Muito além de um aspecto relacionado à estética de uma casa, prédio ou construção comercial, a manutenção é sinônimo de segurança e durabilidade, além de contribuir para evitar a depreciação de qualquer edificação. Ficar atento a esse cuidado também é fundamental para preservar a vida útil do imóvel.
Diante de tamanha importância, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) dedicou atenção especial ao assunto e reeditou em 2012 a normativa 5674, que traz as principais informações técnicas relacionadas à manutenção das edificações no Brasil. O documento alerta que o processo de pensar uma construção não pode se resumir até o momento em que ela fica pronta e passa a ser utilizada.
O primeiro aspecto a ser observado é que uma casa ou prédio se diferenciam de outros produtos pelo fato de que precisarão atender os usuários durante muitos anos e que, ao longo deste tempo, requerem atenção para preservar suas condições e características. “É inviável, sob o ponto de vista econômico, e inaceitável, sob o ponto de vista ambiental, considerar as edificações como produtos descartáveis, passíveis da simples substituição”, alerta o documento. Da mesma forma, a NBR 5674 reforça que a manutenção não pode ser feita de modo improvisado, esporádico ou casual. Ela deve ser entendida como um serviço técnico realizado de modo programado, com um investimento na preservação do valor patrimonial.
São esses cuidados que vão contribuir para manter a vida útil da obra, aponta o engenheiro civil Lari Ertel, especialista em Engenharia Diagnóstica pela Universidade Paulista. Ele, que foi estudar o assunto com o objetivo de assegurar a durabilidade de suas obras, reforça que a norma da ABNT tem uma grande importância no cotidiano. Porém, reconhece que nem sempre o assunto recebe a atenção necessária. Por exemplo, a NBR indica que todos os edifícios residenciais devem possuir um plano de manutenção elaborado a partir do manual de uso ou por meio de um laudo de inspeção predial elaborado por um profissional de engenharia.
“A vida útil de uma construção, seja ela uma casa ou prédio, é de pelo menos 80 anos. Mas para isso, a manutenção é fundamental desde o primeiro ano”, ressalta. O planejamento desse cuidado é tão importante quanto os demais aspectos relacionados ao início da obra, incluindo o orçamento. Segundo Ertel, estima-se que por ano esse custo fique em torno de 1% do valor do imóvel. “Quando não se faz a manutenção preventiva, surge a necessidade de se realizar a correção dos problemas, o que acaba tendo um custo maior”, pondera.
A casa ou o edifício ficaram prontos. De uma hora para outra, nota-se uma fissura no reboco, uma mancha de mofo, uma bolha na pintura. Situações como essas são conhecidas da maioria das pessoas e reflexo de uma série de fatores que por vezes podem começar na execução e planejamento da obra. A qualidade dos materiais utilizados, como tijolos, impermeabilizantes e tintas e as técnicas empregadas também costumam interferir bastante na vida útil do imóvel, aponta o engenheiro.
Na lista de orientações apresentadas por Ertel, estão desde a limpeza das fachadas, passando pela pintura, verificação de calhas, vedações e impermeabilizações. Com o tempo, as variações climáticas e poluição também são fatores que podem representar riscos para a ocorrência de problemas. “Uma manutenção feita de acordo com as normas da ABNT é uma forma de preservar as condições do imóvel por mais tempo”, salienta.
O síndico de um condomínio ou conjunto residencial possui responsabilidades que envolvem a manutenção das edificações. O Código Civil brasileiro dedicou espaço especial ao assunto a partir dos artigos 1.347 e 1.348, prevendo responsabilização tanto pelos cuidados quanto pelos danos decorrentes diante da negligência. Naturalmente, cada situação precisará ser avaliada de modo individual, mas diante disso é possível compreender a importância do tema no cotidiano de todos.
Quando é necessário elaborar laudos relacionados às condições de um imóvel, é possível empregar a inspeção visual feita a partir da observação das características aparentes ou a investigação estrutural por meio de intervenções. A tecnologia também é aliada na hora de se verificar a existência de manifestações patológicas. Um recurso nesse sentido fica por conta das fotos feitas por meio de sensores que indicam alterações relacionadas à presença de umidade na parede ou revestimentos, o que pode ser indicativo de problemas maiores.
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