Pelas livros e cantos, nos nutrimos do melhor alimento para a alma. Foi nesse fluir que na última sexta-feira e no sábado transcorreu evento inédito na cidade, o 4º Congresso Estadual das Academias de Letras, mais restrito e seleto no público, mas cheio de significado para uma comunidade que se formou a partir de legado da colonização alemã há 175 anos, trazendo em seu íntimo o valor de ler e cantar, para suavizar o intenso trabalhar.
Com o lema “Construindo memória e aproximando distâncias”, rememorando a construção de nosso Estado pela integração de diversas experiências humanas e étnicas, transmitida em muitas publicações, a iniciativa também evidenciou o propósito de fazê-lo “contando e cantando histórias”. Foi o que observou no início do encontro a acadêmica local e rio-grandense Marli Silveira, que ao final foi eleita a nova presidente da academia santa-cruzense.
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De fato, uma forte mensagem já foi transmitida pela música e pelo canto logo na abertura, com o grupo musical local Ramal 314 (dos irmãos Roberto e Ricardo Pohlmann e de Diego Maracci), que apresentaram um “Manifesto Ecológico”, com diversas canções e relevantes alertas, entre os quais: “Quando vamos aprender com nossos erros?”, inspirado no famoso ecologista José Lutzenberger, enquanto nosso também ambientalista e escritor José Alberto Wenzel lembrava: “Não é a natureza que nos penaliza, nós estamos nos penalizando”. E a banda ainda fazia veemente defesa do nosso Cinturão Verde, “nosso jardim coletivo, nosso guardião, a força que vem do chão e nos faz irmãos”.
Ainda em outros momentos, a música esteve presente, tal como nas obras de autores alemães trazidas ao violino por Luís Eduardo Kaufmann e pelo Quarteto da Ospa, antecedido pelos sons tranquilizantes e inspiradores de Handpan, de Grace Harteming, na acústica e centenária Igreja Evangélica (que amanhã à noite sediará outro espetáculo, com Orquestra e Coral da Unisc, e Coral da Afubra). Do mesmo modo, ainda que em ousada inserção na aprofundada palestra da professora e escritora Lissi Bender sobre “O papel da imprensa no contexto das culturas regionais”, participei de uma “palinha” de lendária canção alemã, produzida no período das emigrações e presente no passado em nossa colônia, a famosa Loreley, da qual fala a escritora Hilda Hubner Flores (natural de Venâncio Aires), no livro Canção dos imigrantes.
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Porém, esteve mesmo em alto e bom som a reiteração do valor dos livros e do ler, entre tantas manifestações no evento e no próprio livro elaborado para o momento, por meio da Editora Gazeta e edição de Romar Beling, seu gestor e também o primeiro presidente da Academia de Letras local, instituição ainda criança (de cinco anos), mas bem prematura. Disse então Romar: “Leitura e literatura são essenciais para que nos tornemos efetivamente humanos”. Ao que o presidente reeleito da academia estadual, Airton Ortiz, acrescia: “É preciso valorizar o livro, como única mídia que aprofunda e contextualiza os fatos, ensinando a pensar”.
O educador de muitas gerações, e nosso colega na academia, Elenor Schneider, relembrou uma de suas frases prediletas: “Quem aprende a ler caminha sozinho”, enquanto nossa prefeita Helena Hermany, que ama as flores e as letras, abria o congresso dizendo: “A pessoa espelha e espalha o que sente na alma, que recebe o melhor alimento da leitura”. Enfim, a Carta do Congresso, trazida pelo acadêmico Roni Nunes, lança a todos o reforço no indispensável incentivo à leitura e na valorização da literatura regional e diversa, onde já se inserem obras como o meu Peter & Lis e outras que se somam a esse esforço. Ao exercitar nosso intelecto, como faz nossa academia e podem todos fazer lendo mais, podemos de fato sermos mais humanos e vivermos melhor o presente e o futuro.
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