Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

ESPECIAL DESAFIOS 2020

Telmo Kirst: um legado em jogo e uma sucessão em vista

O prefeito de Santa Cruz, Telmo Kirst (PSD), está na reta final de sua administração e não pode mais concorrer. 2020, portanto, impõe a ele duas preocupações: o legado e a sucessão.

LEIA MAIS:
Jair Bolsonaro: Economia e combate à corrupção à prova
Eduardo Leite: Pacote fiscal é a missão número 1

Eleito duas vezes com a bandeira da austeridade fiscal, Telmo deve empenhar esforços ao longo dos próximos meses para assegurar a imagem de bom gestor. Nas últimas semanas, o governo fez entregas de investimentos e anúncios em diversas áreas, o que deve continuar, sobretudo no primeiro semestre. Não por acaso, o Palacinho mobilizou a base aliada na Câmara de Vereadores, no apagar das luzes do ano, para aprovar um financiamento de quase R$ 60 milhões para um novo pacote de obras. A “agenda positiva”, bem como a manutenção do equilíbrio das contas municipais (o que vem sendo um trunfo de Telmo desde que assumiu), serão essenciais.

Publicidade

No campo político, embora tivesse a opção de se abster no próximo pleito, o prefeito tomou a missão de fazer o sucessor como questão de honra. Seus movimentos começaram ainda em 2018, quando passou, pouco a pouco, a se afastar de aliados tradicionais e pretensos candidatos a prefeito que integravam seu grupo – como o ex-secretário Henrique Hermany (PP) e o vereador Alex Knak (MDB) – e a formar uma frente de pequenos partidos em sua órbita.

O recado era claro: Telmo queria assumir o controle do processo sucessório. Após um ciclo de atritos, desfiliou-se do PP, migrou para o PSD e conseguiu o apoio declarado de DEM, Solidariedade, Republicanos e Cidadania.

O nome

Publicidade

Apesar das demonstrações de força e dos sucessivos recados públicos de que está decidido a colher mais um êxito nas urnas, falta ao prefeito o mais importante: um nome. A ausência de um candidato natural no grande grupo que o cerca é hoje a principal inquietação de Telmo, na visão de analistas e inclusive de aliados. Ainda que nomes como o do secretário de Saúde, Régis de Oliveira Júnior, e da presidente da Câmara, Bruna Molz, inspirem especulações, nos últimos meses os governistas vêm procurando pessoas de fora do universo político, na tentativa de gerar uma novidade na eleição.

De acordo com o advogado e colunista da Gazeta do Sul, Astor Wartchow, a maior dificuldade será encontrar uma liderança que obtenha a unanimidade entre os partidos governistas e tenha aptidão para defender a gestão. “Mais: este candidato deverá ter um lastro e um currículo pessoal suficiente para rechaçar as prováveis provocações e insinuações, tipo de que seria ‘um poste’ ou mensageiro do atual prefeito”, analisa.

Embora tudo indique que Telmo vai basear sua estratégia de transferência de votos justamente na imagem de bom gestor, essa percepção pode não ser suficiente caso a escolha do candidato a sucessor não seja certeira. De acordo com o cientista político e professor da Unisc João Pedro Schmidt, é comum prefeitos que concluem mandatos com altos níveis de aprovação não conseguirem eleger seus sucessores. Isso porque, segundo ele, “as eleições se alimentam fortemente do futuro, não do passado”. “As muitas obras feitas resultam geralmente em elogios, não em votos.”

Publicidade

Fatores externos

Fatores externos também serão decisivos para o sucesso de Telmo Kirst. Para além das discussões locais, questões nacionais, por exemplo, podem ter mais influência sobre os rumos da eleição do que o apoio do prefeito ou a composição das coligações. “É possível que ser a favor ou contra Bolsonaro tenha um peso decisivo. Tanto uma possível chapa reunindo PP, MDB e PTB como uma possível chapa governista serão impactadas pelo cenário nacional. Uma terceira opção pode crescer em cima de um discurso de oposição ao governo federal”, observa Schmidt.

Já Astor Wartchow acredita que a próximo pleito não vai ser marcado por polarizações tradicionais, como esquerda e direita. “Aliás, isso é próprio de eleições municipais, mas agora mais do que nunca. Afinal, há um esgotamento e um cansaço popular com essa ‘conversinha’.” Para ele, mais determinante será quem enfrentará o candidato de Telmo e a habilidade do postulante governista em capitalizar os feitos da sua administração.

Publicidade

Na avaliação de Wartchow, o fato de o governo ter conseguido tirar obras do papel e mantido as contas em dia em um cenário de recessão econômica representa um “trunfo comparativo”. “O desafio do governo será mostrar que fez muito mais (e melhor) do que seria possível nas atuais circunstâncias. O desafio da oposição será questionar esse argumento”, acrescenta.

Além de Henrique e Knak, a lista de possíveis candidatos a prefeito inclui os vereadores Bruno Faller (PDT) e Mathias Bertram (PTB), o professor de Direito Fabiano Dupont (PSB), o médico Carlos Eurico Pereira (Novo) e o brigadiano aposentado Ivan Keller (PSL). De acordo com Wartchow, o cenário é favorável a Telmo Kirst já que, segundo ele, entre os nomes da oposição “não há lideranças expressivas o suficiente para atrapalhar”. “Não quer dizer que não possa alguém crescer no decurso do processo”, pondera.

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.