Os meses de junho e julho são os que apresentam maior demanda no Albergue de Santa Cruz do Sul. Nos últimos dias, com muitas nuances no clima, não foram registrados dias com temperaturas tão baixas. Assim, o número de acolhidos ainda não apresentou grande aumento. Porém, equipes da Assistência Social e da Saúde do Município saem às ruas para realizar abordagens sociais nas quais explicam como funciona o serviço na casa de passagem e levam a pessoa em situação de rua caso ela queira ir para o local. E nas quintas-feiras, uma equipe do Consultório de Rua participa da ação a fim de oferecer serviços básicos de saúde.
Antes de sair para a abordagem, porém, a equipe do albergue recebe a fila de pessoas que aguarda para entrar no local, às 19 horas. Após banho e jantar, cada um ocupa uma cama e deve sair às 7 horas do dia seguinte. Quando chove, no entanto, pode ficar mais tempo no espaço. Na quinta-feira, além desses procedimentos, quem optou por ser vacinado contra a Covid-19 recebeu a dose pela equipe do Consultório de Rua.
Na noite da última quinta-feira, a Gazeta do Sul acompanhou as abordagens com a diretora do Desenvolvimento Social, Priscila Froemming; a assistente social Jaqueline Domingues da Costa e o educador social Fábio Fagundes Oliveira. A equipe passou por cinco pontos que costumam ter pessoas dormindo, em praças e sob marquises de prédios. Das seis em situação de rua abordadas, apenas dois homens aceitaram ir passar a noite no albergue, onde recebem jantar e podem tomar um banho. Entretanto, antes de dar entrada na casa, os dois precisaram fazer desintoxicação em uma unidade de saúde, pois estavam embriagados. E uma das regras do albergue é não ter feito uso de drogas no dia e não estar sob efeito de álcool.
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Rede trabalha com diálogo e orientação
A assistente social Jaqueline explica que é preciso fazer um resgate familiar da pessoa em situação de rua. “É tentar recuperar o vínculo. Muitos deles estão aqui porque a família não aguentou a questão do uso de drogas, de bebida. O trabalho do serviço social é esse, que eles permaneçam aqui na casa de passagem por um período suficiente para poderem voltar para suas famílias ou então fazer um outro projeto de vida, conseguir um trabalho, refazer a documentação e morar sozinho quando não dá para voltar para a família.”
Ainda conforme a profissional, os homens e mulheres chegam em situações de vulnerabilidade social das mais variadas. “Eles elogiam muito a casa, a equipe e a alimentação. Mas para os que são usuários de alguma substância psicoativa é um caminho mais longo”, completa. Essas pessoas são atendidas pela rede de apoio e contam com serviços como o do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD).
A diretora do Desenvolvimento Social, Priscila Froemming, diz que a média de abrigados do albergue está entre 15 e 20 pessoas. “É uma questão de diálogo, por isso é importante ir a assistente social, para essa conversa, esse olhar técnico mesmo, de ver a possibilidade de inserir ele na rede. É importante a saúde e a assistência social estarem juntas, porque é uma situação que tem que ser trabalhada em conjunto.”
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Fábio Oliveira explica como o trabalho funciona. “O papel do educador social é instruir eles sobre a conduta dentro do albergue, sobre como se comportar, porque não podemos recebê-los embriagados, com substâncias psicoativas ou com objetos que possam ferir outra pessoa. Temos também que orientar sobre higiene e alimentação”, comenta. Além disso, na casa de passagem, a alimentação é balanceada por nutricionista.
Em busca de serviço
Por volta das 19 horas do mesmo dia, o albergue recebeu José Luis Batista, de 42 anos, que veio de Porto Alegre em busca de trabalho. Com seus equipamentos em mãos, o homem conta que era vendedor autônomo em uma distribuidora de queijo, mas com a pandemia, perdeu o emprego. “Passei 2020 procurando alternativas, tive depressão. Há anos eu morei no Uruguai e aprendi a limpar fachadas e vidros de lojas. Então faz um mês que faço isso, limpo fachadas e vitrines e faço revitalização de vitrines. Qualquer tipo de mancha – cimento, cola, adesivo, tinta – eu consigo tirar do vidro sem arranhar.” Para quem quiser contratar os serviços, o contato de José Luis é o (51) 98410 4024.
Consultório de rua
Como o próprio nome diz, o serviço é como um consultório médico ambulante. Conforme a enfermeira Sibele Erthal, as abordagens são intercaladas – em um dia é vista a necessidade, e no segundo momento, é combinado com as pessoas em situação de rua um retorno. “Em um primeiro momento vão os dois redutores e abordam. No outro dia vai a enfermeira, a médica e os dois redutores. A gente vai, vê qual a queixa, a médica examina, já fornece essa medicação,
porque muitos não têm documentos e o cartão SUS.” Na quinta-feira, o Consultório de Rua fez a vacinação contra a Covid. “Estamos fazendo a busca desses pacientes para aplicar a vacina. Começamos no albergue e depois fizemos em
alguns na rua”, completa Sibeli.
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Contatos:
A população pode ligar e informar onde se encontram pessoas em situação de rua.
– Albergue – (51) 3713 1942 – Abordagem – 153
– Secretaria de Desenvolvimento Social – (51) 3715 1895
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