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Com queda no faturamento, restaurantes buscam se reinventar

Impactados fortemente pela pandemia do novo coronavírus, os proprietários de restaurantes do segmento comercial de self service de Santa Cruz do Sul buscam alternativas para driblar a situação diante das restrições de funcionamento. Com a liberação para operar apenas nos sistema à la carte, telentrega (delivery) ou por retirada no balcão, alguns estabelecimentos tiveram de se organizar rapidamente.

É o caso do Restaurante Thomas. Com perdas estimadas em 30%, o proprietário do estabelecimento, Erni Inácio Thomas, viu no mercado de comida congelada uma saída para evitar a crise econômica. Thomas explica que a adaptação foi necessária para manter o restaurante com as portas abertas. “No começo foi bem difícil, mas logo nos adequamos, e, com a proibição do uso do buffet, a comida congelada tem sido nosso carro-chefe. Uma coisa está cobrindo a outra, e estamos tendo bastante pedidos”, afirmou.

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Além da opção do cardápio do dia, o estabelecimento dispõe de 12 versões de pratos congelados, como feijoada, lentilha, sopa, mocotó, lasanhas e bife à parmegiana, entre outros. Os valores variam entre R$ 10,00 e R$ 28,00. Dos 200 almoços servidos antes da pandemia, houve uma redução para 60. No entanto, o número de marmitas chega a 160. Com o quadro de funcionários reduzido de 12 para 8 pessoas, a saída foi buscar a mão de obra familiar, como explica Thomas. “Estamos nos virando. Aqui o filho e a esposa também ajudam na cozinha e no atendimento”, frisou.

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COMPORTAMENTO

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O sócio-proprietário do Restaurante Centenário, Claudinei Cenci, esclareceu que o movimento caiu 70%. Entre as maiores dificuldades apontadas por ele está a questão do horário de atendimento, das 11 às 14 horas.“É muito difícil chegar à mesa de um cliente e ter de avisá-lo que às duas horas fecharemos e ele precisa se retirar. Nos finais de semana, é ainda pior, porque muitas pessoas têm o hábito de almoçar mais tarde”, disse. Antes da pandemia, o restaurante servia 250 almoços; agora são 70.

Atualmente, a equipe de trabalho é composta por 20 pessoas. Antes da pandemia, operava com 27 funcionários. Para evitar a proliferação do vírus, além do distanciamento de dois metros de cada mesa, talheres e pegadores são higienizados com álcool e embalados individualmente em sacos plásticos. O restaurante utiliza o papel parafinado sobre a mesa, e após a saída do cliente ele é trocado. Os condimentos compartilhados, como azeite de oliva, sal, vinagre e outros, são higienizados com maior frequência.

No Restaurante Le Chef, a situação não é muito diferente, com movimento reduzido também em 70%. O proprietário, Eugênio Paulo Baier, afirmou que a redução no consumo chega a 75%. Dos 600 almoços servidos diariamente, reduziu para 150. Outras 50 marmitas são entregues no balcão, pelo sistema de delivery. “O movimento está retornando aos poucos, mas não paga a despesa que temos. Alguns clientes têm bom senso, mas outros já chegam perguntando se vai demorar para montar o prato, e acabam desistindo” comentou Baier.

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O proprietário explicou que o sistema à la carte, diferente do buffet, exige bastante mão de obra. “Antes montávamos o buffet e era só o cliente se servir; era mais prático. Agora, temos de deslocar pessoas para montar os pratos”, disse. Os valores, tanto para consumir no local quanto para levar, custam R$ 18,00. Parte da entrega é feita por funcionários e o restante por um serviço terceirizado. Ele contou que, devido à crise, precisou dispensar cinco funcionários.

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Eugênio Paulo Baier, do Le Chef | Foto: Rafaelly Machado

Proprietário entende que poderia ter mais flexibilização

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O proprietário do Restaurante Comabem, Valdenir Correa, que, assim como os demais do ramo, enfrenta dificuldades para manter o negócio devido às medidas de prevenção ao coronavírus, acredita que algumas medidas de flexibilização poderiam ser avaliadas, como já existem em outras cidades. “A mão de obra diminuiu e a nossa situação econômica é quase inviável para atender às despesas. Temos consciência dos cuidados que devem ser tomados. Não quero, em hipótese alguma, que um cliente ou familiar venha a contrair a doença, mas precisamos trabalhar e nos manter”, disse. Segundo ele, a possibilidade de abrir o buffet e colocar funcionário para servir o cliente poderia ser alternativa operacional. Assim como o uso de luvas descartáveis pelos clientes durante o manuseio de alimentos junto ao buffet.

Uma reunião no sábado, 1°, entre membros do comitê emergencial e empresários do setor, discutiu as medidas de flexibilização impostas pelo Estado em regiões onde há a bandeira amarela. Na ocasião, a presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santa Cruz do Sul, Rosemari Hofmeister, e a procuradora-geral do Município, Trícia Schaidhauer, ouviram as reivindicações que estão em estudo no gabinete e que devem ser levadas ao Executivo nos próximos dias. No entanto, Rosemari esclareceu ontem que a bandeira amarela não libera o autoatendimento em buffet. “O pedido dos restaurantes é no sentido de o decreto municipal permitir o buffet sem autosserviço, previsto na bandeira amarela e portaria”, disse.

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