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Confira a entrevista exclusiva com a atriz Virginia Cavendish

Ela já foi a Rosinha de O Auto da Compadecida. E já foi a Inaura de Lisbela e o Prisioneiro, entre tantas outras personagens cativantes e inesquecíveis das telas da TV e do cinema e dos palcos de teatro. Agora ela é a homenageada do 7º Festival Santa Cruz de Cinema. A atriz (também apresentadora, produtora e diretora) pernambucana Virginia Cavendish, de 53 anos, esteve na cidade entre quarta-feira, 4, e sexta-feira, 6, dessa semana para prestigiar esse evento do audiovisual.

Na quinta-feira, 5, à noite, recebeu o Troféu Tipuana como a grande homenageada desta edição. Em meio aos compromissos na agenda, atendeu a Gazeta do Sul. Na quinta-feira concedeu entrevista, gravada em vídeo, para o jornalista Julian Kober, da Gazeta do Sul, a ser veiculada no Portal Gaz. Virginia nasceu em Recife, cidade na qual iniciou a carreira como atriz. Deixou a capital pernambucna aos 19 anos para se fixar no Rio de Janeiro.

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Na capital carioca morou por 20 anos, para então se transferir a São Paulo, onde está radicada há cerca de uma década. O Auto da Compadecida, lançado como projeto para TV em 1999 e adaptado para o cinema em 2000, projetou seu rosto em definitivo em âmbito nacional. Em dezembro deve estrear no circuito O Auto da Compadecida 2, no qual volta a contracenar com Selton Mello e Matheus Nachtergaele, o trio icônico do primeiro filme.

A vinda de Virginia a Santa Cruz também proporcionou que ela pudesse prestigiar a apresentação de seu primeiro projeto audiovisual no cinema como diretora, o média-metragem Delivery, exibido em sessão especial na quinta-feira à tarde no auditório central da Unisc. Confira ao lado entrevista exclusiva que ela concedeu ao Magazine.

ENTREVISTA
Virginia Cavendish Atriz

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Gazeta: Como tem sido sua relação com o Rio Grande do Sul ao longo do tempo?
Virginia
: Na verdade, só estive no Rio Grande do Sul a trabalho. A primeira vez foi com a peça O Burguês Ridículo, com o Marco Nanini, na segunda metade dos anos 90. A gente ficou duas semanas em cartaz. Faz tempo isso! Minha filha tinha 2 anos e ela está com 31, veja quanto tempo, então. Essa foi a primeira vez. Depois, fui para o lançamento de O Auto da Compadecida, de Lisbela e o Prisioneiro, e ainda para gravar um programa com o Jorge Furtado. Fui também para entrevistar a Araci Esteves para um programa que dirigi, um documentário. É isso. Mas gosto demais de Porto Alegre, do Rio Grande. Ah, e fui para Gramado também, para o Festival de Cinema, acho que duas vezes. Gosto demais!

Tiveste mais contato com Porto Alegre, ou com o interior também, além de Gramado?
Não, não fui para o interior, não conheço nada muito além. Gravei em Porto Alegre uma série com o Jorge Furtado, Homens de Bem, em 2011 [também com Rodrigo Santoro]. Fazia um frio danado. Era julho quando gravamos, e tive de usar muitas roupas de frio. Morri de frio (risos).

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Tens contato frequente com profissionais, atores e diretores gaúchos?
Tenho sim. A última vez em que estive no Estado foi para entrevistar a Araci Esteves, atriz que é de Porto Alegre e mora em Gramado. Subimos a Serra, inclusive. Foi muito legal. O programa ficou lindo, e vai ao ar em breve. Esse programa era para o streaming, do Itaú Cultural, a ser lançado em breve, e vou anunciar direitinho.

E agora veio o convite de Santa Cruz. Tinhas referência deste festival?
Conhecia o festival de nome, sim. Sabia que era um festival já bem tradicional, de curtas. E ouvia falar que era um lugar, uma cidade muito linda, aconchegante.

Segues tendo identificação direta com o formato do curta-metragem?
No festival passou na quinta-feira um média-metragem que fiz, o Delivery, que dirigi no ano passado. Estou gostando muito da vertente diretora, de dirigir, e essa foi minha primeira experiência. Seria uma peça de teatro que eu ia montar, e não o fiz. Transformei em curta, que virou um média de 40 minutos. Foi a primeira vez em que o vi em tela grande. É muito difícil ter espaço para média em circuito. Para isso, não vale a pena. Pode-se até vender para televisão. Mas, como era peça de teatro e eu tinha obrigatoriedade de fazer desse tamanho, não tinha escolha. Daí que tentei o caminho dele desse tamanho. Talvez no ano que vem diminua, vejo se tem a possibilidade de reduzir, para tornar um curta.

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Ela assume a direção

Atriz com amplo currículo nas telas da TV e do cinema e nos palcos do teatro, a pernambucana Virginia Cavendish cada vez mais se familiariza com as etapas situadas atrás das câmeras. Entre elas a produção e também a direção, como revela em entrevista exclusiva à Gazeta do Sul.

Ainda que tenha visitado Santa Cruz entre quarta e sexta-feira dessa semana, para receber a homenagem principal do 7º Festival Santa Cruz de Cinema, com o Magazine ela já havia conversado por telefone na sexta-feira anterior à viagem. Na ocasião, comentara sua expectativa para a viagem ao Sul, de sua relação com o Rio Grande do Sul e seu momento de carreira.

