Arno João Frantz, que em 9 de agosto de 2019 completou 97 anos de idade, foi o prefeito que por mais tempo (10 anos) comandou o Município de Santa Cruz do Sul e marcou a comunidade local, regional e estadual como um dos políticos de maior destaque, sempre integrado no mesmo grupo partidário (o atual Partido Progressista – PP), mas respeitado e admirado até pelos maiores adversários.

Além do carisma pessoal e bom humor, que ampliou a popularidade e assumiu mesmo ares de folclore, espalhou realizações da maior relevância nos mais diversos campos de atuação pública, que deverão lembrar para sempre o seu nome. O ex-prefeito morreu na manhã desta quinta-feira, 12.

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Nascido em 1922 na Linha Schwerin (Andrade Neves), distrito de Boa Vista, filho dos comerciantes João e Rosa Frantz, Arno casou em 1948 com Edeltraud Eggler, filha do famoso médico de Monte Alverne, Pedro Eggler (ela faleceu em 2007), com quem teve uma filha, Else (casada com Arvidt Froemming), três netos (Evelyn, Cristian e Alexander) e uma bisneta (Mariana).

Ainda atuou como comerciante e gerente de instituição financeira (antiga Caixa Econômica Estadual), além de exercer outras funções comunitárias, mas se notabilizou mesmo na política, pela qual sempre nutriu grande paixão desde criança e se envolveu de forma direta desde os anos de 1960, como vereador por três mandatos (Presidente da Câmara em 1971), prefeito em duas oportunidades (de 1977 a 1982, e de 1989 a 1992), além de deputado estadual entre 1994 e 1998.

A sua longa e produtiva vida inclusive rendeu livro, “Seu Arno, uma fantástica história de Arno João Frantz, um político que conquistou respeito até pelo bom humor”, de Benno Bernardo Kist, jornalista da Editora Gazeta, com primeira edição em 2015 e segunda em 2016. Um dos inúmeros registros refere pitoresca frase, entre tantas, dita ao final do segundo governo, em 1992, em que deixa a modéstia de lado, mas parece não fugir da realidade, ao declarar que “nunca uma administração na história de Santa Cruz realizou tantas obras em tão pouco tempo”.

De fato, ele podia elencar muitas ações, e não poucas marcadas pela grandeza e também pela polêmica, inclusive tachadas de “faraônicas”, mas que depois comprovariam sua visão e acerto, conforme a publicação, além de outros fatos e versões que lhe renderiam mais fama e popularidade.

Entre essas obras grandiosas e polemizadas, estão: a nova rodoviária, inaugurada em 1982; o “cartão postal” da Avenida dos Imigrantes; e o “Complexo Poliesportivo e Cultural do Parque da Oktoberfest”, o grande ginásio já conhecido por “Arnão”. Ao seu lado, são destacados: o Projeto Cura (Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada), “o maior em termos de infraestrutura urbana já feito no município”; números fabulosos em canalizações, pontes e pavimentações, entre outras melhorias em estradas, com audacioso reequipamento rodoviário; início, com o apoio direto da Primeira Dama, da história das creches públicas; construção de escolas municipais e implantação do Campus Universitário; “o maior projeto de eletrificação rural”, que foi estendida por todo interior; núcleos habitacionais, municipalização da saúde, e a última Festa Nacional do Fumo (Fenaf), no ano do centenário do município, em 1978.

“Arno Frantz foi o homem público mais carismático de uma época, e um dos mais carismáticos que Santa Cruz do Sul teve e terá”, diz o advogado Fernando Bartholomay, seu ex-assessor, na abertura do livro. Lembra que, “como administrador, sempre soube cercar-se de auxiliares competentes, e de ousar, especialmente porque olhava longe, para o futuro” e, assim, “mudou a face da cidade em seu primeiro governo”.

O autor Benno Bernardo Kist, na introdução, comenta a sua missão de “traduzir em livro a trajetória de um político simples na vida, mas poderoso na história”, que, segundo ele, se tornou “ainda mais oportuna, em um momento quando a política é tão questionada, por conta de tantos desvios e degradações, enquanto ainda se tem em nosso meio um exemplo vivo de alguém que nela esteve integrado por quase seis décadas, sem qualquer mácula comprovada no campo da honestidade, mas sim com muitas marcas de realizações pelo bem comum”.

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