Santa Cruz do Sul

Conferência debate fome e medidas que podem ser tomadas para combatê-la na região

Na manhã desta sexta-feira, 8, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul, por intermédio da Secretaria Municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Esporte (Sehase), e o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Comsea), promoveram a 5ª Conferência Regional e Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional do Vale do Rio Pardo. O evento contou com a presença de aproximadamente 150 inscritos e foi realizado no anfiteatro do bloco 18 da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

Com o tema “A fome voltou! Medidas já!”, o evento teve como objetivo promover um debate intersetorial, apresentando diretrizes e propondo políticas públicas para a superação da fome e da miséria, em consonância com a promoção do direito humano à alimentação adequada e saudável. A programação teve início pela manhã e seguiu até o final da tarde. O evento foi aberto com um momento cultural com os alunos da Associação Projeto Educacional e Social para Crianças e Adolescentes (Aesca).

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O encontro seguiu com painéis apresentados relacionados à segurança alimentar e nutricional. Conforme o último Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, publicado em junho de 2022, entre o último trimestre de 2020 e o primeiro trimestre deste ano, a insegurança alimentar subiu de 9% para 15%, incorporando, em pouco mais de um ano, 14 milhões de novos brasileiros que passaram a conviver com a fome. 

Situação da fome em Santa Cruz

Embora não exista um recorte da situação da fome em Santa Cruz do Sul, o titular da Sehase, secretário Everson Carvalho de Bello, comentou que o agravamento da situação de vulnerabilidade tem sido notado através de dados dos equipamentos de assistência social. “Percebemos isso com o aumento da procura de cesta básicas e de alimentação nas nossas cozinhas. Atualmente, já estamos com o número de cestas distribuídas igual ao número de todo o ano passado, isso é um indicativo muito claro. Além disso, nossa média no ano passado era de 12 mil refeições por mês e esse ano nós estamos com uma média de 16 mil”, salientou.

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No município, os quatro Centros de Referência em Assistência Social (Cras) que mais destinam cestas básicas são os dos bairros Santa Vitória, Bom Jesus, Faxinal e do Loteamento Viver Bem. Conforme o último levantamento da Sehase, a quantidade de cestas distribuídas em 2022 até agora foi de 1.924, o que já se iguala a todo o ano de 2021.

De acordo com o secretário, todos os benefícios sociais precisam ser referenciados por um técnico. Por isso, a pessoa que está em situação de vulnerabilidade tem que procurar o Cras mais próximo e, a partir disso, ter a situação avaliada. “Esse técnico é a pessoa capaz e indicada para referenciar, tanto para o tipo de benefícios que a pessoa tem direito, quanto para junto com ela traçar um plano para que ela possa sair dessa condição que a gente deseja que seja cada vez mais transitória”, acrescentou.

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Bello frisou que o intuito é tornar os processos mais eficientes para a população e incentivar as doações. “Com a estruturação do banco de alimentos, com a capacidade de absorção de alimentos, vamos provocar a população para que eles possam doar de forma simples e prática. Vamos intermediar a relação entre aqueles que querem doar e aqueles que precisam da doação de uma forma mais eficiente.”

Para o titular da Sehase, nenhuma política pública tem a ação potencializada quando executada de forma isolada. “Temos uma série de outras ações que estão engajadas ao problema da fome. A Secretaria da Habitação se coloca para ter habitações mais dignas, a de Desenvolvimento Econômico se preocupa com a questão de criar novos empregos. Todo esse ecossistema precisa girar para que as coisas funcionem.”

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Troca de conhecimentos

No hall de entrada do anfiteatro, convidados puderam expor trabalhos e produtos, como a Escola da Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc). A monitora da escola, Bruna Eichler, explicou que toda segunda-feira é realizada uma feira pedagógica na instituição. “A proposta da feira é que eles levem os alimentos, comercializem. É uma produção toda orgânica, que eles estão aprendendo a produzir a partir das aulas da escola, mas também aprendendo com os pais em casa.”

Ainda conforme Bruna, a presença na conferência foi um convite para uma troca de conhecimentos. “A ideia é que a gente traga uma amostra dos alimentos que a escola faz e também uma amostra das sementes crioulas que eles produzem na escola e na propriedade deles. A gente está expondo e trocando sementes, se alguém quiser levar para plantar. Também estamos comercializando algumas coisas, como batatinha, feijão de vários tipos, banana”, relatou a monitora.

Monitora da Efasc, Bruna Eichler, mostra os produtos expostos na conferência. | Foto: Rafaelly Machado

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