O Carnaval está indo para as cinzas, apesar de que inúmeros eventos o deixarão vivo por mais uns dois meses com as inventivas edições fora de época. Hoje, perde força aquela ideia antes corrente de que o Brasil só começa após os festejos de Momo. É certo que muitas pessoas entram em férias nos meses de janeiro e fevereiro, mas os sinais de que o país para são bem menores. O impacto da redução do movimento se deve em grande parte às férias escolares e acadêmicas, que já chegaram ou estão chegando ao fim. Quero, por isso, ater-me especialmente à volta às aulas.
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Deparar-se com o retorno nem sempre traz só alegria. A paz das férias, aliás, bem cedo começa a ser cutucada com a propaganda e as notícias sobre material escolar. Muito tempo antes aos envolvidos é lembrado que os cadernos de oito matérias, lápis de cor, borracha, mochila, uniforme, tudo está à disposição. A imprensa se ocupa bastante com a comparação dos preços com os do ano anterior, em regra apontando para assustadoras diferenças.
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A readaptação ao novo momento exige, sim, pequenas renúncias. Deixar para trás o descompromisso, o sono postergado, a dormida prolongada, a ausência de tarefas escolares, os passeios, as festas, trocar tudo isso por deveres demarcados e intransferíveis não se constitui em tarefa simples para a maioria. Às vezes, a isca dos pais e da escola não funciona. “Vai ser ótimo rever os colegas, ou conhecer colegas novos, abraçar os professores, ver a pintura nova das salas, conhecer a moderna sala de informática” e tantos apelos mais são insuficientes num primeiro momento. Enquanto pais e professores olham para frente, principalmente jovens e adolescentes olham para trás, esperando passar o luto desse tempo tão feliz que ora chega ao fim.
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Se fosse possível, muitos deles gostariam de nem ir à escola. É a hora da ação educadora dos pais ou responsáveis, a quem cabe, em primeiro lugar, mostrar a relevância de estudar, de fazer partilhas com colegas e professores, de socializar a vida com suas alegrias e seus dissabores. É imperativo esclarecer que a ausência de estudo certamente desenha maiores dificuldades para o futuro. Estudar ajuda a remover obstáculos que possam atravancar caminhos.
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Aos professores cabe também grande parcela de participação. Compreender os eventuais desconfortos, perceber tristezas, flagrar dificuldades, antecipar-se a conflitos, selar pactos de confiança e amizade, tantas ações mais que tornem a escola um espaço de bem-estar e até de felicidade. É fundamental que os professores entendam o seu lugar, dominando a sua área de formação, mas conectando-a com outros saberes e, acima de tudo, enfatizando o sentido do que se estuda para a vida presente e futura de seus alunos. Por que estudar Português, Biologia, História, Matemática é importante? Como isso faz ou fará parte da vida? Cada aula deve ser tão boa, que, ao término, o aluno já saia com desejo da próxima.
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Como aprendemos na rica passagem do Eclesiastes, há um tempo para tudo na vida, cada momento é único e merece ser vivido intensamente. Se transferimos, se postergamos o que fazer agora, viver agora, no presente, será oportunidade desperdiçada e irreversível. Quantas pessoas só foram entender o valioso tempo de escola ou da universidade depois que este ficou para trás! Que o ano seja tão bom, que as próximas férias se constituam grande recompensa.
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