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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Construção civil: onde a retomada já começou

Facilitação no crédito e redução da taxa de juros estão entre os fatores que favorecem a construção civil nesse momento

Considerada a mola propulsora da geração de emprego e renda, a construção civil dá os primeiros sinais de retomada após a retração imposta pelas restrições nas atividades econômicas nos últimos meses. Ao menos na região de Santa Cruz do Sul, onde tudo indica que a fase mais aguda da pandemia ficou para trás, o setor volta a ganhar fôlego e já percebe indicativos positivos na demanda.

A Gazeta do Sul ouviu nessa semana algumas das principais construtoras que atuam em Santa Cruz para avaliar a situação do segmento. O sentimento majoritário, embora não unânime, é de que, ainda que a chegada do novo coronavírus tenha afetado cronogramas e abalado as projeções de um ano que se esperava ser de franca recuperação da economia nacional, o quadro atual inspira otimismo.

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Um estudo divulgado na semana passada pela IPC Marketing Editora, que mediu o potencial de consumo no país em 2020, apontou que o setor de habitação vai movimentar R$ 825,2 milhões até o fim do ano no município. Além disso, embora também tenha registrado saldo negativo, o segmento foi o que menos sentiu a queda na empregabilidade no primeiro quadrimestre, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Atualmente, de acordo com os decretos estaduais e municipais, as empresas podem operar com 75% da força de trabalho e colaboradores com mais de 60 anos devem ser dispensados.

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Empresários relatam que, após o período de paralisação e posterior adaptação dos canteiros de obras às novas normas sanitárias, entre março e abril, a maré começou a mudar, ainda que lentamente, no mês de maio. Nas últimas semanas, a movimentação de corretores imobiliários e a assinatura de contratos se aceleraram. Um dos fatores que favorece esse movimento é a redução na taxa de juros, o que vem atraindo pessoas a investir em imóveis.

“A queda da Selic forçou a queda no rendimento dos investimentos financeiros. Então, muitas pessoas físicas que tinham dinheiro aplicado estão migrando para o mercado imobiliário”, observa o proprietário da Vêneto Empreendimentos Imobiliários e coordenador do escritório regional do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon), Astor Grüner. Segundo ele, o momento ainda é de cautela e há preocupação com o futuro, mas as vendas estão acontecendo. “A gente achou que ia ser pior, logo que começou a pandemia. A economia vai cair, sim, mas as necessidades habitacionais continuam”, colocou.

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Com isolamento, pessoas querem viver melhor
A facilidade para obtenção de crédito no sistema financeiro é outro fator que está por trás do que alguns já consideram um reaquecimento do mercado. “O financiamento nunca esteve tão bom, embora as pessoas não estejam se atirando no financiamento o quanto poderiam, por causa do receio do futuro”, analisa o proprietário da Landskron Engenharia e Arquitetura, Érico Landskron. Para ele, porém, dois aspectos preocupam. Um deles é o risco de novas restrições à atividade, de acordo com a evolução da pandemia. Outro é a demora crônica para aprovação de projetos e obtenção de licenças e documentos. “Estamos bem positivos em relação ao futuro, mas desde que o sistema público não tranque o nosso desenvolvimento”, diz.

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Outro ponto positivo, curiosamente, foi gerado pela própria pandemia. Na visão do diretor comercial da Cigha Construtora e Incorporadora, Fagner Schwenbger, a experiência inédita do isolamento social vem levando muitas pessoas a buscarem condições melhores de moradia, o que estimula tanto as ampliações e reformas quanto a procura por novos imóveis. “As pessoas mudaram seus conceitos de vida e querem morar bem”, observa.

Parte do setor de construção civil sentiu menos os impactos da pandemia, sobretudo as empresas que operam obras de infraestrutura, como pavimentações, e as que trabalham principalmente com obras de menor porte, como casas. “Como nossas obras são pequenas, são poucos funcionários; então, não tivemos tanto problema com as restrições. Mas tomamos todos os cuidados”, conta Vitor Schramm Trevisan, proprietário da Avantte Engenharia.

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ALTOS E BAIXOS
O que ajuda o setor no momento


Juros baixos – Com a taxa básica de juros no menor patamar da história, o rendimento de aplicações vinculadas à Selic despencaram. Com isso, muitos investidores vêm migrando para o mercado de imóveis em busca de remunerações melhores.
Financiamentos – Diante da retração econômica, os bancos, tanto públicos quanto privados, vêm facilitando os financiamentos imobiliários. Além de condições melhores, como prazos de carência, os processos estão mais rápidos – o que também é efeito da digitalização, já que é preciso evitar as aglomerações nas agências.
“Efeito quarentena” – Com as restrições de contato social impostas pela pandemia e a tendência de crescimento do trabalho remoto, a habitação passou a ser mais valorizada, o que vem levando muitas pessoas a buscarem lugares melhores para viver.

O que prejudica o setor no momento
Restrições – Embora as restrições já tenham sido em boa parte relaxadas, o fato de os protocolos ainda estarem sendo atualizados periodicamente gera insegurança às construtoras. O temor é de que as regras voltem a ser apertadas, afetando os cronogramas das obras e a economia.
Burocracia – Empresários queixam-se da lentidão para aprovação de projetos e obtenção de documentos em órgãos públicos, que, em alguns casos, supera até o tempo de execução das obras.
Instabilidade política – As incertezas quanto aos rumos da crise política no país e o possível impacto disso sobre a economia geram receio quanto ao longo prazo.

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