Há cerca de seis anos, um grupo de feirantes decidiu se instalar alguns dias da semana na Praça Ernesto Frederico Söhnle, a Pracinha da Pasqualini, no Bairro Santo Inácio. A proposta dos agricultores de vender apenas produtos orgânicos agradou aos moradores, que deram um bom retorno à novidade. Além disso, iniciava-se no local – na esquina da Avenida Alberto Pasqualini com a Travessa Harmonia – um processo de revitalização, promovido pela própria população das imediações. Nos dias de hoje a praça respira novos ares, sendo um local seguro e com uma feira já consagrada. Porém, o projeto de construir um espaço físico permanente aos feirantes divide opiniões e gera conflito no bairro.
A Pracinha da Pasqualini não era o bonito espaço para esporte e lazer que hoje é. Os moradores mais antigos lembram com tristeza a época em que temiam atravessar o local. Os bancos, as lixeiras, os brinquedos e tudo mais que havia lá estavam pichados e depredados. Os crimes eram comuns, e a escuridão da noite escondia o consumo e o livre tráfico de drogas. A mudança real começou há dois anos, quando a feira orgânica já ocupava algumas manhãs e tardes da pracinha.
Um grupo de moradores do Santo Inácio resolveu “adotar” o espaço e o transformou. O empresário Everton Mendes, proprietário de uma casa de carnes na Pasqualini desde 2014, conta que hoje é feita a manutenção regular do local, tornando-o um ambiente agradável para a prática de esportes e o lazer da população. “Todos ajudamos a manter nossa praça como ela está hoje: bonita, iluminada e segura”, explica.
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O convívio com os feirantes, explica Everton, é pacífico. Porém, a construção de uma estrutura fixa para eles causa um certo desconforto em alguns moradores do bairro. “A feira é boa para todos, aumenta o fluxo de pessoas pelas proximidades e nunca causou problema para ninguém. Porém, um espaço permanente talvez não seja o ideal para este local, isso precisa ser discutido.”
Para os agricultores, necessidade urgente
Por outro lado, os feirantes e alguns moradores do Santo Inácio acreditam que a construção de um local é uma necessidade urgente. Para o casal de agricultores Herculano e Lore Frantz, que improvisavam uma estrutura para se proteger da chuva em mais um dia de tempo instável na primavera santa-cruzense, ter um espaço seco e seguro para deixar seus produtos será bom para todos. “Ninguém quer que a gente deixe este lugar, pois gostam muito dos nossos produtos. Mas aqui, tanto quem trabalha quanto quem compra acaba se molhando em dias chuvosos. E, ainda por cima, não temos nem um banheiro público por perto para utilizar”, reclama Lore.
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