Roberto e Ricardo Pohlmann, irmãos sobradinhenses e atuais moradores de Santa Cruz do Sul, lançaram neste mês o disco de estreia do duo Ramal 314. As seis canções que compõem o álbum são composições próprias, escritas entre 2015, quando iniciou o projeto, até o presente ano. Roberto é músico profissional e Ricardo produtor audiovisual.
Segundo eles, sempre tiveram o hábito de se unirem para criar, inclusive, para outros projetos, mas a ideia do Duo somente se concretizou no ano passado, “isso é, as composições já existiam, mas nos faltava um tempo para refletir o que realmente queríamos. Foi um processo prazeroso, embora um tanto demorado. Afinal, começamos a compor juntos em 2015 e somente fomos lançar o disco nesse ano. Foi durante a pandemia que conseguimos tempo para pensar no projeto”, revelaram.
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As raízes da dupla foram homenageadas com a primeira música do álbum e a produção de um videoclipe, Centro-Serra. Os municípios de Sobradinho, Ibarama e Salto do Jacuí emprestam suas cores e exuberância para compor o trabalho autoral dos irmãos. Nas imagens, o cotidiano da vida interiorana, as belas paisagens da região e resgates da infância. “Centro-Serra é uma homenagem a região onde nascemos e passamos a infância, bem como as pessoas que fazem parte da nossa história. O clipe traça um paralelo pela lente do Fata Armindo, nosso avô materno, e suas lembranças da Linha Ressaca (um dos territórios inundados pela construção da Barragem de Dona Francisca) e de nossa percepção enquanto filhos dessa terra afastados por razões de destino. No fundo, é a busca pela nossa origem”, contaram os irmãos.
Questionados sobre a ligação com o município onde nasceram, a dupla mencionou que a frequência das visitas não é a mesma, mas sempre que possível retornam para a casa do pai e do avô, indo também a Ibarama para rever os avós maternos. “Nascemos em Sobradinho e nossos familiares maternos e paternos, em sua maioria, residem na região. Eu, Roberto, morei até os oito anos, e Ricardo até um ano em Sobradinho. Nos mudamos para Santa Cruz junto da nossa mãe, Marinês, e nossa irmã Thaiza, mas íamos, junto da nossa irmã, quase todos os finais de semana para Sobradinho, na casa do nosso pai Vilson e nossos familiares paternos. E/ou pra Ibarama, na casa dos avós maternos, sem falar das férias escolares”.
As lembranças foram inspiração e permanecem atuais para os jovens músicos. “Eu, Roberto, tenho mais lembranças da minha infância no Centro-Serra. De Sobradinho recordo dos amigos do Bairro Baixada, dos jogos de futebol no Atlético, do Arroio Carijinho que passava por detrás da casa onde morávamos, da escola Lindolfo Silva, entre outras. De Ibarama lembro da Linha Ressaca, de pescar no Jacuí (como mostramos no clipe) das festas interioranas, dos jogos de tacoball”. Já Ricardo, lembra-se das atividades mencionadas pelo irmão, na qual “boa parte delas ‘tentando’ acompanhar essa galera que ele menciona, pois era o mais novo da turma. Enfim, são muitas lembranças marcantes que nos formam”, pontuou.
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O material de divulgação enfatiza um convite a pensar sobre a vida, a infância, a ansiedade e a poesia cotidiana, embaladas por ritmos latino-americanos. “O álbum é cronológico, embora não tenha sido a intenção inicial. Centro-Serra é a canção que abre o disco. Habitus, a faixa 2, remete aos tempos escolares vividos na escola Polivalente, em Santa Cruz do Sul. Depois do 18, faz menção ao início da vida adulta e seus desafios. Rodoviária, faixa 4, foi feita a partir dos traslados que fazia para trabalhar. Já, Bokeh é um retrato da Santa Cruz atual e sua mudança de ritmo, de tempo. Terminamos o disco com Autopoiese, um termo desenvolvido pelos biólogos Francisco Varela e Humberto Maturana, que diz respeito a essa capacidade humana de reinventar-se. Cremos que o ouvinte, mesmo que não tenha vivido as nossas experiências, poderá ‘se encontrar’ nas canções, pois de algum modo estas experiências são ‘comuns’ e por isso nos ligam”, afirmaram os músicos.
As gravações foram realizadas em janeiro deste ano, seguindo os protocolos de prevenção à Covid-19, no Estúdio Boca de Sons, em Santa Cruz do Sul, sob a supervisão de Alison Knak, que também compôs e executa as linhas de baixo; Roberto no violão e na voz; Diego Maracci na bateria e Ricardo no vocal. Além deles, outros envolvidos na produção do álbum foram a fotógrafa Paola Salles, o designer Josué Pereira, além da produtora de vídeos Supernova Filmes. O projeto foi viabilizado pela Lei 14.017/2020 – Lei Aldir Blanc, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Santa Cruz do Sul.
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As canções estão disponíveis no YouTube e também no Spotify. Em breve devem ser lançados novos clipes e outras gravações. “De maneira que as pessoas não percam nenhum lançamento, convidamos a acompanhar nossa página no Facebook e nosso perfil no Instagram”, finalizam os irmãos Pohlmann.
Centro-Serra me espera,
Hoje abraço a minha terra,
De um jeito diferente,
Hoje sei que sigo em frente,
Mas te levo,
Nesses versos que só canto,
Por saber que nenhum pranto,
Nos separará Jacuí.
(Trecho canção Centro-Serra – Ramal 314)
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