A arena a céu aberto do Forno de Cal – próximo à Praia dos Ingazeiros, em Rio Pardo – voltou a ser palco da tradicional encenação da Paixão de Cristo na noite dessa sexta-feira, 18. Fiéis lotaram o local para assistir ao espetáculo, que durou cerca de duas horas.
Na plateia estavam Janilson Luiz Gomes, de 50 anos, e a esposa Ana Lúcia Silveira Gomes, 46. Todos os anos, o casal marca presença na programação da Semana Santa. “É um momento de renovação da fé”, diz Ana. Os dois afirmam que a ressurreição sempre é o momento mais marcante. “A produção é fantástica e está sempre se renovando e se superando a cada ano”, avalia Janilson.
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O ator e diretor Dmitri Rodrigues é responsável pela produção desde 2014 e tem a tarefa de coordenar as equipes e o elenco formado por cerca de 80 pessoas. Segundo ele, novas cenas foram criadas e outras retiradas para aperfeiçoar a dinâmica da apresentação, no intuito de melhorar o ritmo e torná-lo mais tenso e mais atual.
“Cálice” é uma das novas passagens e evidenciou que, neste ano, as mulheres ganharam importância na encenação. “Ela destaca que os homens fazem o que querem, que mandam em tudo e desprezam as mulheres. Eu acho que é uma discussão muito interessante sobre o quão presente é na nossa sociedade essa misoginia. Eu acho que a presença das mulheres é o grande diferencial. É um espetáculo que não é mais só feito por homens”, destacou Rodrigues.

A atriz Betânia Rodrigues, de 33 anos, que interpreta Maria Madalena, ressaltou que a abordagem pode inspirar o público feminino. Para a rio-pardense, que hoje vive em Porto Alegre, a apresentação local se diferencia justamente por contextualizar a história aos principais temas da atualidade.
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“O papel de Madalena é muito potente. É uma personagem completa, com momentos marcantes como aquele em que perdoa Judas, a união com os apóstolos e outros que a mostram como uma líder. É uma mensagem muito poderosa”, afirmou a atriz, que viveu a personagem pelo segundo ano consecutivo.

Responsável por interpretar Jesus, Eduardo Ezequiel Antunes Sosa, 31, admitiu que uma das cenas mais marcantes envolve o momento em que Cristo está morto nos braços de Maria. A cena o fez lembrar da estátua Pietà de Michelangelo, localizada na Basílica de São Pedro, no Vaticano. “Todas as vezes eu me comovo, é difícil não se emocionar”, revela o ator, que atua no papel há quatro anos consecutivos.
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Protagonismo feminino tem avançado ano a ano
A atriz e dramaturga Letícia Mendes teve o encargo de reescrever a Paixão de Cristo para a encenação deste ano. Segundo ela, o texto tem sido modificado há uma década para aumentar a presença feminina, que antes era muito limitada, pois muitos dos protagonistas eram homens.
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“Fizemos isso para que as mulheres também se tornem protagonistas dessa história, fazendo com que elas não sejam só acessórios. Elas não estão ali só para chorar, cada uma tem suas histórias e dramas. Em ‘Cálice’, por exemplo, falam sobre tudo que as mulheres sofrem, mas de uma temática mais atual”, explicou.
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Para Letícia, esse protagonismo feminismo é um dos grandes diferenciais da encenação de Rio Pardo em relação às demais. A dramaturgia, segundo ela, reforça a empatia e o afeto pelo outro, temas que Jesus buscava ensinar aos seus seguidores. “Também falamos de questões atuais, desde a fome até as guerras, além da necessidade de as pessoas se importarem umas com as outras. O que tentamos aqui é fazer com que elas se sensibilizem e contribuam para melhorar a vida do outro também.”
Procissão do Senhor Morto leva centenas para as ruas do Centro
Por Iuri Fardin
Antes da encenação da Paixão e Morte de Cristo, a Procissão do Senhor Morto levou centenas de pessoas às ruas da Cidade Histórica. Os participantes se reuniram na Praça Protásio Alves (Praça da Matriz) por volta das 17 horas e aguardaram o início da celebração, quando a imagem de Jesus Cristo saiu da Igreja Nossa Senhora do Rosário. Os fiéis percorreram as ruas do Centro – muitos deles descalços, mantendo a tradição de pagar promessas ou agradecer por bênçãos.
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