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Salientou muito especialmente suas primeiras investidas como diretora, tanto em um média-metragem, Delivery, exibido na quinta-feira em Santa Cruz, quanto em programas para streaming e documentários. Um deles envolveu vinda ao Estado para uma conversa, em Gramado, com a atriz gaúcha Araci Esteves, que resultou em conteúdo sobre mulheres acima dos 70 anos que detalharam a sua história para Virginia.
Ela igualmente ressalta seu fascínio pelo teatro, sobre o qual inclusive conclui um mestrado. Nos palcos, vive a personagem clássica Mary Stuart, em peça do alemão Schiller. Essa encenação aproxima-se de quase uma centena de apresentações, como enfatiza.

Em Santa Cruz, durante os dois dias de permanência, Virginia pôde conviver com o ator Marcos Breda, também homenageado com o Prêmio Tuio Becker nesta edição do festival. E reviu outros expoentes do audiovisual, do cinema e da TV, como o escritor e diretor Tabajara Ruas, que acompanhou todos os dias de realização do evento.

ENTREVISTA
Virginia Cavendish Atriz

Gazeta: Depois do média-metragem Delivery, tens novos projetos em vista como diretora?
Virginia
: Então, tem um programa que gravei em Porto Alegre com a Araci Esteves, que se chama O Segredo Delas. É um documentário que criei e dirigi e no qual atuei, em conversa com atrizes de gerações diferentes. Entrevistei só atrizes veteranas, com 70 anos para cima, para falar de experiência de trabalho, de vida, de carreira, dificuldades, acertos, técnicas. É um documentário que tenho muita alegria de ter feito; aprendi demais! Não só com as atrizes. Como foi meu primeiro programa grande de direção, aprendi todas as etapas: filmagem, edição, finalização, tudo. Foi maravilhoso, uma bela escola.

Iniciaste tua carreira no final dos anos 80… Sempre tiveste identificação muito forte com o teatro, os palcos, não é?
Exatamente. Foi em Recife ainda. Fiz o primeiro curta do Claudio Assis, Batom, em 1988; eu tinha 17 anos, por aí. Ou seja, já tenho estrada! E tanto nos palcos quanto nas telas. Mas o teatro é a cozinha do ator. Se dependesse de mim, ficaria o tempo todo criando e me exercitando. Do teatro os personagens podem pular para a TV e para o cinema, né? E é um lugar onde se tem tempo para experimentar, para errar, acertar, para fazer uma vez, duas, três quatro vezes. Agora, dessa peça que produzo, Mary Stuart, já fiz a apresentação de número 93. Então, digo que é um mestrado e um doutorado que você faz sobre um personagem, quando fica muito tempo em cartaz com ele.

E costumas efetivamente ficar muito tempo em cartaz com as peças?
As minhas peças normalmente ficam muito tempo em cartaz, sim. Eu gosto de poder fazer até não dar mais, e para sermos vistos pelo maior número possível de pessoas. Ainda não fui com a peça para o Rio Grande do Sul. Estou tentando fazer uma turnê nacional, vamos ver se será possível. É uma peça mais cara, pois são 17 pessoas viajando, o que encarece a logística e os deslocamentos. Precisa ter apoio. Mas é uma peça linda, um clássico do alemão Friedrich Schiller, uma peça do ano de 1800.

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A sua adaptação está ambientada em que época?
Comprei uma adaptação contemporânea, de um dramaturgo inglês chamado Robert Icke, traduzida pelo Ricardo Lísias. Icke a trouxe para a contemporaneidade. Então, tem uma fala mais cotidiana, e nossa montagem mescla um pouco de roupas, de cenários de época, com a contemporaneidade. Por exemplo, tem armas de fogo, que então não se tinha, pois se passa no século 16. Faço o papel da Mary Stuart e a Ana Cecília Costa, a Morena da novela Renascer, interpreta a rainha Elizabeth I [esta disputa o trono da Inglaterra com Mary Stuart, por sua vez rainha da Escócia, e que foi executada por conspirar contra a rainha inglesa.]

Continuas tendo contato regular com Recife, tua cidade natal?
Saí de Recife com 19 anos, morei 20 no Rio e estou em São Paulo há dez anos. Hoje digo que o Rio é minha segunda casa, uma vez que moro em São Paulo. Já não é minha terra natal. Mantenho contato com Recife, sim, mas vou pouco. Mantemos uma casa de praia lá.

Também escreves? Tens algum projeto nessa área?
Estou escrevendo, sim. Estou fazendo mestrado e terminando minha tese, um trabalho danado, nunca pensei em fazer, nunca me dispus. Daí na pandemia disse: hora boa de estudar. E aí tenho a dissertação de mestrado sobre Hedda Gabler, de peça que montei em 2006. Vou falar sobre minha montagem e mais duas: a da Nydia Licia, atriz aqui de São Paulo, que foi casada com Sérgio Cardoso e montou essa peça em 1964; e outra montagem importante foi a da Dina Sfat (1938-1989), de 1983. Trabalho na minha dissertação essas três montagens, um trabalho bem curioso e interessante, e agora está no viés acadêmico.

E pretendes também escrever algum projeto para audiovisual?
Vou sim. Estou desenvolvendo projeto para cinema, uma série dramática chamada Praia do Medo. Já passou há um tempo na Netflix, e acho que vamos transformar em filme. Já existe até o roteiro, mas ainda não está na linha de frente de produção.

E há alguma obra já pronta para entrar no circuito?
Sim! Ao final do ano deve estrear O Auto da Compadecida 2, a previsão é de que chegue às telas em 25 de dezembro. Depois de 20 anos, filmamos em 2023. E estou novamente nele, ao lado de Selton Mello e Matheus Nachtergaele.

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Romar Behling

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Romar Behling

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