Desde a enchente de maio, quem mora na localidade de Alto Sinimbu enfrenta isolamento e desafios diários. A ponte Recanto Engelmann, construída em 1966, foi devastada pela enxurrada histórica do Rio Pardinho. Até hoje a comunidade está à espera de obras de recuperação que ainda não começaram.
Sem a ponte, os moradores são obrigados a utilizar rotas alternativas, frequentemente precárias, como pontes pênseis e estradas em más condições. A pequena vila, que conta com espaço para acampamento, um museu, salão de festas, igreja e um condomínio fechado, tornou-se ainda mais tranquila, com ruas praticamente vazias e pouco fluxo de veículos.
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A situação impacta diretamente as empresas locais, como a Industrial Boettcher de Tabacos (IBT) Ltda. e uma mercearia que reduziu o comércio devido à dificuldade de abastecimento. O diretor administrativo da empresa de tabaco, Alessandro Boettcher, de 58 anos, conta que está em diálogo com a Prefeitura para buscar soluções.
“Como vamos escoar a produção com caminhões grandes e adquirir matéria-prima sem acesso à ponte?”, questiona. Boettcher sugere a instalação de uma estrutura provisória sobre a atual ponte danificada. “Isso ajudaria muito a comunidade e as empresas locais.”
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A empresa, que opera há 57 anos na localidade, já se prepara para mais uma safra de tabaco, mas enfrenta incertezas. “Até agora, são apenas promessas. E em janeiro começamos a comercialização do tabaco, e provavelmente estaremos sem a ponte”, lamenta o diretor.
O impacto do desastre não se limita a Alto Sinimbu. No Núcleo Germano Wink, o acesso só é possível por uma ponte flutuante instalada pelo Exército. Já na região de Bismarck, a Prefeitura improvisou uma estrada elevada que cruza o leito do rio. Essas soluções paliativas aumentam os riscos e não suprem plenamente as necessidades da população.
Esses acessos alternativos ampliam o trajeto de quem precisa chegar ou sair de Alto Sinimbu. A travessia pela ponte flutuante do Exército, por exemplo, adiciona cerca de 10 quilômetros ao percurso original, agravando a situação em dias de chuva ou durante a noite.
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A situação de Alto Sinimbu afeta diretamente a vida de moradores como o casal de aposentados Hardi e Lia Geske, ambos com 72 anos. Na manhã dessa segunda-feira, 25, eles precisaram ir ao centro de Sinimbu, mas a jornada, que antes era simples, tornou-se desafiadora após a destruição da ponte Recanto Engelmann.
Antes da enchente, o transporte coletivo chegava até a localidade, ou o casal utilizava a ponte para alcançar a parada de ônibus. Agora eles precisam caminhar cerca de um quilômetro, partindo da pequena vila até a via principal, a RSC-471. O trajeto inclui uma estrada de chão e a travessia por uma ponte pênsil instalada após a passagem das águas de maio.
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“Essa ponte faz muita falta para nós. Às vezes precisamos ir até a cidade, e a caminhada até o outro lado do Rio Pardinho é difícil”, conta Hardi. O percurso é ainda mais desafiador devido à poeira em dias secos e ao barro quando chove. “Dá um pouco de medo atravessar a ponte pênsil, mas é a única alternativa. Chamar um táxi acaba sendo muito caro.”
A agricultora Lia relembra com angústia os dias de isolamento total durante a enchente, quando a comunidade ficou três semanas sem acesso. “Só conseguimos alimentos graças aos helicópteros. Não tínhamos como sair. Espero nunca mais passar por isso”, desabafa.
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A Prefeitura de Sinimbu anunciou que a construção das pontes em Rio Pequeno e em Bismarck deve começar nos próximos dias. As obras serão executadas pela Zanco Construtora Ltda., vencedora da licitação. O investimento total é de R$ 3,9 milhões, sendo R$ 1,8 milhão destinado à ponte de Rio Pequeno e R$ 2,1 milhões à de Bismack.
Quanto às estruturas que dão acesso ao Recanto Engelmann, em Alto Sinimbu; à extensão da ponte em Linha Inverno; e à ponte de Linha Gamelão, o Município informou que a empresa responsável não cumpriu o prazo de início das obras. Por isso, instaurou um processo administrativo especial para aplicar sanções e tomar as medidas que forem necessárias.
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Já a reconstrução das pontes em Alto Rio Pequeno 1, Alto Rio Pequeno 2 e Alto Rio Pequeno (Romaldo Fischer) será realizada pela empresa Artebase Construtora Ltda., com investimentos de R$ 2,2 milhões, R$ 2,8 milhões e R$ 402 mil, respectivamente.
Em Linha Desidério, a obra ficará a cargo da Pizzato Engenharia em Pré-Moldados Ltda., com um custo estimado em R$ 792 mil. Esse projeto, no entanto, ainda aguarda a publicação de uma portaria do Ministério da Integração Nacional para a assinatura do contrato.
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Além disso, o governo federal aprovou projetos para construção de oito pontilhões, que agora estão em fase de licitação. As estruturas atenderão as localidades de Rio Pequeno (Getúlio Waechter, Dopke, Cruzeiro e Heitor Schulz); Alto Rio Pequeno (Alceu Bechert e Aldino Schulz); Gamelão (Pio XII) e Linha Pintado.
No centro de Sinimbu, a Ponte Centenária será reconstruída com recursos da iniciativa privada. Enquanto isso, outros dois projetos – a Ponte Marcondes, em Linha Marcondes, e a ponte em Cerro da Mula – continuam em análise pelo governo federal.
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Sinimbu conta com dez pontes em processo de licitação para reconstrução. Nove delas tiveram os trâmites encaminhados pela Prefeitura, enquanto a Ponte da Graxeira, sobre o Arroio Marcondes em Linha Rio Grande, está sob responsabilidade do governo do Estado. Além disso, a Ponte Centenária, no Centro, está sendo projetada pela iniciativa privada.
De acordo com o Executivo, a equipe da Defesa Civil, em conjunto com o setor de Projetos e Engenharia do Município, atua na elaboração de levantamentos e no encaminhamento para a reconstrução das estruturas. Ainda segundo a administração municipal, todos os procedimentos seguem os trâmites legais, mas a burocracia tem causado atrasos no andamento das obras.
Apesar disso, a prefeita Sandra Backes garante que nenhuma localidade está isolada. “Todas têm acesso. Inclusive, novas estradas foram abertas para as localidades.” Pontes pênseis também foram instaladas em pontos estratégicos, garantindo a mobilidade da população enquanto as estruturas definitivas não são concluídas.
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