Primeira funcionária da Odebrecht a firmar um acordo de delação premiada e contar o que sabe sobre o complexo esquema de pagamentos de propinas da empreiteira envolvendo agentes públicos, políticos e licitações na Petrobras em outras áreas do governo federal, Maria Lúcia Guimarães Tavares mantinha em sua residência o manual completo do software desenvolvido pela própria empreiteira e que foi usado para gerenciar a contabilidade das propinas das empresas do grupo.
Rotulado de My Web Day, o sistema fazia parte do dia a dia de trabalho de Maria Lúcia na sede da empreiteira, em Salvador (BA) Em sua residência foi encontrado o manual de 62 páginas que detalha as funcionalidades do sistema de informação desenvolvido pela própria Odebrecht para uso interno na década de 1990.
Após a deflagração da Operação Xepa, os executivos da empreiteira decidiram, nesta terça-feira, 22, colaborar com as autoridades.
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Maria Lúcia fechou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. Suas revelações deram suporte para a 26ª etapa da investigação, deflagrada na terça-feira, 22. O impacto da Xepa acabou levando a própria Odebrecht admitir fazer o que chamou em nota de ‘colaboração definitiva’. Oficialmente, é a primeira vez que a grande empreiteira coloca seus executivos no caminho da delação.
My Web Day permite, dentre outros, o gerenciamento de contratos da empresa de forma minuciosa, identificando os tipos de contrato, natureza do serviço, período de vigência, além de outros caminhos. Trabalhando na Odebrecht desde 1977, e desde 2010 no setor de Operações Estruturadas, Maria Lúcia Tavares revelou que o sistema era utilizado por ela e seus superiores para fazer a “contabilidade paralela” da empresa.
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“Esclarece que seu dia normalmente iniciava com uma checagem de seu e-mail funcional para verificar pendências; que então logava em um sistema chamado My Web Day, da Odebrecht, que era utilizado apenas pelo setor de Operações Estruturadas até onde sabe; que se outros setores da empresa utilizavam o My Web Day não era com a mesma finalidade”, afirmou Maria Lúcia. Nos próprios informativos internos da Odebrecht há o registro de que o sistema teria sido encerrado totalmente em 2012 e substituído por um outro mais moderno desenvolvido em conjunto com a empresa americana Oracle.
Maria Lúcia foi presa em 22 de fevereiro deste ano, na 23ª etapa da Lava Jato denominada Acarajé, em referência a uma das expressões utilizadas por ela e outros funcionários da Odebrecht para designar os pagamentos de propinas em dinheiro vivo da empreiteira. Na ocasião, sua casa foi alvo de buscas, e a PF encontrou, além de inúmeras planilhas e registros da “contabilidade paralela”, o manual do sistema desenvolvido para aprimorar a gestão da empreiteira e que acabou sendo desvirtuado para operar a movimentação de dinheiro ilícito.
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