Saúde

Confira orientações de como afastar o mosquito da dengue

À medida que aumentam os casos de dengue e ações preventivas são reforçadas em todas as regiões, multiplicam-se as dúvidas e informações que mais podem atrapalhar do que ajudar no combate ao Aedes aegypti. Entre elas estão receitas caseiras compartilhadas em vídeos e áudios prometendo verdadeiros milagres. Mas antes de sair misturando produtos e defumando a casa, é preciso ficar atento às orientações de quem entende do assunto.

Um dos mitos que se propagaram recentemente se refere ao uso de borra de café para impedir o desenvolvimento do inseto. No entanto, não há comprovação científica de que isso seja verdade.
O Ministério da Saúde informou que o controle do agente transmissor da dengue com borra de café não é uma recomendação oficial. A pasta ainda reforça que a principal medida é a eliminação dos criadouros do mosquito. E destaca a importância de a população receber os agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde, que ajudarão a encontrar e eliminar possíveis criadouros.
Em caso de sintomas, a orientação é procurar o serviço de saúde mais próximo de casa assim que surgirem os primeiros sinais.

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Em Santa Cruz do Sul, a Prefeitura vem realizando uma série de ações preventivas. Além da aplicação de larvicida biológico com lançador de longo alcance e pulverizadores costais em diversos bairros, foram intensificadas as orientações à população como forma de evitar novos casos da doença. Para auxiliar, a Gazeta do Sul reúne a seguir informações para auxiliar
na prevenção.

HORA DE SE CUIDAR

Gripe ou dengue?

A dengue é causada pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Normalmente, a primeira manifestação é a febre alta, de início abrupto, que geralmente dura de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas na pele. É importante ficar atento aos sinais que indicam um quadro grave. Eles podem surgir depois do declínio da febre, entre o terceiro e o sétimo dia desde o início da doença.

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Já a gripe é uma infecção respiratória causada pelo vírus Influenza, mais comumente transmitido de pessoa a pessoa no período do inverno, embora possa estar presente em outras estações. Seus sintomas geralmente aparecem de forma repentina, como febre, dor de garganta, tosse, dores no corpo e dor de cabeça.

Vacina

O Ministério da Saúde recebeu e começou a distribuir vacina contra a dengue para as regiões onde há mais casos. O Rio Grande do Sul não foi contemplado por enquanto. O produto pode ser encontrado em farmácias. Autorizada para uso dos 4 aos 60 anos de idade, a vacina é recomendada à população em geral e, especialmente, para quem mora em áreas de risco ou vai se deslocar para essas regiões.

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Como é produzida com vírus vivo enfraquecido, há contraindicações que devem ser observadas, destaca Paulo Gewehr Filho, médico infectologista e coordenador do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento. “Ela é contraindicada para gestantes, lactantes, imunossuprimidos ou pessoas que façam tratamento com medicamentos imunossupressores”, reforça. Para quem for se deslocar para áreas de risco, a recomendação é esperar 30 dias após completar o esquema de duas doses.

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Horário

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Existe uma falsa impressão quanto ao horário preferido pelo Aedes para atacar suas vítimas humanas. Embora ele tenha hábitos diurnos, também pode, sim, dar suas picadas à noite.

Repelente e inseticida

Os inseticidas possuem substâncias ativas que matam os mosquitos. Já, os repelentes afastam os insetos do ambiente, podendo ser encontrados na forma de espirais, líquidos e pastilhas utilizadas, por exemplo, em aparelhos elétricos. Os utilizados em aparelhos elétricos ou espirais não devem ser utilizados em locais com pouca ventilação nem na presença de pessoas asmáticas ou com alergias respiratórias.

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Cerveja

Embora nos últimos tempos tenham sido utilizadas armadilhas com uma substância presente na cerveja para atrair as fêmeas do Aedes, o consumo da bebida não interfere diretamente nas pessoas. Quando alguém consome bebida alcoólica, a tendência é de que fique menos atenta às picadas e se torne mais vulnerável.

Ventilador

Ambientes em que os ventiladores estejam ligados podem ser favorecidos. Isso porque os mosquitos tendem a evitar áreas com vento forte. Porém, como voam baixo (30 a 50 centímetros), podem se adaptar e encontrar espaços (embaixo de móveis, por exemplo) e ficar à espera de suas “vítimas”. Ou seja, não é uma solução infalível.

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Borra de café

Circula no WhatsApp uma mensagem de texto que anuncia a borra do café como “a nova arma” contra o Aedes aegypti. A pessoa que escreveu o texto sugere que as prefeituras não divulgam essa informação pois não teriam interesse real em eliminar o agente transmissor da doença. O texto alega que a descoberta partiu de uma bióloga, que teria observado que a borra produz um efeito capaz de bloquear a postura e o desenvolvimento dos ovos do inseto. Segundo a professora do Departamento de Medicina e coordenadora do Núcleo de Pesquisa Biomédica da Universidade Federal de Lavras (Nupeb-UFL), Joziana Barçante, a mensagem não informa que a pesquisa mostrou também que, a depender da quantidade de pó de café, o efeito pode ser contrário. “Ela fez avaliação de duas concentrações: uma com 25 miligramas da borra e a outra com 50 miligramas. Quando ela usou 50 miligramas, houve redução na quantidade de larvas e de insetos adultos. A parte que não está na mensagem é que quando ela usa 25 miligramas, houve estimulação do desenvolvimento da larva.” Joziana avalia que os resultados podem contribuir para novos estudos.

Histórico

No Brasil, a primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (RR). Em 1986, ocorreram epidemias atingindo o Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue ocorre de forma continuada (endêmica), intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas à introdução de novos sorotipos em áreas indenes (sem transmissão) e/ou alteração do sorotipo predominante, acompanhando a expansão do mosquito vetor.

