O varejo brasileiro teve seu pior primeiro semestre em 12 anos. O resultado pode ser atribuído à folga menor no orçamento das famílias, à oferta mais restrita de crédito ou, até mesmo, ao desânimo do consumidor. De janeiro a junho, as vendas do comércio varejista tiveram queda de 2,2% na comparação ao mesmo período do ano passado. É o pior resultado desde o primeiro semestre de 2003 (5,7%). Os dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira, 12.
Naquele ano, o varejo ainda refletia as incertezas de um primeiro governo Lula. A inflação pressionou os preços e levou as famílias a cortar parte do consumo, especialmente de supérfluos. Os valores ficam em linha com a expectativa da agência internacional Bloomberg, que previa queda de 0,4% nas vendas em junho comparadas com as de maio e de 2,9% em junho comparado com o mesmo mês do ano anterior.
Na passagem de maio para junho, as vendas do varejo tiveram queda de 0,4% pela série com ajuste sazonal, que “corrige” as diferenças de cada mês, como o número de dias úteis. Foi a quinta queda consecutiva. Na comparação ao mesmo mês do ano passado, as perdas das vendas foram mais intensas, de 2,7%.
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Em 12 meses, as vendas encolhem 0,8%. É o pior resultado desde o período encerrado em fevereiro de 2004 (-2,4%), pouco antes de entrar numa sequência de 133 meses de alta nessa base de comparação. O IBGE também calcula as vendas do comércio varejista ampliado, que inclui dois setores que tem parte de suas vendas no atacado: o automotivo e de construção civil.
Pelo varejo ampliado, a queda foi de 0,8% na passagem de maio para junho. Frente ao mesmo período do ano passado, o setor teve uma queda ainda maior, de 3,5%. Com isso, as vendas do comércio varejista ampliado fecharam o primeiro semestre com baixa de 6,4%. O setor automotivo é um dos que mais sofrem com a queda de vendas e estoques altos. As montadores têm enfrentado o momento com férias coletivas, suspensão de contratos de trabalho e mesmo demissões.
A queda das vendas do varejo deve afetar o resultado do consumo das famílias no Produto Interno Bruto (PIB), a ser divulgado pelo IBGE no próximo dia 28. Na visão dos economistas, os próximos meses tendem a ser meses difíceis para o setor, especialmente quando se olha para datas comemorativas.
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O comércio se queixa que as vendas do Dia dos Pais, entre julho e agosto, foram ruins. Segundo a FecomercioSP, a queda foi de 4,5% frente ao ano passado. Outras datas consideradas importantes para as vendas do setor também decepcionaram neste ano, como Dia das Mães, a Páscoa e o Dia dos Namorados.
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