Companhias ilimitadas

Nos últimos dias, o assunto dominante tem sido a provável união político-eleitoral do ex-presidente Lula (PT) com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, ex-PSDB e ora sem partido. Ambos de notórias e históricas diferenças pessoais e ideológicas. Ao longo dos seus mandatos presidenciais (2003-2006 e 2007-2010), Lula nunca teve preocupações ideológicas e seletivas tocante aos seus aliados de ocasião.

À época, a justificativa era a tal da governabilidade, e, lógico, a sempre inconfessa perspectiva de manutenção do poder. Aliás, desejo comum a todos os políticos e partidos. É do jogo. Agora, porém, as circunstâncias são outras. Logo, seriam razões e justificativas toleráveis face ao novo desafio, qual seja, enfrentar e derrotar o presidente Bolsonaro, tido pela oposição como um típico fascista, uma ameaça à democracia.

Parênteses. Em um próximo artigo escreverei sobre Bolsonaro, para além do que já registrei em outras ocasiões, antes e depois das eleições de 2018, quando prenunciei seu viés autoritário e sua ausência de empatia. Aliás, características agravadas no decurso da pandemia.

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Se a surpreendente aliança é palatável devido à presença de Lula, segmentos mais ideológicos da esquerda (leia-se setores do PT e os partidos aliados, PSOL e PCdB) não assimilaram a presença do conservador Alckmin. Porém, embora sempre ciosos do debate interno e da crítica ideológica, têm mantido um “discreto” silêncio em público.

Mas as divergências não se limitam aos mencionados partidos. Se Alckmin de fato vier a se filiar no PSB (Partido Socialista Brasileiro), como tudo indica, também nesse partido haverá controvérsias e prováveis cisões. E nem falei nos demais e desarticulados candidatos (Moro, Doria, etc…), entre tais o agora “desesperado” Ciro Gomes, todos garimpando uma hipótetica e improvável terceira via.

Entre hipóteses reais e cogitações típicas de véspera eleitoral, a verdade é que estamos acostumados com a artificialidade e a permissividade das alianças políticas, em desfavor dos interesses nacionais. E por que se renovam tais alianças? Porque somos um povo sem memória, tolerante e acostumado ao “deixa-disso”. Perdemos a noção e a razão de que deveria haver sempre uma relação de coerência entre os fins e os meios.

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Estamos nos tornando cínicos. Comportamo-nos como condenados a aceitar determinada realidade porque não podemos mudá-la. Sabemos que isto está errado e que não deve, nem deveria ser assim. A realidade deixou de ser um desafio e virou um destino!

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