O Brasil revela enorme descompasso em índices que buscam avaliar valores e atributos de seu povo. Por mais que cada nação tenha (ou deva ter) o direito de eleger as suas prioridades, no mundo globalizado não se pode fugir de comparações. Ninguém mais vive isolado (isso se alguma vez alguém viveu). Justamente por tal interação, poderíamos aprender com quem já resolveu ou solucionou demandas nas quais ainda engatinhamos.
Um ponto do qual não temos como desviar é a qualidade de vida: só podemos saber se vivemos bem ou se nossas necessidades estão sendo atendidas se repararmos como outras regiões conduzem sua rotina nas mesmas áreas. Então acabaremos por ver que o Brasil falha feio em aspectos essenciais nos quais outros países, não necessariamente ricos (até pelo contrário), já se resolveram. Basta ver o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): o Brasil amarga um constrangedor 79º lugar em âmbito global.
É calamitoso para uma nação que se diz uma grande economia (o que já nem é verdade). Estudo da Austin Rating, que leva em conta o PIB de 2017, situa o Brasil em último lugar entre 45 países em termos de crescimento. Em competitividade, é o 80º entre 137. Mas talvez o mais grave seja a educação. Na avaliação dos estudantes, beira o colapso: 59º em leitura, 63º em ciências e 66º em matemática, entre 70 avaliados.
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Como podemos ter esperança de “apreender ou calcular” a realidade se os futuros tomadores de decisão, que hoje ocupam bancos escolares, mostram-se mal-preparados? Podemos, como por vezes ocorre, duvidar da validade de rankings ou de parâmetros usados. Mas isso não altera em nada a distância que nos separa dos primeiros nas estatísticas. E, cá entre nós, o ponto de comparação devem ser os que estão bem, e não os que estão pior.
Haverá área na qual o Brasil se destaca? (Bem, é 6º no ranking da violência, e o 11º mais inseguro). Há: em tempo de permanência diária na internet. Estudo da rotina educacional aponta que os estudantes brasileiros são vice-campeões mundiais entre os que mais ficam na internet quando não estão na escola. Se tropeçam em áreas fundamentais para a vida (leitura, ciências, matemática), nas que são sinônimo de perda de tempo batem um bolão.
Os jovens na faixa até 15 anos passam mais de três horas por dia na rede. Só perdem para os do Chile. Esse uso intensivo da internet está diretamente relacionado a dispersão, sedentarismo e depressão. E o País ainda é o terceiro no ranking de nações cuja população fica mais tempo conectada na internet ao celular. O curioso é que a maioria dos países que não aparecem nas primeiras posições no ranking de usuários de internet são, justamente, os de melhor desempenho em desenvolvimento humano. Não se teria aí assunto suficiente para muita reflexão de parte de educadores e tomadores de decisão públicos e privados? É de crer que sim. Isso se não estiverem também ocupados demais acessando a internet, claro.
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