Aspectos como a urbanização, o crescimento desordenado da população, saneamento básico deficitário e fatores climáticos mantêm as condições favoráveis para a presença do vetor, com reflexos na dinâmica de transmissão desses arbovírus. A dengue possui padrão sazonal, com aumento do número de casos e o risco para epidemias, principalmente entre os meses de outubro de um ano a maio do ano seguinte.

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Repelente caseiro

Na mesma série do vinagre, é mito que os repelentes caseiros feitos com ingredientes como cravo-da-índia e folhas de louro tenham alguma eficácia. Embora boa parte dos produtos disponíveis nas farmácias contenha substâncias com aromas, como a citronela, deve-se lembrar que também trazem outros princípios ativos.

Os inseticidas “naturais” à base de citronela, andiroba e óleo de cravo, entre outros, não têm comprovação de eficácia nem aprovação pela Anvisa até agora. Portanto, todos os produtos anunciados como “naturais”, comumente comercializados como velas, odorizantes de ambientes, limpadores incensos, que indicam propriedades repelentes de insetos, não estão aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não possuem eficácia confirmada.

Repelente da farmácia

A Anvisa esclarece que não há nenhum impedimento para a utilização de repelentes comerciais (os encontrados nas farmácias) por mulheres grávidas, desde que estejam registrados na Agência e que sejam seguidas as instruções de uso descritas no rótulo de cada produto. Em crianças de 2 a 12 anos, a concentração da substância de repelência DEET deve ser no máximo 10% e a aplicação deve se restringir a três vezes por dia. Concentrações superiores a 10% são permitidas para maiores de 12 anos. Os repelentes devem ser aplicados nas áreas expostas do corpo e por cima da roupa. E devem ser reaplicados conforme a indicação de cada fabricante e em caso de suor excessivo ou contato com água.

Sangue preferido

Entre os relatos sobre a dengue, um sugere que há sangue preferido pelos mosquitos. No entanto, cientistas não têm unanimidade neste ponto. Existem ao menos dois estudos com uma pequena quantidade de pessoas que indicam a possível preferência pelos sangues tipo O e tipo B.

Contudo, a maioria dos pesquisadores diz que outros fatores, como substâncias presentes no suor e na respiração, podem influenciar na atração pelo mosquito. Até mesmo fatores hormonais teriam contribuição nessa hora. Portanto, não há como afirmar com precisão que há um tipo sanguíneo preferido. O suor, por sua vez, também pode ser um atrativo. Isso porque os insetos são atraídos pelo CO2 exalado na respiração e por substâncias presentes no ácido lático.

Idade

Segundo o Ministério da Saúde, todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, mas as pessoas mais velhas e aquelas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.

Vinagre

Um ingrediente presente em muitas cozinhas não tem eficácia contra a dengue. Embora esse também tenha sido um mito que ganhou força a partir da afirmação de um homem que diz ser presidente do Comitê da Dengue de São Miguel do Iguaçu (PR), não há nada que confirme a veracidade da afirmação. O indivíduo diz que colocar o produto em recipientes no chão dos cômodos da casa funciona para afastar o Aedes aegypti. A tática de colocar potes com vinagre nos cômodos não faz parte das recomendações do Ministério da Saúde para o enfrentamento à doença. Especialistas informaram não haver comprovação de que o produto seja capaz de combater a dengue e disseram que, na realidade, a ação pode causar mais exposição.

Tânia Vergara, médica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), diz que não há estudos demonstrando que o vinagre seja capaz de combater o mosquito. “A notícia é falsa e aumenta o risco de adquirir a dengue, por ser inadequada”, frisa. A pesquisadora em gestão de saúde Chrystina Barros, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também afirma que “a informação não tem procedência” e enfatiza que “o vinagre não é usado como repelente ou para matar larvas e afastar o mosquito”.

Ademir Martins, biólogo do Laboratório de Biologia, Controle e Vigilância de Insetos Vetores do Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), esclarece que os mosquitos podem ser atraídos pelo vinagre através do olfato e, ao se aproximar, morrerem por intoxicação ou afogados. Mas a medida não é adequada para o combate à dengue.

Fique atento

Sintomas da dengue

  • Dor no corpo e articulações
  • Dor atrás dos olhos
  • Dor de cabeça
  • Mal-estar
  • Febre alta
  • Manchas vermelhas no corpo

Sinais de alarme da dengue são caracterizados principalmente por:

  • Dor abdominal intensa e contínua
  • Vômitos persistentes
  • Acúmulo de líquidos
  • Sangramento de mucosa
  • Irritabilidade

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dejair_machado

Dejair Machado de Oliveira é natural de Cachoeira do Sul (RS), onde iniciou a carreira jornalística em 2000, no Jornal O Correio, atuando nas editorias de geral, rural e política. Entre 2003 e 2005 respondeu pela edição geral do Jornal de Candelária, em Candelária, até transferir-se para a Gazeta do Sul onde teve passagem pelas editorias de geral, agronegócio, economia e política. Por cerca de uma década dedicou-se à produção e edição de conteúdo para os cadernos especiais da Gazeta do Sul atendendo clientes de segmentos como comércio, indústria e prestação de serviços. Atualmente, é editor-executivo da Gazeta do Sul, encarregado de projetos estratégicos na empresa, gestão de equipes e edição do jornal impresso diário. Além da carreira jornalística, é advogado inscrito na OAB/RS sob o número 127.203 e exerce a profissão em escritório atendendo casos na área Cível, Família, Imobiliária e Empresarial. É membro da Comissão Especial de Proteção de Dados e Privacidade da subseção da OAB de Santa Cruz do Sul, com trabalhos relacionados à Lei Geral de Proteção de Dados.

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