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FORA DE PAUTA

Completei um ano de firma

Quem conhece um pouco das características apresentadas pelas pessoas, em associação ao signo do zodíaco, diz que os librianos não têm uma grande capacidade de escolha. Não sei se por influência desse perfil um pouco pragmático, desenhado pelos astrólogos, ou por ser assim de fato, sendo libriano de outubro, encontro alguma dificuldade em optar entre um e outro restaurante, entre uma e outra cidade a visitar, entre um e outro emprego. As mudanças, portanto, assustam.

Vencer esse “bloqueio” é um desafio diário. Não é fácil, mas também não é impossível. Força de vontade, reconhecimento de minhas capacidades (sempre defendo que devemos ser humildes, mas deixarmos a modéstia aos medíocres), entendimento de que tudo pode ser revertido, exceto a morte, são fatores que acabam motivando decisões, outrora, consideradas inesperadas. E assim foi. Há um ano, mesmo diante de uma aparente comodidade, que se tornava confortável, encarei uma grande mudança, um importante desafio, disse “sim” à possibilidade da troca de emprego – não de ramo, porque não sei fazer algo que não seja jornalismo.

E assim, na última terça-feira, 16, completei um ano de Gazeta Grupo de Comunicações. Não foi somente trocar de veículo, mudar o endereço da firma, ter outros gestores. Foi trocar de região, encontrar outros desafios, novas pessoas e novos perfis, um Vale diferente do meu habitual Vale do Taquari. São 365 dias em um local diferente, com colegas diferentes, com funções diferentes, mas o mesmo propósito: noticiar.
Nesse período, conheci 21 cidades, percorri quase 9 mil quilômetros, foram cerca de 600 entrevistas. Contei histórias de gente do campo e da cidade; falei com caminhoneiros, com garis, com empresários, com agricultor, com prefeitos, com o governador.

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Aprendi muito e pude ensinar um pouco. Ri, mas não de tudo, porque rir de tudo é desespero; comi, comi, comi – jornalista come muito e a toda hora –, fiz muitos lanches, acompanhei cafés e almoços; vi gente que não tem o que comer, vi gente que produz comida, e estive na fábrica que faz o brinquedo que me divertia, quando criança.

Foi um ano produtivo. Estive até sobre as águas do Guaíba. Não peguei onda nas águas da Capital, mas surfei nas diferentes formas de fazer jornalismo. E tudo foi possível, porque tive coragem de mudar, de arriscar, de dizer sim ao improvável, ao imprevisto e ao desconhecido, pelo menos para mim.

Talvez tenha, em algum momento, andado perdido, mas a bússola da vida logo mostrou o Norte. E para enxergar, é preciso estar de cabeça em pé, afinal, quem muito se abaixa acaba mostrando a bunda, como dizia minha avó, a Dona Nena.

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Claro que não fiz só. Contei com amigos, que me receberam, contei com colegas que me auxiliaram, contei com a compreensão de gestores. A todos espero ter retribuído de forma satisfatória, à altura da confiança que me deram, durante esses 365 dias de firma. Ainda não sei se tem tom pejorativo, mas pouco importa, neste último ano, virei Gazeteiro. E, para comemorar, um lanche, por favor!

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