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FORA DE PAUTA

Como aprendi a amar os rituais

Minha mãe ama os rituais das datas. Quando eu era criança, o período que antecedia a Páscoa era de juntar as cascas de ovos. Na hora de quebrá-las para usar o ingrediente em alguma receita, muita técnica, afinal, é preciso deixar um furo apenas. Então vinha o momento de pintá-las. Minhas habilidades artísticas nunca foram as melhores, mas focava no processo. Nos reuníamos na mesa redonda e, com pincéis e muita cor, decorávamos as casquinhas. Guardo uma foto de uma tarde assim, em que eu e minhas duas irmãs dividíamos a tarefa. Calculo que eu tivesse uns 4 anos e elas 10 e 14. Eu exibia meu maior sorriso, já a feição da minha irmã mais velha, adolescente, talvez não fosse a mais simpática. Depois, as casquinhas eram recheadas com cri-cri.

Outra tradição lá em casa, no Domingo de Páscoa, era a caça aos ninhos. Com pátio grande, a coelha Regia se puxava. Arbustos próximos só para a primeira infância. Depois, era cada um por si nas buscas. Sem dicas, tinha que se virar mesmo – até porque lá em casa a matriarca nunca nos “poupou” nos jogos. Meus sobrinhos podem confirmar que nada mudou de lá para cá, quando é hora do carteado ou de jogos de tabuleiro. Quando passava alguém na frente de casa e ainda procurávamos pelos desejados ovos de chocolate, a mãe dizia em alto e bom som: “Eles estão procurando os ninhos”. Ela, feliz da vida. Quando chegaram os meus 14 anos, era eu que já demonstrava a tradicional cara fechada da adolescência.

Se na Páscoa já era assim, o que dizer sobre o Natal? Sempre foi o ápice das datas comemorativas lá em casa. Início de advento, pinheiro montado com a ajuda dos filhos. Ao som, claro, do CD da Simone – “Então é Natal, e o que você fez?” ecoava pela sala. Montar a árvore era legal por toda a expectativa com a data. Desmontar (sempre depois de 6 de janeiro) já não era das melhores atividades. Em 6 de dezembro, Dia de São Nicolau, era momento de escrever a cartinha para o bom velhinho falando sobre algum desejo de presente. O papel enrolado ficava dentro de um calçado, colocado na janela do quarto. Na manhã seguinte, ao acordar, a carta já tinha sido levada, mas dentro do tênis tinha um chocolate. Bom sinal.

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Até hoje, na véspera do Natal, a Simone canta novamente pela casa. A cozinha começa a cheirar cedo, afinal, o preparo da ceia leva algum tempo. Devo admitir que 24 de dezembro nunca foi de tranquilidade lá em casa. O chester no forno, a farofa em preparo, a cassata no freezer, as crianças de banho tomado, a mesa impecável e a família numerosa dão algum trabalho. O humor pode oscilar ao longo da noite, mas isso já é esperado e vira piada. O sino toca e magicamente surgem pacotes no pé do pinheiro. Mas antes, claro, momento de cantar “Noite feliz”. Depois já tratamos de deixar tudo minimamente em ordem mais uma vez, pois sempre pode haver alguma visita. Praticamente uma maratona natalina, mas sempre cheia de afeto. Definitivamente, minha mãe ama os rituais das datas. E eu também.

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