Sérgio e Maria Lourdes, os magos guardiões do pombo da paz
Santa Cruz do Sul revive a cada desfile de Natal a magia que esta época do ano traz. Em 2023, os organizadores prepararam quatro apresentações para encantar o público na rua Marechal Floriano.
Conforme o diretor artístico, Sergio Ávila, responsável por criar, desenvolver e construir a temática, juntamente com a coordenação, cerca de 500 pessoas participam dos desfiles de Natal. Ao todo, são sete carros alegóricos e de 12 a 15 alas, em média.
A fim de valorizar as pessoas que dão vida aos personagens que compõem o desfile, a Gazeta do Sul selecionou alguns deles e apresenta um resumo sobre suas participações e suas impressões sobre a data. O que se vê, de modo geral, é que todos apreciam a data e a possibilidade de alegrar o público que acompanha as apresentações.
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O carro da Paz é o terceiro na ordem do desfile e ilustra o tema deste ano, “Milagre da Paz”. Foi todo confeccionado em branco, com luzes azuis. Segundo o diretor artístico do desfile, Sérgio Ávila, “a inspiração foi nos homens da neve, dos céus e dos anjos”.
Os personagens de destaque desse carro são os magos guardiões do pombo da paz, interpretados pelo despachante Sérgio Luiz Machado, 72 anos, e a secretária Maria Lourdes Dias, 68. Ávila conta que os escolheu porque eles representam a experiência e a longevidade. “A paz traz justamente isso: essa longevidade com que as pessoas vão entendendo melhor o mundo”, disse.
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Este é o segundo ano consecutivo em que os dois participam do desfile. No ano passado, interpretaram o casal da neve. Sérgio e Maria Lourdes já tinham ligação com a arte e a cultura, mas estão juntos há pouco mais de um ano. Viúvo há mais de cinco anos, ele recebeu de Maria o convite para participar de ensaios no grupo Oktobertanz e desde então não mais se separaram.
“Ela me convidou em abril do ano passado, porque estavam faltando integrantes no grupo. Fui, gostei e três meses depois, em julho, eu já estava presidindo o grupo”, disse ele, ao lembrar que sua estreia em desfiles do gênero iniciou na Festa das Cucas de 2023. “De lá para cá, participamos dos desfiles na Oktoberfest, no Carnaval e no Natal.” Sérgio também tem relação com os grupos de sociedades de damas e de cavalheiros, ligados às comunidades do interior. Há 15 anos ele coordena esses grupos. Já Maria Lourdes tem participação ativa no Oktobertanz há 18 anos.
O casal diz que o seu carro temático procura levar alegria e paz às pessoas, e que a sensação de poder contribuir para a disseminação desses sentimentos é de muita alegria. “O Natal é momento de levar alegria às pessoas e fazer isso, em meio a tanta tristeza que temos visto [guerras e catástrofes climáticas], é muito bom. Os desfiles são mágicos. A população realmente participa e gosta muito”, destacou Sérgio.
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Da mesma forma, Maria Lourdes é só elogios para o desfile. “Quando a gente está lá em cima do carro alegórico, é como se largássemos sementes do bem. Nós espalhamos paz e alegria para que todas as pessoas, em especial as crianças e os idosos, tenham um momento mágico e possam esquecer os problemas nem que seja por aquele instante.”
Ao vislumbrar o público do alto, Maria avalia que ainda há esperança no mundo. “O nosso povo é esperançoso. A gente vê isso no olhar e no sorriso de quem nos assiste.” Sobre a sua participação no desfile, eles têm unicamente como objetivo servir de inspiração para todas as pessoas. “Nosso desejo é que as pessoas possam sentir e vivenciar essa paz.”
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O carro da Fábrica de Brinquedos é o sexto do desfile, antecede o trenó do Papai Noel e conta com diversos personagens que remetem ao mundo da diversão e da fantasia. Entre eles está uma duende colorida e serelepe interpretada pela estudante Kimberlin Fernandes Correa, mais conhecida por Kiki, de 15 anos.
Ela participa ativamente dos desfiles desde os 6 anos e também é figurante dos desfiles da Oktober e de Carnaval. “Eu gosto muito. É divertido poder animar as pessoas. Na época de Natal, parece que as pessoas têm mais amor no coração e mais alegria”, considerou. Ela conta que tem vontade de seguir participando dos desfiles e que é muito bom ter a família por perto, incentivando e apoiando.
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O carro do Presépio é o quarto do desfile. Dois dos Reis Magos que estão nele são interpretados pela enfermeira Aline Fernandes Correa e pelo porteiro Adriano Fernandes Correa, de 45 e 50 anos, respectivamente. Eles são os pais de Kimberlin, que interpreta a duende do carro da Fábrica de Brinquedos.
Até o ano passado, o filho mais velho, Kevin, de 24 anos, também participava como Rei Mago. Aline destaca que é gratificante participar de ações como essa em família. “É muito bom poder viver tudo isso e deixar como legado para os nossos filhos e depois os netos. A gente fica feliz por poder despertar a alegria nas pessoas.” Seja qual for o personagem interpretado, ela avalia como uma oportunidade de celebrar a vida e o Natal.
Rodeados pelos Reis Magos no carro do Presépio estão Maria e seu filho, o menino Jesus. Os dois personagens são interpretados pela porteira remota Giulia Tauana Cornélio, de 22 anos, e por sua filha Maitê Vitória, que completou três meses de vida.
Giulia conta que interpretar Maria, levando sua filha nos braços como se fosse Jesus, tem um valor pessoal imensurável. “A gestação dela foi toda de risco, ela nasceu com oito meses e é uma vitória, um milagre pra mim”, afirmou, ao revelar que há três anos havia perdido um bebê no sexto mês de gestação. “Era outra menina e se chamaria Melinda”, disse.
Giulia conta que este é o primeiro ano em que integra o desfile como personagem. Nos anos anteriores ela e sua mãe, Albaneza Gomes, 41 anos, participavam para acompanhar seu irmão mais novo, João Vitor, que representa o Mini Noel. “A gente seguia o desfile todo acompanhando ele. Cada uma ia de um lado da rua para cuidar. Ele era bem pequenininho quando começou, tinha pouco mais de 3 anos.” Na adolescência, com 14 ou 15 anos, Giulia também participava da Vila do Noel, na Oktober, e interpretava os papéis de boneca e bailarina.
Responsável por abrir o desfile, o Mini Noel é interpretado pelo estudante João Vitor Gomes Sehn, de 12 anos. Há nove, ele participa dos desfiles de Natal e neste ano fará a despedida do personagem, visto que no próximo irá integrar a comissão de frente.
Ele, que já se vestia de Papai Noel aos 3 anos e distribuía bala entre os vizinhos e em algumas apresentações, afirma que é muito bom poder despertar o encantamento nas outras crianças. “Elas me veem e dizem ‘olha, o Papai Noel está magrinho’. Algumas até perguntam se o Noel está fazendo regime”, diz. Quando não está caracterizado, ele é fã do Noel adulto.
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