A primeira associação relacionada às práticas de conservação do solo costuma se dar em torno dos usos agrícolas. Mas a importância desse recurso vai muito além da produção de alimentos. Cuidar das terras é também assegurar qualidade da água, solidez para as construções e, naturalmente, a expansão urbana.
É com esse foco que profissionais da área da geologia, engenharias e biologia dedicam-se a estudos para assegurar o aproveitamento racional e capaz de provocar os menores impactos possíveis à camada terrestre. Quando esses danos já ocorreram, os trabalhos voltam-se à busca de alternativas para recuperar áreas degradadas. Reflorestamento, conservação de fontes e inclusive punições aos causadores de danos ao solo e ao meio ambiente de um modo geral são algumas das medidas adotadas.
Mesmo com os avanços recentes nesse sentido, o desafio da conservação ainda é grande. É o que aponta o doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jean Minella. Segundo ele, existe um grau de descaso quando o assunto se refere à erosão hídrica e especialmente à perda de água na forma de escoamento superficial. A falta de entendimento acerca dos impactos econômicos da degradação e das perdas de água, solo e nutrientes é um dos fatores a que se pode atribuir os estragos na camada terrestre.
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Além disso, aponta o professor, a carência de apoio técnico e financeiro na implementação de práticas de conservação é preocupante. “Os efeitos positivos da adoção de práticas de conservação de solo e água atingem toda a sociedade, principalmente o setor energético e as empresas de abastecimento de água”, completa.
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No caso da água, estudos apontam que os cuidados com o solo refletem-se nos mananciais com menor incidência de resíduos de fertilizantes ou assoreamento das áreas, como ocorre ao longo do Rio Pardinho, que abastece Santa Cruz do Sul. Inclusive, diante da importância do manancial para a região, entidades se mobilizaram com o objetivo de buscar a recuperação das áreas mais críticas. Além de acordos para cuidados feitos com os proprietários de terras que fazem margem com o rio, foram promovidas iniciativas voltadas ao reflorestamento e monitoramento daquelas áreas.
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O que vem sendo feito
Nos últimos tempos, diversas iniciativas com foco na conservação do solo passaram a ser difundidas. Entre elas estão a adaptação de máquinas ao manejo adequado, redimensionamento dos espaçamentos e tamanho dos terraços, sistemas de produção com maior aporte de biomassa, controle de fluxo de enxurradas e remuneração por serviços ambientais. Assim, foram adotados sistemas produtivos capazes de maximizar a produção e diminuir os impactos ambientais.
Um dos exemplos vem da região fumageira, na qual o cultivo mínimo melhorou a capacidade produtiva e reduziu o impacto sobre os recursos hídricos. Ainda passou a se identificar a proteção das fontes e das áreas hidrologicamente frágeis – como banhados e mata ciliar – a fim de reduzir os problemas de enxurradas e produção de sedimentos.
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Dia de Conservação do Solo é celebrado nesta quarta
É celebrado nesta quarta-feira, 15, o Dia Nacional da Conservação do Solo. A data foi instituída em homenagem ao nascimento do americano Hugh Hammond Bennett (15/04/1881 – 07/07/1960), considerado o pai da conservação dos solos nos Estados Unidos e o primeiro responsável pelo Serviço de Conservação de Solos daquele país.
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No Brasil, a data foi criada por meio da lei 7.876 em 13 de novembro de 1989, por iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o objetivo de aprofundar os debates sobre a importância do solo como fator básico da produção agropecuária e a necessidade de seu uso e manejo sustentáveis.
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