Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Denúncias

Como atuava o médium investigado em Venâncio Aires

Gestos invasivos, beijos forçados e convites para passar a noite teriam sido algumas das atitudes que levaram as frequentadoras de um centro espírita de Venâncio Aires a denunciar o médium de 64 anos que atendia no local. A casa, que funcionava no município há duas décadas, tornou-se alvo de investigação da Polícia Civil no mês passado, quando as mulheres procuraram a delegacia para relatar a forma como o homem estaria se comportando durante os atendimentos. Ao longo da apuração dos fatos, a polícia levantou ainda a suspeita de que ele estaria executando procedimentos médicos ilegalmente, o que será verificado no curso da investigação.

“O que essas vítimas nos relataram é que durante os atendimentos o médium passava a mão nelas, tentava beijar e se esfregava. Nenhuma delas relatou algo ainda mais grave, como um estupro, por isso ele está sendo investigado por importunação sexual”, explica o delegado Felipe Staub Cano. As atitudes, de acordo com o delegado, ocorriam enquanto o médium afirmava estar se comunicando com espíritos. “Ele ia tocando essas mulheres e perguntando (aos espíritos): ‘e se eu encostar aqui, o que acontece? E se eu mexer aqui?’”, detalhou.

Conforme o delegado, as vítimas teriam cerca de 30 anos e frequentaram o local mais de uma vez. Além dos gestos invasivos, elas também denunciaram ter recebido convites para realizar “trabalhos” à noite no centro espírita. Embora apenas três pessoas tenham registrado queixa oficialmente, a polícia já ouviu uma série de outras vítimas informalmente. “Elas têm medo de prestar depoimento, por vergonha e por medo de gerar algum constrangimento na própria família.”

Voluntários do centro espírita também estão sendo ouvidos pela polícia, que já localizou pelo menos duas pessoas que também atuavam na casa. O delegado Felipe Cano não soube precisar há quanto tempo o médium atendia em Venâncio Aires, mas afirmou que o centro já teve outros responsáveis antes dele. “Ele estava atendendo ali há um bom tempo, sempre nas segundas e terças. Essas outras pessoas, a princípio, não fariam o mesmo que ele, mas de alguma forma podiam estar sendo coniventes, se sabiam o que ele fazia”, comentou. O próximo passo da investigação, segundo o delegado, é localizar mais vítimas que falem oficialmente. O nome do suspeito é mantido em sigilo pela polícia.

Publicidade

Delegado Cano: busca por outras vítimas. Lula Helfer

Homem é suspeito de fazer até incisões
Em uma das etapas da investigação, nessa segunda-feira, 11, a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão no centro espírita. Antes disso, no entanto, os funcionários já haviam removido a placa que identificava o local e desmontado boa parte da estrutura. “Isso aconteceu na sexta-feira passada, mas quando chegamos na segunda para cumprir o mandado, o médium estava lá”, contou o delegado Felipe Staub Cano. Na casa foram encontrados diversos medicamentos e utensílios médicos, como, por exemplo, kits de sutura, remédios de uso restrito a hospitais, analgésicos, anestésicos injetáveis e seringas.

Conforme o delegado, cerca de 300 seringas e 300 caixas de medicamentos foram apreendidas. A suspeita da polícia é de que o homem realizaria as chamadas cirurgias mediúnicas, com pequenos cortes e incisões. A presença de anestésicos poderia explicar por que os “pacientes” afirmam não sentir dor ao passar por esse tipo de tratamento. “Ainda não há nenhum indício disso, mas ficamos temerosos de saber que, além das suspeitas de importunação sexual, o acusado tinha acesso a esse tipo de medicamento. Afinal, unindo os dois elementos, é possível chegar na hipótese de estupro de vulnerável, com a vítima anestesiada, por exemplo”, comentou o delegado.

Polícia cumpriu mandado de busca no centro espírita e encontrou vários medicamentos

Silêncio
O médium foi chamado para depor na delegacia de Venâncio Aires e compareceu na presença de um advogado. Ele foi questionado sobre as denúncias, mas preferiu manter-se em silêncio. De acordo com o delegado, ainda não houve um pedido de prisão preventiva porque o suspeito não apresenta perigo à sociedade nem está atrapalhando a investigação. “Mas não descartamos a possibilidade de solicitar uma medida nesse sentido se for necessário.”

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.