Diante de um expressivo aumento no número de casos e um óbito registrado em razão da dengue, o poder público e a população de Santa Cruz do Sul estão mobilizados para combater a doença. No sábado, ações foram realizadas em diferentes bairros por agentes da Vigilância Epidemiológica e cidadãos com o objetivo de conscientizar a comunidade sobre a importância de cada um fazer a sua parte para não deixar água parada e evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
No Bairro Goiás, organizados por meio da associação de moradores e com o auxílio do Grupo Escoteiro Santa Cruz, diversas pessoas percorreram as residências distribuindo panfletos com orientações e tirando dúvidas. De acordo com o presidente da entidade, Jeferson Peres da Silva, ao longo da manhã e da tarde mais de 60% das casas foram visitadas. O grande problema, segundo ele, são as que estão abandonadas.
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“Temos muitas casas vazias aqui no bairro que possuem piscina, além dos terrenos baldios”, contou.
Enquanto percorria a Rua Fernando Abott, acompanhado da Gazeta do Sul, Silva deparou-se com um terreno tomado por entulhos e lixo, onde foi possível identificar água parada em tijolos e também na casca de uma palmeira. “São muitos terrenos abandonados como esse, e estamos buscando junto à Prefeitura uma solução”, afirmou.
Segundo ele, há um grupo em um aplicativo de mensagens com mais de 500 integrantes e isso facilita a comunicação entre todos. “Avisei com antecedência que haveria essa ação, então a receptividade é muito boa”, completou. Silva diz se tratar de um “trabalho de formiga”, mas necessário, tendo em vista a identificação de 11 focos do mosquito somente no Bairro Goiás.
Em sua compreensão, se cada morador fizesse a sua parte, o problema seria muito menor. “Não é tão difícil tirar alguns minutos pelo menos uma vez por semana para fazer uma vistoria em casa e eliminar possíveis criadouros das larvas.” Afirma ainda que não se pode depender somente da atuação da Prefeitura, por meio dos agentes de endemias, para reduzir a incidência da doença.
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Também durante a manhã e a tarde de sábado, equipes da Vigilância Epidemiológica fizeram a aplicação de larvicida no Bairro Arroio Grande. Um grupo aplicou o produto a partir de uma caminhonete, enquanto outro foi conduzido a pé por um operador e tem maior alcance dentro de terrenos baldios.
Trata-se de um defensivo biológico capaz de eliminar as larvas do mosquito Aedes aegypti quando entra em contato com a água onde elas se encontram. Vale ressaltar que o fumacê não é tóxico e não oferece riscos para a saúde de pessoas, animais e plantas.
De acordo com a agente de endemias Josiane Carvalho, que atua diariamente em ações de combate à dengue, as residências dos catadores de materiais recicláveis têm sido um grande problema devido à quantidade de itens armazenados nos pátios, muitos deles de forma que facilita o acúmulo de água. Em uma região da cidade onde os agentes atuaram na semana passada, ela conta que mais de 25 larvas foram encontradas e encaminhadas ao laboratório que fará a análise para confirmar se são do mosquito da dengue.
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Josiane observa que, diante da situação atual, a comunidade está preocupada e comprometida em ajudar, de modo que não costumam impedir a entrada dos agentes nas residências tanto para vistoria como para aplicação do fumacê. “O pessoal está muito receptivo, é raro encontrar alguém que não nos deixe entrar.” Para não haver dúvidas quanto à segurança, os agentes usam boné e colete na cor azul marinho e estão identificados como agentes de combate a endemias da Secretaria Municipal da Saúde.
A servidora reforça as orientações para que os cidadãos auxiliem a atuação do poder público, como colocar areia nos vasos de plantas, cobrir pneus, garrafas e outros objetos que possam acumular água e verificar o jardim com frequência, sobretudo aqueles que possuem bromélias. “Ela é comum nas residências e nós encontramos muitas larvas nas bromélias”, enfatiza. O mosquito coloca os ovos em diversos locais, alguns deles incomuns à primeira vista. “Já verificamos larvas até no pote de água dos cachorros”, ressalta Josiane.
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Somente em 2024 o Brasil já registrou mais de 1 milhão de casos prováveis ou confirmados de dengue, com 214 óbitos. Os estados do Acre, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, além do Distrito Federal, declararam emergência em saúde pública em função da doença. No Rio Grande do Sul são mais de 14 mil casos prováveis ou confirmados, com 11 óbitos. Já Santa Cruz do Sul, os dados mais recentes indicam que são 61 casos confirmados e 268 aguardando resultado, com um óbito.
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Também no sábado mais uma mobilização foi realizada na Praça Getúlio Vargas, no Centro. O Quintal da Dengue, instalado próximo da calçada da Rua Marechal Floriano, atraiu adultos e crianças e levou conscientização de forma lúdica ao público. Agentes de endemias divulgaram informações e distribuíram panfletos.
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A safreira Milena Marques, moradora do Bairro Faxinal Menino Deus, foi conferir o espaço junto ao filho Davi, de 5 anos, e mostrou que está bem ciente dos perigos que a proliferação do mosquito da dengue pode causar. “No pátio, nunca deixo água parada em vasilha. Me preocupo muito por causa do meu filho e da minha sogra, que tem mais idade”, contou.
O secretário da Saúde de Santa Cruz, Fabiano Dupont, elogiou o apoio dos moradores e o interesse da população. “Embora Santa Cruz ainda esteja em uma situação mais confortável, se comparado com outros municípios, é um trabalho preventivo que precisamos fazer. O poder público está fazendo sua parte, mas a participação da comunidade é fundamental para combatermos a proliferação do Aedes”, frisou.
Nesse domingo, 3, agentes de endemias realizaram mais uma ação. Na Praça da Bandeira, distribuíram material informativo e passaram orientações aos frequentadores do local. Ao longo da semana, as atividades vão se concentrar em outros pontos do município.
Segunda e terça: Bairro Ana Nery
Quarta e quinta: Bairro Pedreira
Sexta e sábado: Bairro Faxinal Menino Deus
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