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Otimismo

Cenário é de confiança na economia em 2020

Foto: Banco de Imagens

Um dos setores que devem ser impulsionados é o da construção civil, que já mostrou resultados animadores ao longo de 2019

Depois de um período de cautela e ajustes nos diferentes setores da economia no decorrer de 2019, o cenário para 2020 é de confiança em uma recuperação gradativa, tanto na capacidade de investimentos quanto no potencial de consumo em todas as regiões do Brasil. Os reflexos dessas perspectivas já começam a ser vistos também em Santa Cruz do Sul e nos demais municípios do Vale do Rio Pardo, sobretudo diante dos recentes anúncios em atividades ligadas ao comércio, indústria, prestação de serviços e também agronegócio.

Ainda que estejam longe do período pré-crise, os indicadores econômicos são os melhores dos últimos tempos, apontou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) na edição especial do seu Informe Conjuntural, divulgada no dia 28 de dezembro. Segundo a entidade, a perspectiva de crescimento do setor industrial saltou de 0,7% em 2019 para 2,8% em 2020.

Apesar de um primeiro semestre “caracterizado pela frustração” em função de baixas relacionadas às exportações, o ano terminou com estoques ajustados e redução da ociosidade. A demanda por bens de consumo foi decisiva para isso e, naturalmente, pelo aquecimento do comércio e serviços, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A estimativa da CNC para o novo ano é de que haja aumento de 5,5% no varejo ampliado e de 3% no varejo restrito – que exclui o ramo automotivo e de materiais de construção.

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Esses dados, na análise do presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz do Sul, Gabriel Borba, por si, já indicam uma perspectiva positiva. “Todos os indicadores econômicos vêm mostrando sinais de melhora. Entre os empresários e consumidores, a confiança cresceu. Além disso, para Santa Cruz vem avançando um processo de desburocratização na área pública, o que deve favorecer os investimentos.”

Embora não se tenha números locais, o sentimento está em linha com o que mostrou a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) ao analisar o comportamento do empresariado gaúcho. O indicador fechou 2019 em 64,9 pontos, 2,9 acima de novembro. É o maior nível desde fevereiro de 2019, quando havia atingido 66,8 pontos. “A definição da reforma da Previdência, a manutenção contínua da queda dos juros e os primeiros sinais de melhora na economia provocam uma nova rodada de alta da confiança no industrial gaúcho”, explica o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.

Confiança industrial cresce após incertezas
Embora os dados verificados no decorrer de 2019 ainda não possam ser considerados os ideais, para o setor industrial o comportamento já pode ser classificado como positivo e gera boas perspectivas. Essa é a análise do vice-presidente regional da Fiergs, Flávio Haas. “Com a melhora na economia, nota-se no meio empresarial uma expectativa bem melhor para 2020 e isso estimula investimentos”, analisa.

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Uma pesquisa da Fiergs revela que 64,4% das empresas gaúchas investiram no ano passado, 1,4 ponto percentual acima de 2018, mas ainda o terceiro pior resultado desde o início do levantamento, em 2010. Os indicadores são melhores para 2020: 78,2% pretendem investir, especialmente na aquisição de novas máquinas e equipamentos, além da manutenção e da atualização daqueles em uso, com o objetivo de melhorar o processo produtivo.

“Temos que considerar que ainda existe uma ociosidade bastante alta no mercado. Com essa ociosidade, a indústria precisa recuperar o nível de produção que tinha em 2013 e 2014, mas isso não inibe investimentos diante da necessidade de modernização e busca por mercados”, acrescenta. Prova disso é que em 2019 53,3% das empresas conseguiram cumprir a meta e realizar os investimentos – principalmente em aquisição de máquinas e equipamentos – conforme o planejado no início do ano, o maior patamar desde 2013.

Além de fazer frente ao contexto econômico, o maior desafio, na análise do dirigente, continua sendo a geração de empregos. “Teve melhora, mas ainda há um caminho pela frente”, completa. Para tanto, Flávio Haas destaca a necessidade de uma maior valorização do setor industrial. E isso passa por um olhar em torno da carga tributária e também de incentivos para o crescimento, como investimentos na capacitação da mão de obra para a geração de emprego e renda.

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O que pesa a favor
– A aprovação da reforma da Previdência Social, que altera as regras de aposentadoria dos trabalhadores brasileiros, é primeiro fator. A partir de março passam a valer as novas alíquotas de 7,5% a 14%, de acordo com a faixa de renda do trabalhador. As alterações no regime previdenciário são apontadas pelo governo federal como fundamentais para a retomada da economia. Em uma década, a previsão é poupar R$ 855 bilhões.

