Uma ação do Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul em Cachoeira do Sul, na manhã dessa quinta-feira, 28, cumpriu mandados de busca e apreensão na sede de poderes públicos. O prefeito José Otávio Germano (PP) e cinco secretários municipais foram afastados. Investigando fraudes em licitações, a Operação Fandango apura delitos nestes procedimentos, corrupção ativa e passiva, concussão e a prática de crimes de responsabilidade. Agentes públicos, privados e empresários envolvidos nas negociações suspeitas também são alvos.
Nas redes sociais, repercutiu a informação de que a investigação na casa do prefeito afastado encontrou cocaína. Em nota divulgada pelo Chefe do Executivo na noite de quinta, ele contraria a informação. “Procuraram droga. E confundiram pó pelotense com droga, pois utilizo em minhas feridas e assaduras por recomendação médica. Pedi para fazerem o teste ou algo do tipo e não quiseram fazer. Já saíram me acusando”, denuncia.
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Na nota, o político segue dizendo que ao lado da suposta droga estavam os potes dos pós pelotenses, “o que comprova que nunca teve droga alguma”. Zé Otávio afirma que foi “acordado violentamente” em sua casa por volta das 6 horas, com sua porta sendo quebrada e com revólver em punho. O prefeito afastado ainda disse que estava dormindo sozinho em casa quando os agentes do MP passaram a procurar computadores, cofre e armas. O Chefe do Executivo afirma não ter nenhum dos itens.
O pó pelotense, que Zé Otávio afirma ter sido confundido com cocaína pelos agentes durante a investigação, começou a ser fabricado na farmácia homeopática Sequeira, surgida em Pelotas no final do século XIX. Também conhecido como talco pelotense, é um polvilho que possui propriedades antissépticas, absorventes e secativas, sendo indicado no tratamento de eczemas, intertrigos, queimaduras, assaduras, brotoejas e irritações superficiais da pele. Ele é formado pela combinação de alantoína, triclosana e óxido de zinco com uma outra substância, como amido, talco, carbonato de magnésio e essência. Atualmente, o produto pode ser encontrado em farmácias convencionais.
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“Escrevo esta nota sem saber nada que consta no processo. […] Estou triste. Violentado. Me sentindo perseguido”, lamentou Zé Otávio. A operação é considerada por ele como “política, midiática, que visa atingir a mim e ao meu grupo, de maneira sórdida e traiçoeira”. Ele reitera que não existe nenhum ato seu, enquanto prefeito, que incorra em qualquer ilegalidade, como corrupção, roubo, favorecimento e rachadinha. “Se uma só pessoa disser que exigi vantagens enquanto prefeito, eu renuncio meu mandato imediatamente.”
Zé Otávio enfatiza que sua carreira de 30 anos de mandato público, em cargos como vereador, deputado estadual, presidente da Assembleia, ministro dos Esportes e deputado federal, sempre aconteceu pelo voto direto das pessoas. Ele também aponta que sua avaliação nos dois primeiros anos de gestão foi bastante positiva, obtendo 8,9 de nota em uma pesquisa de um jornal local. Ainda, relata problemas de saúde que teve durante o mandato. “Nestes períodos acompanhei tudo através de ligações e reuniões com o secretariado. Nunca recebi empresários em minha residência.”
Ele termina dizendo que está de consciência tranquila. “Os cachoeirenses me conhecem há 60 anos. Minha história de vida é pública. Nunca fiz nada ilegal enquanto prefeito de Cachoeira do Sul. A dor no coração, não sei se passa. Mas sei que a verdade dos fatos virá à tona rapidamente.”
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Na manhã de quinta, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede da Prefeitura de Cachoeira do Sul e das Secretarias Municipais de de Administração e Fazenda, Interior e Transportes, Meio Ambiente e Obras. Residências de agentes públicos e agentes privados também foram alvos. Além de José Otávio Germano, foram destituídos dos cargos os secretários Claudio Schlottfeldt (Fazenda), Geraldo Fogliarini (Meio Ambiente), Cláudia Scarparo (Coordenação e Planejamento), Léo Zahn (Administração) e Carolina Larrondo (Interior e Transportes)
Ainda, são investigados empresários, cujos empreendimentos foram locais onde foram arrecadados documentos e equipamentos eletrônicos. Conforme o MP, eles estarão proibidos de exercer direta ou indiretamente qualquer atividade de natureza econômica ou financeira com o Poder Público. Os contratos firmados com a Prefeitura também foram suspensos.
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O que as primeiras investigações apontam é que empresas contratadas recebiam parcelas derivadas em licitações, em um ajuste com a administração local. Os valores eram utilizados para despesas pessoais de administradores. O MP analisará os documentos apreendidos, e então tomará a decisão de oferecer ou não a denúncia à justiça.
As investigações são conduzidas pela Procuradoria da Função Penal Originária. Também participaram da operação promotores de Justiça vinculados ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRS), servidores e policiais adidos do MPRS, bem como integrantes da Divisão de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil.
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