Pai, figura muitas vezes considerada o pilar de uma família. Mas nos dias atuais esse laço familiar vai muito além de um pai que tem o mesmo sangue do seu filho. O pai pode ser uma mãe, um avô, tio ou padrinho. A sociedade atual não cobra mais pela família tradicional, e sim por aquela que demonstra amor, carinho e cuidado, e que fica ao lado dos filhos, netos ou sobrinhos.
A função do pai ou do responsável é, sem dúvida, entre tantas coisas, primar pela educação dos filhos. Ajudar nas tarefas de casa, levar à escola e participar das atividades. Um exemplo de amor e dedicação, exercendo o papel de pai, é demonstrado por Roque Ramos, 58 anos, com sua neta Maitê Ramos, de 3 anos. Ela é aluna da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vovô Arlindo, no Bairro Santa Vitória, em Santa Cruz do Sul.
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Os pais de Maitê são separados, e ela enxerga no avô a figura da paternidade. A menina está na turma 3A. Na sala de aula, ela aprende a ter autonomia, interação e questões de sociabilidade. E, claro, muitas brincadeiras com os monitores e coleguinhas. Inquieta e sempre com sorriso no rosto: é dessa forma que o avô Roque enxerga sua neta nas dependências da Emei, e também em casa.
O avô leva diariamente sua neta para a escola. “Eu deixo ela aqui, com as professoras de manhã cedo, e a busco pela tarde. Faço isso desde quando ela começou na creche. No início, eu acompanhava a mãe dela, que é minha filha, pois ela trabalhava aqui na Emei. As duas ficavam aqui na escola, e eu voltava para casa.”
Roque diz que os profissionais da escola já sabem que podem contar com ele para as tarefas e reuniões. “Se algum dia der algum problema com a Maitê, como uma febre, ou tiver alguma reunião, eles sabem que podem ligar para mim, que venho na hora.” O mesmo apoio para com a neta se repete em casa. “Eu a ajudo no processo de alfabetização. Temos um quadro, onde ajudo a escrever as letras do nome dela.”
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Tornou-se o vovô-papai de Maitê
Quem acompanha os dois de perto é a mãe de Maitê, Tatiele Ramos, 27 anos. Para ela, ver esse companheirismo e demonstração de afeto traz um sentimento de orgulho. “Ver meu pai ajudando minha filha é gratificante. Inclusive, a primeira fala dela foi ‘vovô-papai’.”
Mesmo que Roque desempenhe o papel de pai na vida da sua neta, Tatiele ressalta que a filha entende que ele é seu avô. “Eu sou muito grata por ele ter esse amor tão grande. É gratificante ver meus pais acolherem tão bem a minha filha e me ajudarem, e saber que o mesmo acolhimento acontece aqui na escola.”
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Ter o apoio dos pais é dar segurança para a filha. “Uma mãe que cria seu filho sozinha é muito criticada pela sociedade. Meus pais têm uma visão totalmente diferente disso, e me passam segurança. É isso que minha filha sente quando o avô está com ela”, diz, emocionada.
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Roque tem o prazer de afirmar que sempre estará ao lado da neta. “No que eu puder ajudar e incentivar, eu vou! E saber que sou tão bem acolhido na escola é uma forma de inclusão tão linda. A escola só vai bem se a família participa da vida escolar, da forma que for”, afirma o avô.
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Papel importante na vida do estudante
Segundo o secretário municipal de Educação, Wagner Machado, casos de avós que assumem papel paterno são observados e estão cada vez mais presentes nas escolas municipais. Para ele, isso é natural e acontece por diversas razões. Uma delas é o fato de os avós darem suporte a esses pais, que, pela rotina, estão ocupados com trabalho ou outro afazer e não conseguem se fazer presentes na escola.
O outro motivo é porque há pais que não estão aptos a exercer a função de maternidade ou paternidade. “Os avós pegam para si a responsabilidade de ficar ao lado dos netos também na escola”, ressalta.
Ainda segundo Machado, é positivo ver a inserção dos avós na vida escolar dos netos. “A família encontra seus meios de manter e de assegurar o elo das crianças com a escola, e o educandário tem essa família como referência.”
A diretora da Emei Vovô Arlindo, Sheila Gomes, destaca que a escola não exige uma família padrão. “Assim como o avô Roque, que vem aqui na escola, tem padrasto de aluno que comparece. É preciso entender que o que mais importa são o amor e os laços dessas famílias.”
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Sheila diz que o importante é participar de forma ativa na vida do estudante. “O tutor legal da criança precisa fazer um processo formal aqui na escola e informar quem vai participar das reuniões e atividades proporcionadas. Além de a direção estar ciente de quem é o responsável, os monitores e professores também precisam saber caso um dia precisem chamar.” Ela frisa que ninguém que não esteja autorizado pode vir buscar um aluno.
Para a diretora, trata-se de uma construção e quebra de paradigmas da sociedade. “A configuração familiar que conhecemos não é mais assim. Para nós, como escola, cabe entender e ter uma boa comunicação com as famílias”, conclui.
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