A maioria das cidades brasileiras tem em comum a desigualdade crescente. As evidências principais são a segregação socioespacial e a concentração da riqueza e da renda.
A segregação socioespacial afeta a população e é percebida nas questões relativas à moradia, ao saneamento, ao emprego e ao transporte público.
Milhões de famílias moram em áreas sem infraestrutura urbana e de saneamento. Ou não são atendidas com pelo menos um destes serviços públicos: água, esgoto, coleta de lixo e energia elétrica.
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Esses dados guardam relação com os números referentes aos jovens, notadamente aqueles com idade entre 15 e 24 anos e que vivem no meio urbano. São metade dos desempregados. Metade não estuda.
A decorrência desse conjunto estatístico, de parte do jovem, é uma sensação de impotência, uma descrença na família e na sociedade, descrença no esforço coletivo, na comunidade e nas autoridades, desrespeito às normas e às regras de convivência.
A violência tem os jovens como maioria das vítimas e/ou agressores. Fica evidenciada que a violência é consequência de uma crise de valores e uma falta de perspectivas pessoais.
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Trata-se de uma geração que nasceu e cresceu sob o signo da violência. Sem alternativas e sem medo, e não encontrando soluções para seus problemas, inventa soluções radicais e antissociais.
Não demorará muito tempo e conheceremos os resultados do próximo censo nacional. Quero crer que o povo brasileiro gostaria de ouvir dos presidenciáveis e dos parlamentares propostas razoáveis para superação desses problemas.
A propósito, entre os atuais pretendentes, alguém já ouviu algo objetivo, consistente, consequente e realista (um plano de governo!) para superar essa trágica combinação de problemas e desigualdades?
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Em Édipo Rei, do poeta grego Sófocles, Édipo deve salvar Tebas, uma cidade subjugada por uma esfinge (monstro mitológico) que ameaçava o povo de fome e de peste.
Édipo teria que resolver um enigma proposto pela esfinge. Édipo pede ajuda ao adivinho Tirésias, que, apesar de cego, enxergava a verdade. Tirésias diz a Édipo:
“– Os dois olhos que tens pouco adiantam, pois não vês a miséria que te cerca; em teus olhos, que pensas ver claro, contém uma treva irreversível.”
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Agora, a esfinge está às nossas portas!
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