Consumo e consumismo: qual a diferença?

Quem nunca comprou alguma coisa que não havia planejado nem precisava, mas apenas porque achou bonito, interessante, estava em promoção ou por qualquer outro motivo – ou até sem motivo? De vez em quando, todo mundo faz alguma compra fora do habitual, sem questionar-se ou nem saber porquê, apenas porque deu vontade, o que a internet tornou ainda mais fácil.

O consumo está presente na rotina de todos. Trata-se de uma necessidade humana, velha como o mundo. Nos primórdios da humanidade, era uma atividade apenas de sobrevivência.

O consumo significa que a pessoa compra o que precisa para viver. É claro que isso pode ser muito subjetivo. O que é necessário para uma pessoa pode ser dispensável para outra. Assim, o consumo pode representar uma parte do que somos, aquilo que gostaríamos de alcançar e de como nos expressamos.

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Por isso, para tornar o consumo mais consciente, algumas perguntas podem instruir o ato de comprar ou contratar algum serviço:

  • É preciso comprar ou contratar agora?
  • Há condições de comprar ou contratar agora sem comprometer o orçamento do mês atual e talvez até de meses seguintes?
  • Há prioridades mais importantes ou urgentes antes de gastar este dinheiro?
  • É possível esperar até amanhã para tomar essa decisão?
  • Como está o comprometimento do cartão de crédito?

Aos poucos, do atendimento às necessidades básicas ou caprichos, o consumo transformou-se numa obsessão, orientado para e pelo mercado, um mundo que se organiza – social, politica e economicamente – para levar-nos a consumir: é o consumismo. Hoje, permanentemente, uma parte dos salários e rendas das pessoas é destinada à aquisição de bens e serviços.

O consumismo se manifesta quando a pessoa compra mais do que precisa, exagera e não tem limites, mesmo que não prejudique seu orçamento. Mas ele é um pouco mais que isso. O “ter” é o que importa, muitas vezes substituindo o “ser”. Avalia-se a si mesmo e aos outros pelos bens que exibem. Com o consumismo, vem também o exibicionismo, o egocentrismo, ambição de ser “famoso”, “notado” e, por extensão, “desejado”. E o nosso mundo está criando, desde a tenra idade, ao não impor limite, futuros adultos consumistas.

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Ao ultrapassar a linha entre o saudável e o exagerado, o consumismo pode se transformar em impulsivo ou compulsivo.

Ainda não tão grave, mas não menos importante, o comprador impulsivo adquire qualquer coisa por impulso, num determinado momento, mas ainda sem ser rotineiro. Não chega a ser uma doença, mas certamente o hábito pode causar sérios problemas à saúde do bolso. Sem planejamento e por um simples desejo momentâneo, a pessoa pode comprometer muitas vezes sua renda presente e até futura.

Já o comprador compulsivo caracteriza-se por ser portador de uma espécie de doença, catalogada pela Organização Mundial da Saúde como oniomania. A pessoa é viciada em compras, sentindo e manifestando um desejo irresistível de comprar, que só passa após a aquisição de alguma coisa. Muitas vezes, a pessoa nem sabe o que quer ou precisa comprar, mas a vontade é tão grande que o item a ser adquirido é o que menos importa. O lado ruim disso é que os momentos agradáveis e as sensações de alívio causadas pelo ato da compra compulsiva passam rapidamente, dando lugar ao arrependimento, à culpa, à vergonha e aos problemas financeiros e pessoais.

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A maioria das pessoas não se dá conta ou custa a assumir eventuais problemas existenciais, familiares, financeiros, etc, mais ou menos graves, que o consumismo pode gerar. Geralmente, mentem para si mesmas ou para outras pessoas, tentando justificar a importância da aquisição de produtos e contratação de serviços que não precisavam ou que, naquele momento, não tinham condições financeiras para assumir.

Muitos dos problemas financeiros, enfrentados por milhões de brasileiros, são decorrentes de compras e contratações realizadas sem consciência. Para evitar sufocos e ter que recorrer a empréstimos, um dos quais é o fácil e caro cheque especial, é imprescindível dar atenção à organização e ao planejamento financeiro.

A educação financeira pode ajudar nisso porque, muito além de técnicas – saber fazer algumas contas, pesquisar preços, elaborar um orçamento – ela é uma ciência comportamental, porque lida com propósitos e sonhos. As pessoas não se dão conta que o descontrole financeiro tem origem em maus hábitos e comportamentos, provocados pelo desequilíbrio entre o “ser” e o “ter”. Muitas vezes, as pessoas não são o que aparentam ou ostentam. Isso é que precisa ser corrigido. Existem inúmeras iniciativas no país, tanto privadas como públicas, que se propõem a ensinar educação financeira. Uma delas é a DSOP Educação Financeira, de São Paulo, presente em vários estados do Brasil e até em outros países. 

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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