Se no primeiro turno a disputa pelo governo gaúcho centrou-se em pautas econômicas regionais – como a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal e as privatizações –, o segundo turno que se iniciou oficialmente nessa segunda-feira, 3, pode, na visão de analistas, ser mais contaminado pelo debate nacional. A expectativa é por um enfrentamento mais duro entre Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB).
Líder folgado na votação de domingo e embalado pelo desempenho do bolsonarismo em todo o Brasil, Onyx larga com vantagem e tende a herdar votos que no primeiro turno foram para candidatos como Luis Carlos Heinze (PP) e Roberto Argenta (PSC). Já Leite, que chegou ao segundo turno com margem muito estreita sobre Edegar Pretto (PT), precisará dos votos da esquerda para tentar dar a virada.
LEIA TAMBÉM: Lula e Onyx vencem em mais municípios da região do Vale do Rio Pardo e Centro-Serra
Publicidade
Conforme o cientista político Paulo Moura, a tendência é que, após a inclinação conservadora verificada na votação de primeiro turno, Onyx aposte ainda mais no seu vínculo com Bolsonaro. “E o presidente, por sua vez, como a partir de agora terá palanque único no Estado, também estará mais livre para apoiar o ex-ministro”, observou. Na mesma linha, o cientista político e professor de Relações Internacionais Bruno Lima Rocha acredita que Onyx pode buscar vender algo semelhante ao “alinhamento das estrelas” preconizado por Tarso Genro (PT) em 2010.
No caso de Leite, uma das possibilidades, conforme Lima Rocha, é buscar associar Onyx aos aspectos mais controversos do bolsonarismo e adotar um discurso de defesa da democracia. “Talvez seja a única chance eleitoral concreta do Leite, posicionar o Onyx como um arenista e se colocar como um herdeiro do velho MDB de guerra ou algo parecido”, analisou. Isso, porém, enfrentaria resistência em setores mais conservadores do MDB.
LEIA TAMBÉM: Lula e Bolsonaro se dizem preparados para segundo turno
Publicidade
Outro aspecto decisivo para as pretensões de Leite será a capacidade de atrair o eleitorado petista. Segundo Lima Rocha, essa migração pode depender de “uma grande aliança nacional” entre PT, PSDB e MDB. Não está claro também se Leite está disposto a abrir palanque para Lula no Estado. Conforme Moura, qualquer movimento teria riscos: como vinha procurando se apresentar como alternativa à polarização, Leite pode se desgastar com os eleitores de centro em uma eventual aproximação com Lula e, ao mesmo tempo, encontrar dificuldade para avançar nos eleitores da esquerda se a aproximação não acontecer. “É problema para ele tanto se ligar ao Lula quanto não se ligar”, avaliou.
Ainda segundo Moura, tudo indica que ambos intensificarão a propaganda negativa, na tentativa de elevar a rejeição do adversário. Fatores como os casos de caixa dois em campanhas passadas de Onyx e a quebra da promessa de não concorrer à reeleição feita por Leite podem vir novamente à tona.
LEIA MAIS: Como Leite e Onyx reagiram à definição do segundo turno
Publicidade
Em entrevista coletiva nessa segunda-feira, 3, pela manhã, Eduardo Leite (PSDB) deixou livre o caminho para conversar com o PT, mas se esquivou de um posicionamento quanto à disputa nacional.
Questionado sobre uma eventual aproximação com o PT, Leite reconheceu possuir “muitas diferenças” com o partido, mas alegou nunca ter tratado o grupo “como um inimigo” e que isso permite o diálogo. Afirmou ainda que os petistas “parecem ser mais resistentes ao candidato que ficou em primeiro lugar”. O ex-governador também disse enxergar espaço para tentar apoio do PP e lembrou que o partido ocupou a liderança de governo na Assembleia Legislativa durante quase toda a gestão. Os progressistas devem se reunir nesta terça-feira, 4, para tratar do assunto, mas um apoio a Leite é pouco provável.
LEIA MAIS: Confira os deputados que vão compor a bancada gaúcha na Câmara
Publicidade
Sobre a disputa nacional, Leite afirmou que irá tomar posição, mas não sem antes discutir o assunto com os demais partidos. O tucano ainda voltou a criticar a polarização entre Lula e Bolsonaro, que disse não ser saudável ao Brasil. “Um é resultado do outro. Tanto Bolsonaro foi resultado de uma arrogância do petismo como o retorno de Lula tem a ver com as inúmeras falhas do governo Bolsonaro. E nenhum deles me parece ser a resposta para o país que eu quero construir”, disse.
Entre os aspectos que podem entrar nas negociações entre Leite e o PT, está um possível apoio do PSDB ao candidato ao governo paulista Fernando Haddad (PT).
LEIA TAMBÉM: “Método de pesquisas precisa mudar”, avalia diretor do Instituto Methodus
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Brigada Militar registra 49 ocorrências durante Operação Eleições 2022
LEIA TAMBÉM: Eleições 2022: confira os “famosos e figurões” que foram reeleitos e os que não conseguiram vaga
Desde as 17 horas dessa segunda-feira, 3, exatas 24 horas após o fechamento das urnas no primeiro turno, os candidatos estão autorizados a retomar os atos de campanha. Isso inclui, por exemplo, o uso de alto-falantes e amplificadores de som, comícios, caminhadas e carreatas, publicar anúncios na imprensa escrita e distribuir material gráfico. O horário eleitoral gratuito em TV e rádio retorna nesta sexta-feira, 7.
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
This website uses cookies.