Combate ao mercado ilegal exige redução dos tributos

A diminuição da venda de cigarros contrabandeados em 2020 sugere que, com preços mais competitivos, os consumidores dão preferência a marcas conhecidas e seguras no mercado. Uma pesquisa Ibope identificou queda de 8% de participação do mercado ilegal no ano passado. Isso se deve, principalmente, ao aumento do preço do dólar, impulsionado pela pandemia, que elevou o preço do cigarro ilegal e contrabandeado de países vizinhos, como o Paraguai. Mesmo assim, segundo o Ibope, o produto ilegal ainda corresponde a 49% do total de cigarros vendidos.

A pesquisa que identificou a mudança no perfil de compras dos consumidores de cigarro foi encomendada pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) e desenha um cenário que aponta para a necessidade urgente de mudanças nas políticas de preços e impostos sobre esse tipo de produto. Dentre as empresas do setor, a multinacional Japan Tobacco International (JTI) defende a isonomia de impostos e alíquota progressiva sobre o preço, como forma de manter os valores entre os cigarros legais e ilegais mais próximos.

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“O cenário demonstra que o consumidor está disposto a pagar pelo cigarro legal. Hoje ele compra o ilegal só porque este é muito mais barato e de fácil acesso. Com o consumidor comprando cigarro legal, em que incide imposto, o governo ganha em arrecadação”, afirma Flavio Goulart, diretor de Assuntos Corporativos e Comunicação da JTI no Brasil.

Para a empresa, a reforma tributária em discussão no Congresso deve buscar uma estratégia mais assertiva no combate ao mercado ilegal de cigarros. A reforma prevê a criação de uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e um Imposto Seletivo (IS), em substituição aos tributos que existem hoje (ICMS, PIS/Cofins, IPI e ISSQN). A JTI defende a isonomia da CBS, ou seja, a incidência de um mesmo percentual em todos os bens e serviços da lista, possibilitando preços mais competitivos ao consumidor em relação ao produto de contrabando.

Arrecadação aumenta quando o contrabando vende menos

A pesquisa Ibope revelou dados que confirmam a urgência de uma reforma tributária mais equilibrada para a cobrança de impostos sobre os cigarros. O custo médio do cigarro ilegal, que antes era de R$ 3,44, passou para R$ 4,44 em 2020. Essa elevação de preços aproximou o valor do produto ilegal ao do legal. Com a preferência dos consumidores em adquirir marcas legalizadas e avaliadas por órgãos competentes, como a Anvisa, o Brasil aumentou a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados de Fumo (IPI Fumo) em 6,8%, fechando uma arrecadação de R$13,5 bilhões. Isso representa R$ 393 milhões que serão investidos na população e elevou a arrecadação total à maior cifra desde 2017.

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Hoje o preço do cigarro nacional é, em média, de R$ 7,46. Pelo menos 71% é composto por carga tributária. Os tributos que incidem no preço são o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS (30%); Imposto sobre Produtos Industrializados, o IPI (30%); e Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público, PIS/Pasep (11%), junto com a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins). O preço mínimo da carteira de cigarros é de R$ 5,00. “No Estado de São Paulo, por exemplo, uma carteira de cigarros de R$ 12,00 tem 65,97% do seu preço formado por impostos, contra 82,8% do preço de uma carteira de R$ 5,00. Isso faz com que pessoas de menor poder aquisitivo paguem proporcionalmente mais tributos”, observa Goulart.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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