As obras de implantação da primeira unidade de produção de leite com robôs na região, em Candelária, empreendimento da Cooperativa de Suinocultores de Encantado (Cosuel), estão avançadas. O pavilhão principal já foi construído e seu piso está sendo concretado. Resta concluir esse pavimento, fazer os cortes (frisos no concreto que servem para drenar a umidade da urina e fezes dos animais, evitando que resvalem) e iniciar a implantação dos equipamentos da parte elétrica e hidráulica. As demais instalações estão prontas. A informação é do gerente da Divisão de Produção Agropecuária da Cosuel, Igor Weingartner. Segundo ele, o empreendimento deve ser inaugurado entre dezembro deste ano e janeiro de 2017.
A estrutura da unidade compreende, além do pavilhão principal – de 120 metros por 30 metros, onde ficarão as vacas –, um silo com várias divisórias, sala de leite, escritórios, galpão para armazenagem de feno e casas para funcionários. Com exceção do pavilhão, em obras, o restante está pronto. O condomínio leiteiro terá a participação, como associados, de 11 produtores de Candelária e municípios vizinhos. As instalações foram projetadas para receber 262 animais, dos quais 210 em lactação.
Após a fase de adaptação do rebanho às instalações, período em que os animais produzem menos, devem ser obtidos 6 mil litros de leite por dia. Esse volume poderá ser ultrapassado nos períodos de temperaturas mais amenas. Serão utilizados três robôs importados da Suécia para fazer a ordenha, além de outros equipamentos de automação no trato dos animais e cuidados com as novilhas. O investimento da Cosuel/Dália Alimentos, um dos segmentos da Cosuel, ficará entre R$ 5 milhões e R$ 5,5 milhões.
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O projeto é viabilizado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Weingartner diz que o condomínio funcionará como uma granja tradicional de leite; porém, os equipamentos das instalações são mais modernos e a sociedade dona do rebanho é composta por várias famílias de produtores rurais. “Cada produtor é sócio do empreendimento e tem uma cota na sociedade. Essa cota é formada pelo valor dos animais que ele coloca no projeto.”
Ainda conforme o gerente, o produtor é responsável por fabricar o alimento das vacas na proporção da sua cota e depositá-lo na granja. E a sociedade irá comprar o alimento dos próprios sócios. Ela irá contratar funcionários, que poderão ser produtores rurais (sócios ou filhos deles), para trabalharem no projeto.
Pioneiro
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O projeto da empresa envolve a construção de quatro condomínios leiteiros automatizados. O primeiro, implantado em Nova Bréscia, é pioneiro na América Latina. Foi inaugurado em dezembro de 2015, com 16 produtores de leite associados. Neste, que está localizado na comunidade de Linha Tigrinho Baixo, o investimento foi de R$ 5 milhões. Atualmente já tem um segundo em funcionamento, situado em Roca Sales, e outro – Condomínio Leiteiro União do Vale – em Arroio do Meio, que será inaugurado hoje, às 14 horas.
Acesso à tecnologia atrai produtor rural
O agricultor Adriano Wollmann, 49 anos, de Linha Curitiba, em Candelária, é um dos associados. Ele aderiu ao projeto devido à possibilidade de obter tecnologia – o que, segundo ele, não é possível com seus meios financeiros, pois o custo é “muito alto”. Atualmente, ordenha 45 animais, dos quais obtém produção de 1.100 litros de leite/dia. Todos irão para o condomínio, divididos em duas cotas – uma dele e outra da filha.
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Como não trabalhará mais na propriedade com produção leiteira, à qual se dedica há oito anos, vai confinar bovinos para corte. Essa é uma exigência para participar do projeto da Cosuel. “Uma das finalidades do condomínio é dar condições ao produtor de dedicar-se a outra atividade”, ressalta, acrescentando que será mais uma alternativa de renda. Ele acredita que o projeto desse condomínio vai ser exitoso, devido à confiabilidade da empresa.
Para Wollmann, mesmo se ele não conseguir o retorno financeiro que obtém hoje, ter a oportunidade de desenvolver outra atividade em sua terra, que também lhe dará renda, já compensa. Além disso, terá mais tempo livre. “Na produção leiteira hoje, acho que o produtor está meio que escravo porque não tem como sair de casa. Já podendo fazer outro negócio que não ordenhar, serviço que os robôs vão realizar no condomínio, a gente terá tempo para outras coisas”, observou.
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