– Em dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia de 5% para 4,5% ao ano. É o menor nível da história e foi bem recebido pelo mercado financeiro. Na prática, embora o repasse ao consumidor não ocorra de forma imediata, o corte nos juros é visto como positivo entre os analistas do mercado financeiro. Afinal, a redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica.

– Para a construção civil, as reduções nas taxas de juros imobiliários também são positivas. A Caixa Econômica Federal, hoje a maior operadora do mercado habitacional, cortou os juros. A taxa efetiva mínima do crédito imobiliário do banco para imóveis residenciais passou de 6,75% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), hoje zerada, para 6,5% ao ano mais a TR. Os demais agentes bancários também seguiram esse caminho, o que foi visto por entidades ligadas à construção civil e mercado imobiliário como um sinal favorável. Em Santa Cruz do Sul, os últimos meses já foram de crescimento na área, com o licenciamento de novas construções, e a tendência é repetir o desempenho em 2020.

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– O ano de 2019 fechou com a maior valorização da Bolsa de Valores desde 2016. Embora esse indicador por si não tenha impacto direto no dia a dia do cidadão comum, ele é considerado positivo por estimular investimentos. Com a recuperação econômica prevista para 2020 o mercado estima alta de 2,3% no PIB nacional.

Para investir
Oito de dez empresas pretendem investir em 2020. Se isso for confirmado, deve ser o maior nível desde 2013 (80,8%), 13,8 pontos percentuais acima do efetivado em 2019. Conforme os empresários que responderam à pesquisa da Fiergs, o investimento em maior competitividade deve continuar sendo o principal objetivo da indústria gaúcha no próximo ano. Como em 2019, 43,2% das empresas deverão manter o foco de seus investimentos na melhoria do processo produtivo. A manutenção da capacidade produtiva recebeu 17,6% das respostas, bem superior aos 11,5% de 2019. A introdução de novos produtos, com 16,2% das respostas, é o terceiro maior propósito dos investimentos para 2020, mantendo-se em patamares de importância similares ao de 2019.

Indústria do tabaco quer manter a competitividade
O setor do tabaco chegou ao final de 2019 com a confirmação da estabilidade em seu desempenho na exportação, o que permite vislumbrar boas perspectivas para 2020. O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke, refere que o ano fechou com negócios acima de US$ 2 bilhões, e com mais de 500 mil toneladas embarcadas. Em volume, inclusive 2019 registrou avanço, uma vez que as exportações vinham se situando na faixa de 450 mil toneladas por ano.

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A explicação está no fato de que a China, que tem adquirido entre 40 e 45 mil toneladas por ano, retardou parte de suas compras de 2018, que acabaram sendo embarcadas só no início de 2019, assim influindo no volume total ao final do ano. “De todo modo, temos conseguido manter nossas clientelas e a competitividade de nosso produto no mercado internacional”, frisa. Conforme ele, o setor mira com confiança os sinais da economia emitidos ao longo do ano no País, que poderão proporcionar tanto uma retomada nos investimentos quanto um cenário futuro de maior estabilidade em geral. “Se a economia voltar a crescer mais, quem sabe a partir de 2020, isso sem dúvida será bom para todos”, comenta.

Schünke menciona que o clima interfere no resultado da safra em várias regiões do Sul do Brasil, mas observa que o Sinditabaco ainda não dispõe de dados mais concretos em relação a uma possível quebra na produção, ou mesmo quanto aos percentuais dela. “O que a gente tem de referência é que na maioria das áreas a qualidade vinha sendo muito boa, o que deve nos permitir uma vez mais atender bem a nossas clientelas no exterior”, frisa.

Também lembra que 2020 será ano de realização de mais uma Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, desta vez na Holanda, e que o setor aguarda com expectativa o posicionamento do governo brasileiro a ser levado para esse encontro. “Esperamos que o Brasil possa vir a ser claro em sua defesa da produção e desse setor, que, afinal de contas, tem impacto positivo na balança comercial e na economia regional. No Rio Grande do Sul, o tabaco é o segundo produto na pauta da exportação”, salienta.

Outros temas que certamente permanecerão na pauta de 2020, segundo ele, são o impacto negativo do comércio ilegal de cigarros (em especial o oriundo de contrabando) sobre o mercado legal (o ilegal já responderia por 57% do comércio interno de cigarros) e a perspectiva da liberação de comércio no Brasil dos chamados dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), caso do cigarro eletrônico e dos produtos de tabaco aquecido.

Para o setor fumageiro, 2020 será de discussões relacionadas ao comércio irregular

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