É raro encontrar alguém que não tenha, pelo menos, um cartão de crédito na carteira, quando não dois ou até mais. Não demorou muito para que muitos desses usuários passassem a enfrentar um desafio repetitivo com data marcada: o dia do vencimento da fatura do cartão de crédito. No primeiro mês, para muitas pessoas a solução foi utilizar a possibilidade do pagamento mínimo, já previsto na própria fatura. Mas, no mês seguinte, além das compras normais, a fatura vem aumentada com o saldo anterior além dos juros do crédito rotativo, os mais caros do mercado. Está se criando uma bola de neve.
A partir de 3 de abril de 2017, por determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN), os bancos só podem permitir o pagamento de mínimo da fatura do cartão de crédito uma vez; 30 dias depois, se o consumidor não conseguir pagar a fatura vencida, o banco é obrigado a oferecer uma linha de crédito que financie o saldo devedor com juros menores do que os do rotativo. Essa regra foi criada com o objetivo de reduzir os juros e evitar o superendividamento.
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O que parece ser uma solução – parcelar o pagamento da fatura – pode ser o início de um grande problema. Reinaldo Domingos, criador da DSOP Educação Financeira e presidente da Abefin (Associação brasileira de educadores financeiros), além de outras iniciativas e atividades, num recente vídeo do Dinheiro à vista, mostrou que uma fatura real de cartão de crédito, no valor de R$ 4.604,92, já oferecia a possibilidade de pagar o valor em 24 parcelas de R$ 285,88, totalizando R$ 6.861,12. Os juros embutidos na operação são de 3,63% ao mês, bem menores que os do rotativo que podem ser por volta de 10% ao mês. Mesmo assim, no final do prazo o consumidor terá pago a metade do que devia em juros.
Para quem estivesse sem o dinheiro para pagar o total da fatura, no vencimento, seria um alívio porque, afinal, pagaria apenas R$ 285,88 naquele mês. O problema é que essa prestação vai ser incluída na fatura dos próximos 23 meses, somando-se às compras normais do mês.
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Apesar das mudanças promovidas pelo CMN, há mais de sete anos, dos alertas e recomendações de especialistas, os consumidores brasileiros ainda desconhecem o uso do rotativo do cartão de crédito como uma prática que leva ao endividamento. Muitos deles não se reconhecem como endividados. É provável que muitas pessoas entrem no parcelamento sem se dar conta disso.
Os elevados níveis de dívidas e até inadimplência (quando o consumidor não consegue pagar) mostram que esse tipo de facilidade está sendo usado de forma errada pelos consumidores. Daí o fato de o cartão de crédito ser o campeão nacional das dívidas dos brasileiros.
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Inutilizar o cartão ou colocá-lo no freezer para dificultar o seu uso evita novas dívidas, mas não resolve o problema de quem está com fatura vencida ou até inadimplente. Reinaldo Domingos, citado anteriormente, no vídeo Dívida do Cartão de Crédito, postado no canal do YouTube Dinheiro à vista, propõe 5 passos para superar dívidas com o cartão de crédito:
Além de facilitar os pagamentos, inclusive em várias parcelas – o que não deixa de ser um perigo, quando somado a outras prestações – e dispensar o uso de maior quantidade dinheiro, o cartão de crédito permite maior controle sobre os gastos e melhor gestão do orçamento, proporcionando também ganhos secundários, como programas de recompensas ou milhagens. Mas, é preciso saber que o cartão de crédito:
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Em contrapartida, os usuários do cartão de crédito precisam observar alguns cuidados:
Então, antes de mandar ver e usar o cartão de crédito na hora de pagar por alguma compra, afinal a sensação psicológica é diferente se tivesse que tirar dinheiro do bolso, é bom usar a cabeça no que uma boa educação financeira pode ajudar. Se não se sentir seguro de usar o cartão de crédito com parcimônia, talvez seja o caso de quebrá-lo antes que ele o “quebre” financeiramente.
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