse trabalho de forma antecipada”, explica o gerente de produção agrícola da firma, Roberto Antonio Machado, que prevê a contratação total de 300 funcionários temporários para a safra.
A Brasfumo, também de Venâncio Aires, ainda não tem uma data definida para o início das compras. Conforme o gerente técnico da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Paulo Vicente Ogliari, uma nova rodada de negociações para fixar o valor final do tabaco nesta safra deve ocorrer nas próximas semanas.
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