O início dos pagamentos do novo auxílio emergencial pelo governo federal é motivo de otimismo para os empresários santa-cruzenses. Ainda que os valores e a duração sejam inferiores aos do ano passado, quando a ajuda alcançava até R$ 600,00, a injeção de dinheiro na economia anima os lojistas, que buscam a retomada dos negócios após um período de 23 dias de portas fechadas. Os economistas, contudo, pedem cautela.
Com parcelas que variam de R$ 150,00 a R$ 375,00 conforme os critérios estabelecidos pelo Ministério da Economia, o valor médio do novo auxílio emergencial ficou em R$ 250,00. A duração máxima será de quatro meses. No município, 18,8 mil pessoas estavam na lista em dezembro e, dessa forma, estão aptas a receber. Segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Cruz do Sul, Ricardo Bartz, toda ajuda é bem-vinda neste momento.
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“Com certeza, qualquer valor injetado na economia neste momento acaba, de alguma forma, vindo um pouco para o consumo. Por mais que tenham contas para pagar, as pessoas acabam consumindo algo”, afirma. Bartz ressalta as campanhas organizadas pela CDL para incentivar os negócios locais, de maneira que o dinheiro permaneça em Santa Cruz. “Esse valor, vindo para as mãos de pessoas do município, de alguma forma será gasto aqui. Seja para pagar uma conta ou comprar algo novo”, completa. Mesmo que os beneficiados pelo auxílio optem por pagar débitos em atraso, isso também favorece o comércio.
Contrastando com o otimismo dos lojistas, o economista e professor Sílvio Arend acredita que o impacto na economia será expressivamente menor do que em 2020, considerando a redução do valor e do tempo de pagamento, bem como o número menor de beneficiados. “Isso limita muito o alcance desse auxílio, tanto para as necessidades das famílias como para movimentar, ao menos minimamente, a economia”, argumenta. Ao comparar o atual contexto com o do ano passado, Arend diz que ele está “significativamente mais difícil” e, dessa forma, é complicado projetar como será a recuperação da economia.
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Auxílio estadual é considerado “insuficiente”
Na semana passada, o governador Eduardo Leite anunciou a liberação de R$ 130 milhões para a criação de um auxílio emergencial aos empresários e trabalhadores dos setores de alimentação e hospedagem. De acordo com a proposta, que ainda precisa ser votada pela Assembleia Legislativa, os valores são de R$ 1 mil para empreendimentos que integram o Simples Gaúcho e R$ 400,00 para microempreendedor individual (MEI), ambos pagos por dois meses.
Conforme o presidente da Associação de Bares, Restaurantes e Similares de Santa Cruz do Sul (Abrescs), Roberto do Nascimento e Silva, o auxílio é insignificante considerando os custos de operação. “Na verdade, esse valor não ajuda em nada para uma empresa que tem um custo fixo alto, que tem uma folha de pagamento de no mínimo dez ou 12 pessoas”, afirma. Ele ressalta que o setor vem sofrendo com as restrições desde o início da pandemia, mesmo cumprindo todos os protocolos sanitários.
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“Nós sabemos da gravidade da situação, mas todos já chegaram ao seu limite. As empresas irão fechar e funcionários vão ser demitidos se não forem criadas políticas públicas que auxiliem na retomada do segmento”, diz Roberto. Ele acrescentando que, junto com os setores cultural e de eventos, os bares e restaurantes noturnos são os mais atingidos pela pandemia. Apesar dos protestos dos empresários do ramo, o governo do Estado decidiu manter as atividades noturnas suspensas até, pelo menos, o dia 4 de abril.
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