O inquérito sobre a morte de Francine Rocha Ribeiro, de 24 anos — assassinada na barranca do Rio Pardinho, a aproximadamente 370 metros da pista do Lago Dourado, no dia 12 de agosto — foi concluído pela Polícia Civil e encaminhado ao judiciário nesta sexta-feira, 31. O acusado pelo crime, Jair Menezes Rosa, de 58, foi indiciado por homicídio qualificado, estupro e furto. O resultado do inquérito foi anunciado em entrevista coletiva com a delegada Lisandra de Castro de Carvalho, à frente da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), responsável pelas investigações.
Jair está preso desde a quinta-feira da semana passada, 23, quando a polícia recebeu o laudo de perícia, que comprovou a compatibilidade do DNA de Rosa com o material genético encontrado no corpo da vítima. A polícia ainda aguardava a perícia nas roupas dela para confirmar se outra pessoa estaria envolvida. No entanto, o resultado comprovou que o acusado agiu sozinho, pois somente o sêmen compatível com o DNA dele foi encontrado na cinta, na calça e na camiseta que Francine vestia. Dessa forma, conforme a delegada, foi excluída definitivamente a possibilidade de outra pessoa estar envolvida no crime.
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O laudo pericial indicou que a vítima morreu por asfixia mecânica, com o auxílio de um pedaço de tecido, e teve um osso do pescoço quebrado. Ela foi espancada no abdômen, possivelmente com chutes. Além disso, também foi estuprada.
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“Nós enquadramos o caso e indiciamos o acusado por homicídio qualificado por meio cruel — pela emboscada, porque ela foi retirada na pista onde caminhava numa verdadeira emboscada, pois o acusado estava escondido esperando —, para assegurar a ocultação e a impunidade de outro crime e por feminicídio”, afirma Lisandra. No indiciamento também constam os crimes de estupro e furto, já que os pertences da vítima desapareceram.
Homicídio qualificado
1. Por meio cruel: Jair teria usado asfixia, além da agressão, para matar Francine;
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2. Para assegurar a ocultação e a impunidade de outro crime: ele estuprou a vítima e, para não ser reconhecido, achou que matá-la o livraria do crime;
3. Por feminicídio: houve menosprezo e discriminação pela condição de mulher:
4. Uso de emboscada: Jair fez uma emboscada para retirar Francine da pista.
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Quando o corpo de Francine foi encontrado, estava com as roupas desalinhadas e sem calcinha. A mãe da vítima viu ela se vestir antes de sair de casa e afirma que a filha estava usando a peça. Jair teria levado a calcinha para esconder alguma prova do crime. O casaco, o óculos, um par de brinco e quatro anéis também desapareceram, além do celular. “A última área de acionamento [do GPS do aparelho] foi no bairro onde o autor residia, então há mais uma evidência”, ressaltou a delegada.
Mesmo com as provas contra Jair, ele continua a negar a autoria do crime e não demonstra arrependimento. Durante depoimento, o acusado permaneceu em silêncio. No entanto, em uma conversa informal com os policiais, ele deu informações que foram consideradas no inquérito, conforme Lisandra.
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O pedaço de pano encontrado na casa de Jair, que era semelhante ao localizado junto ao corpo de Francine, ainda passará por perícia. A delegada afirma que o suspeito está preso e deve permanecer detido durante o processo. O período que pode permanecer em reclusão, caso seja condenado por todos os crimes, não foi estimado pela delegada. “Se ele for incriminado por todos os indiciamentos, é um somatório que o juiz vai fazer”, explicou.
A partir de relatos de visitantes do Lago Dourado que teriam visto Francine, a polícia acredita que ela tenha sido retirada da pista de caminhada nas proximidades da guarita desativada, onde também há uma trilha.
Não há como afirmar com certeza que Jair tenha premeditado o crime, mas, para a investigação, tudo indica que sim. “Ele foi em um lugar onde se escondeu e esperou que uma mulher aparecesse em situação de vulnerabilidade, onde ele pudesse atacar. Ele estava com uma mochila, onde já carregava uma cordinha. A aproximação para a prática do crime sexual me parece muito clara nessa análise”, disse Lisandra.