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Condutor socorrista é peça-chave em urgências

Dez anos já se passaram desde o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, na madrugada de 27 de janeiro de 2013, mas as lembranças de quem se envolveu, de alguma forma, com a tragédia permanecem vivas. Um dos exemplos foi o condutor socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Santa Cruz do Sul, Clóvis Zilch, 47 anos. Ele lembra com detalhes como iniciou seu plantão na manhã seguinte ao incêndio e, com algumas pausas para conter as lágrimas, detalhou a experiência de ter auxiliado no resgate às vítimas. Em sua fala, evidencia que nenhum treinamento é capaz de superar o sentimento de impotência que se tem diante do desespero de quem perde alguém nessas circunstâncias.

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Condutor socorrista desde 2008, Zilch assegura que esse foi o resgate mais impactante do qual participou. “Aquele dia eu cheguei na base às 7 horas da manhã e os colegas relataram o que tinha acontecido. Pelo celular, eles viam que o número de vítimas só aumentava. A gente já imaginava que poderia ser acionado para prestar apoio. Não demorou muito e recebemos uma ligação da Central de Regulação, em Porto Alegre, pedindo que nos preparássemos para dar apoio e suporte. Montamos duas equipes, cada uma com condutor, médico e enfermeiro, e fomos para Santa Maria”, disse, observando que o trabalho consistiu em transportar as vítimas para os hospitais. “As vítimas já tinham sido retiradas da ‘zona quente’ quando chegamos. Aí ajudamos na remoção dos pacientes mais graves entre os hospitais e os locais de suporte”, acrescentou.

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Entre um itinerário e outro, ele descreve como “uma cena de guerra” o que viu. “Eram mães gritando pelos filhos, pedindo auxílio. Nos hospitais que a gente chegava todas as salas tinham um procedimento, era gente sendo entubada, passando por cirurgia. Acho que o único ambiente que não tinha alguém sendo atendido era no banheiro”, contou.

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Das memórias daquele dia, Zilch diz que a mais chocante foi a do ginásio lotado de corpos enfileirados, lado a lado, com os pertences das vítimas. “A gente via os telefones tocando do lado dos corpos, possivelmente era ligação de familiares tentando saber notícias, e não podia fazer nada.” Ao todo, 242 pessoas morreram no incêndio. As equipes de Santa Cruz ajudaram durante todo aquele dia.

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Embora ocorrências de tal proporção sejam exceção no dia a dia, Zilch afirma que sempre que coloca o macacão do Samu tenta fazer o melhor que pode. “É a primeira coisa que tento fazer, não importa qual seja a situação. Pra mim é um orgulho vestir esse uniforme.” Explica que o condutor socorrista é treinado para dar apoio em qualquer situação, tanto para os médicos quanto para os enfermeiros. “Precisamos saber sobre tudo o que tem na ambulância, como os equipamentos e medicações, para ajudar quando preciso. A equipe só desce da ambulância para prestar atendimento com a autorização do condutor socorrista”, informou.

“Antes de qualquer coisa, eu faço uma leitura do local. Se não houver nenhuma condição de risco, como um fio de energia caído no chão, por exemplo, a equipe desce para prestar o atendimento”, completou. Outro ponto mencionado por Zilch é com relação à viatura. “Ela é nosso segundo escudo. A viatura sempre é colocada de forma que proteja a equipe que está prestando o atendimento e a remoção. Se tiver mais de uma viatura no local de uma ocorrência, elas são colocadas cada uma de um lado, para que a equipe preste socorro em meio a elas.”

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