O comércio de Santa Cruz do Sul não se destaca somente pela diversidade, mas principalmente pelas pessoas que estão à sua frente. São esses trabalhadores que, comprometidos em bem atender, acolhem quem chega para comprar e ajudam a movimentar a economia local. A categoria, aliás, reforçou a sua importância durante a pandemia de Covid-19, pois se manteve tão ativa quanto os profissionais de áreas consideradas essenciais. Para reconhecer esse trabalho e mostrar “a cara” de quem atende diariamente ao público, a Gazeta do Sul conta a história de três comerciários, cujas vidas têm como marca uma trajetória de dedicação.
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Noeli Knod tem 57 anos e há 43 trabalha no comércio de Santa Cruz. Aposentada há uma década, ela ainda lembra a data da sua primeira contratação: 7 de fevereiro de 1979. Com 12 anos na época, iniciou a vida no comércio como passadeira de um ateliê de costura que fornecia roupas prontas para as demais lojas. Essa experiência durou três meses.
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No segundo emprego, de vendedora em uma loja de confecções, permaneceu por sete anos. A mesma função, dessa vez nos setores de móveis e de bazar, foi desempenhada por mais dez anos em outra empresa, igualmente extinta. Depois disso, outros nove meses, em uma quarta empresa, somaram-se à sua experiência em vendas.
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Para carimbar em definitivo a função no comércio, Noeli comemora atualmente 25 anos de trabalho prestado para o seu quinto empregador, uma loja de eletrodomésticos da Marechal Floriano. Contratada em 10 de outubro de 1997, quando da inauguração do estabelecimento, ela atende todos os setores e também desempenha a função de subgerente.
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Ao falar sobre essa jornada, Noeli frisa que seu atendimento sempre foi baseado na sinceridade e que faz o possível para as pessoas ficarem satisfeitas com a compra. “Eu vendo aquilo que compraria pra mim”, explica, ressaltando que sempre tenta demonstrar aos clientes o custo-benefício de cada produto ou marca.
Ao longo dessas mais de quatro décadas, ela garante que nunca pensou em ter outra ocupação. “Não me vejo fazendo outra coisa. Sou muito comunicativa e me faz falta esse contato com o público. É o que eu gosto e o que eu sei fazer”, relata, salientando que a relação com os clientes não se limita às vendas. “Não somos somente vendedores. O cliente também quer a nossa atenção.”
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Olhando pra trás, Noeli cita as mudanças na composição do comércio local e também a dedicação ao emprego. “Aos 12 anos, eu trabalhava durante o dia e estudava à noite. Eu chegava em casa, de volta da escola, perto das 23 horas e às 6h21 já começava a trabalhar na manhã seguinte. Era outra realidade. Naquele tempo, a gente tinha a carteira assinada nessa idade”, explica.
Em férias até esta terça-feira, 2, ela confessa que é comum receber mensagens dos clientes nesse período. “Há alguns que preferem esperar eu retornar das férias para só então ir na loja comprar e também tem aqueles que vão direto comprar comigo, mesmo que tenha escala entre os demais colegas vendedores”, conta.
Jocimar Lacerda da Silva tem 50 anos e há 37 trabalha no comércio de Santa Cruz. Sua primeira contratação foi aos 13 anos, como empacotador e, posteriormente, auxiliar nos setores de fiambreria e de hortifrúti em um supermercado. A carteira de trabalho foi assinada em 12 de dezembro de 1986. Nesse local, permaneceu por um ano e meio. Logo depois ingressou no setor de lojas, tendo sua segunda experiência como comerciário pelo período de quatro anos. Atuou nos setores de depósito, onde fazia a separação de sapatos e bolsas, e foi promovido a vendedor.
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Em meados de 1993 foi trabalhar em uma loja de eletrodomésticos, para a qual prestou serviços por 26 anos – dos quais sete foram dedicados à gerência de uma filial no município de Candelária. Com o fechamento de algumas unidades dessa empresa, preferiu empreender e abrir sua própria loja, na qual mantinha a venda física e online de produtos diversos. Mesmo tendo recebido o convite para migrar para filiais em outras cidades, quis fazer a experiência de ter o seu negócio. No entanto, a aposta foi prejudicada pela pandemia de Covid-19. Jocimar precisou fechar as portas e voltar para Santa Cruz.
No decorrer dos últimos anos, ele passou por outras três lojas de varejo em Santa Cruz do Sul. Na mais recente está trabalhando, também como vendedor, desde janeiro deste ano. Da mesma forma, assegura que não se imagina fazendo outra coisa. O diferencial de sucesso de seu trabalho é resumido em poucas palavras. “É tratar as pessoas do modo como eu gostaria de ser tratado e ser resiliente diante das adversidades que surgem no dia a dia”, considera.
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Ao analisar o que faz, Jocimar igualmente é breve ao dizer que trabalha realizando os sonhos das pessoas. Nesse período dedicado à profissão, prefere enaltecer as vantagens. “A gente tem a possibilidade de fazer o próprio salário”, comenta, ao explicar que as vendas comissionadas permitem aumentar a remuneração e também servem como um ponto motivador. O contato com o público é incentivo que avalia ser importante para seguir na atividade.
Gisele da Silva Santos, 30 anos, é natural de Rio Pardo. Nos últimos oito anos e meio, vem diariamente a Santa Cruz do Sul para trabalhar em um supermercado. Mãe de dois filhos (Kauany, de 11 anos, e Dérick, de 9) e à espera do terceiro (Murilo, que tem previsão de nascer no fim deste mês), sua lida diária inicia-se por volta das 6h30 da manhã.
Depois de organizar a rotina da casa e dos filhos, ela enfrenta o tempo de viagem de ônibus entre Rio Pardo e Santa Cruz para só então desenvolver suas atividades, que cessam por volta 18 horas, quando retorna para casa. Isso ocorre de segunda a sábado. Aos domingos, faz as viagens de carro. Ela conta que o primeiro emprego foi aos 17 anos, como atendente de padaria e lancheria.
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Depois trabalhou para uma loja de acessórios, que a contratava de forma temporária em datas comemorativas, o que exigia uma demanda maior de funcionários. Começou a atuar no comércio de Santa Cruz em outubro de 2014, fazendo degustações de produtos. Dois meses depois surgiu oportunidade para o setor de fiambreria, no atendimento ao público, e ainda uma promoção como padeira. Hoje desenvolve a função de caixa, por causa da gravidez.
Para Gisele, o trabalho no comércio abre muitas portas em razão do contato com o público. “A gente se acostuma com as pessoas porque são clientes, que vemos praticamente todos os dias”, comenta. Na sua avaliação, o segredo de se manter nessa atividade consiste no bom atendimento aos consumidores.
“É preciso atender bem para que eles voltem. A gente precisa deles. Se não tiver eles, não tem emprego e a gente precisa trabalhar”, avalia. Assim como ela, muitas pessoas (inclusive seus familiares) vêm de Rio Pardo para trabalhar em Santa Cruz do Sul. Uma delas é o seu marido, Giovani, que atua no comércio santa-cruzense há 12 anos.
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Entre os diferenciais que procura oferecer, Gisele cita a comunicação e a empatia. “Saber se colocar no lugar de quem está buscando o atendimento é fundamental e faz toda a diferença. É preciso exercitar isso para se manter no comércio”, completa.
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